A Maratona, pelo seu grau de dificuldade e exigência de esforço físico, é uma prova atlética que não está ao alcance de todos e só os mais capacitados conseguem vencer as dificuldades de um percurso tão grande e o desgastante esforço físico exigido.
O haitiano Dieudonné Lamothe, hipotético maratonista, só decorridos alguns anos teve a coragem de confessar ao mundo que, apesar de se haver iniciado nos 5.000 metros, em 1976, correu a sua primeira maratona em 1984 e lutou até ao limite das suas possibilidades, pressionado e com medo de sofrer um castigo quando regressasse ao Haiti, nesse tempo ainda a viver ainda o terror da ditadura Duvalier, alegando o receio e até o medo de poder ter a polícia secreta na peugada!
Hoje sabe-se que cabia ao Presidente Duvalier a tarefa de escolher os atletas a enviar aos Jogos Olímpicos, escolha presidida sempre pelos mais estranhos critérios e princípios pois acabava sempre por recair em atletas impreparados, alguns até do círculo de amigos pessoais, independentemente das suas capacidades atléticas.
A primeira experiência olímpica de LaMothe foi, então, em 1976, nos Jogos de Montréal – ficou em último.
Em 1984, nos Jogos de Los Angeles, voltou a correr a maratona, a tal que parecia não ter fim!
LaMothe batia recordes pela negativa da prestação.
Habitualmente, naquele país, os atletas eram informados muito tardiamente da sua convocatória a poucos dias dos Jogos Olímpicos.
LaMothe bateu o seu próprio record, em 1988, em Seoul, co30m um vigésimo lugar.
Já pesado na idade, com 38 anos, ainda se aventurou, em 1992, a marcar presença em Barcelona. A sua confissão, onde evoca o medo da autoridade haitiana, afigura-se um pouco surreal e, em certa medida, um tanto intragável.
Todavia, respeita-se.
Olimpismo | A glória de vencer e partilhar o êxito (Montréal, 1976)