Vergado sob a voragem do tempo, o Jornal de Santo Thyrso, um dos mais antigos do país, deve deixar de imprimir e encerrar as suas portas. O último número saiu a 17 de maio, poucos dias depois de o jornal ter comemorado – ‘(sem festa)’ – o seu 137º aniversário. De então para cá, o funcionamento do jornal encontra-se suspenso sem previsão de retoma da atividade.
A interrupção de atividade acontece no numa ocasião em que o Jornal acaba de celebrar 137 anos de existência, no dia 11 de maio. Na data de aniversário, o Jornal de Santo Thyrso limitou-se a congratular-se pelo acontecimento, mais a mais porque “fundado em 11 de Maio de 1882, por José Bento Correia, continua a chegar, sem qualquer interrupção desde o seu “nascimento”, ao convívio dos leitores”.
A declaração não antecipa o que se passaria poucos dias depois, com as edições de 17,2 4 e 31 de junho a não saírem para a rua, o que provavelmente se repetirá amanhã, 7 de junho. Mas um comentário, inserido há alguns dias na referida publicação do facebook do jornal, anuncia a paragem de um jornal que “não resistiu ao peso da idade e sucumbiu”.
Jornal de Santo Thyrso, um dos mais antigos do País
O Jornal de Santo Thyrso é o mais antigo do concelho e um dos mais antigos do país, fundado numa fase do Século XIX em que a imprensa ganhou força. Contemporâneos à época da fundação, podemos encontrar o saudoso O Século, fundado em 1880, ou A Aurora do Lima, fundado em 1855, em que Camilo Castelo Branco também escreveu num período em que novelas e romances eram pré-publicados capítulo a capítulo nos jornais, e ainda existente.
“O Jornal de Santo Thyrso esteve presente nos acontecimentos marcantes do país e de cariz mundial, afirmando-se como fonte segura sobre os mais variados assuntos históricos. No simples ato de desfolhar as folhas do até agora resistente dinossauro tirsense pode-se viajar ao passado sem sair do lugar”, salienta outro órgão informativo tirsense, a Santo Tirso TV.
“Era uma grande ajuda se arranjássemos mais apoios. Não somos apenas um meio de comunicação, somos um veículo de preservação da cultura e da história de um povo. Não se devia deixar isto cair”, explicou, na ocasião, Victor Borges.
Há dias, a José Volta e Pinto, do Público, o seu diretor Victor Borges adiantaria que a Câmara Municipal de Santo Tirso não teria conhecimento da situação atual do Jornal de Santo Thyrso. Até 2013, a tipografia do jornal imprimia o boletim municipal tirsense. De 2015 a 2018, a autarquia apoiou financeiramente o semanário atribuindo-lhe a publicação de editais, anúncios e publicidade de eventos.
Segundo se refere no mesmo artigo, “está a ser feito um estudo para tentar perceber se há alguma forma “economicamente viável” de continuar, mas a situação “está complicada” e o Jornal de Santo Thyrso deve mesmo fechar portas, deixando nove pessoas desempregadas.
Francisco Carneiro, sócio-gerente do jornal, numa réstia de esperança, deixa no entanto uma porta aberta à continuação do Jornal no citado artigo da Santo Tirso TV, uma vez que está a ser feito “um esforço para se encontrar apoios, através de pessoas amigas de Santo Tirso”.
O Jornal de Santo Thyrso foi fundado por José Bento Correia, com o primeiro número a sair a 11 de Maio de 1882. Ao longo dos anos de atividade ininterrupta, o semanário contou com textos de figuras como João de Deus ou Camilo Castelo Branco. Em 2017, no âmbito do Ano Português da Imprensa, a publicação esteve representada, juntamente com outros 24 jornais centenários, na condecoração da Associação Portuguesa de Imprensa como Membro Honorário da Ordem de Mérito.
Imagens: Jornal de Santo Thyrso
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