Rendimento | A economia dependente

 

 

Bastou um vírus para mostrar a uma Nação o preço a pagar pelo desmantelamento do seu parque industrial; da sua frota pesqueira; das suas dinâmicas agrícolas; das suas dinâmicas comerciais; e tudo o mais que comprometeu a sua autonomia e independência.

A subjugação não pode ser sinónimo de solidariedade quando resulta no benefício de uns em prejuízo de outros. A subserviência não pode ser sinónimo de respeito por compromissos assumidos com um determinado objetivo que alterações nas dinâmicas políticas entretanto comprometeram.

Os acordos para a constituição da Comunidade Económica do Carvão e do Aço (CECA), Comunidade Económica Europeia (CEE) e União Europeia (UE), após as profundas alterações exaradas e ratificadas no Tratado de Lisboa, nada tem em comum e muito menos em consonância com o espírito dos acordos entre os intervenientes políticos aquando da constituição da CEE.

A ideia política dominante de então era a da social democracia socializante dos setores primários das economias envolvidas, convergindo em um projeto social abrangente. A coabitação entre o investimento público e o investimento privado centralizado em eixos transversais de desenvolvimento visavam uma Federação articulada em torno de um projeto de Europa Social. Tal não aconteceu por força das dinâmicas domocráticas que colocaram no poder nacional dos diversos países parceiros com enfoque para o eixo dominante, o eixo franco-alemão, interesses privados politicamente tidos por de centro-direita e que acabaram por resultar no referido Tratado de Lisboa.

Neste acordo, subjugação e a subserviência assumiram forma determinante ao ponto de um vírus conseguir pôr a nu as fragilidades de uma interdependência instituída como vontade política com reflexos na economia e, por intermédio desta, na vida das pessoas, onde as contradições sistémicas do modelo político e social são por demais evidentes.

Ou seja, a uniformização de diversos critérios até pode ser positiva num cenário de estabilidade política ideológica, mas também pode ser negativa quando essa estabilidade política e ideológica não existe; e que foi o que aconteceu.

A ingenuidade política de então foi o alicerce estrutural dos denominadores comuns que enfrentavam uma crise de identidade estruturante de monopólio, revertendo todo o processo de democracia económica através de normas precisas castradoras da pequena iniciativa para benefício da iniciativa transnacional e, por essa via, geradora da interdependência dentro da União Europeia e desta para com forças sem pátria ou qualquer identidade nacional.

Dessa forma se estruturou o neoliberalismo assente em interesses privados concertados em grandes grupos económicos e financeiros e se desferiu um golpe crucial no projeto Europeu de uma Europa Social onde as assimetrias existentes seriam esbatidas.

Hoje, entre muitos outros fatores de relevo, o resultado é o de um aumento exponencial do fosso entre ricos e pobres. Deu-se

– a eliminação simples da classe média;

– a anulação da identidade nacional;

– a eliminação da independência singular;

– aumento da instabilidade emocional dos indivíduos;

– aumento da insegurança dos indivíduos;

– aumento do controlo político dos indivíduos por via do apossamento de informação.

O que nos mostra quais as intenções subjacentes ao polvo tentacular em progressiva instalação. Só o interesse conjugado dos povos conseguirá dar resposta política adequado através de uma via que condicione as valências económicas e sociais, de forma a dar resposta credível ao progresso e desenvolvimento da organização das sociedades civilizadas.

Um desafio para as atuais gerações que cada vez mais dispõem de menos tempo para encontrar soluções porque a História de hoje já não se mede em séculos e muito menos em anos civis. A História hoje mede-se à velocidade e precisão dos algoritmos na banda larga das autoestradas da comunicação.

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