liberalismo -pensamento liberal - economia - política - sociedade - il - iniciativa liberal -eleições legislativas

O verdadeiro desafio do Liberalismo

 

 

 

Para onde deve ir o pensamento liberal e qual a verdadeira luta do Liberalismo?

 

“O rio está dentro de nós,

o mar está a toda a nossa volta”

   – T.S. Eliot, in The Dry Salvages,

     da coletânea Four Quartets (1943)

 

Muito se fala em Liberalismo nos dias de hoje, como nunca se falou. No nosso país à beira-mar plantado, tornou-se na principal alternativa democrática ao Socialismo, isto é, se retirarmos da lista a vetusta e tradicional Social-Democracia.

Dizem também os eleitorados da Esquerda e do Centro que o Liberalismo é uma bandeira hasteada por pessoas de Direita que, segundo estes, estão sedentas de total liberdade na sociedade, uns anarquistas que se movem contra Estado-Providência. Vitórias de radicais como Javier Milei também ajudam a perpetuar um estigma sobre a doutrina liberal. Mas será que o Liberalismo é mesmo isto?

Primeiro que tudo, devemos entender que o Liberalismo advém de uma corrente basilar conhecida como Iluminismo, corrente que serviu de base à Revolução Francesa e à Revolução Americana. O ideário iluminista pregava sobre a necessidade de aplicar a racionalidade na Política, do papel da Ciência e do conhecimento empírico/de causa, da proteção dos direitos liberdades individuais inalienáveis e da libertação. Até aqui, tudo muito certo: são conceitos que, nos dias atuais, são bandeiras da Direita tradicional e democrática, assentes em conceitos filosóficos ancestrais como o Princípio da Legalidade (de Montesquieu), o Estado de Natureza (de John Locke), entre outros.

Contudo, há outros conceitos defendidos pela propaganda iluminista que também foram adaptados pelo Marxismo. São os casos da Tolerância (um conceito muito na moda nos tempos atuais), do Progresso (também usado pela máquina publicitária soviética no seu canto ao futuro radioso da Humanidade) e, por último, do Contrato Social (baseado na ideia de que um Governo tem de ser consentido pelo Povo) – não muito distante da adaptação dos marxistas para o conceito de Ditadura do Proletariado.

Perante isto, será que podemos afirmar que o Liberalismo é uma corrente política de Direita ou colada à Direita? Não podemos antes colocar a possibilidade de o Liberalismo poder ser um bloco ideológico ao Centro, visto que partilha das bandeiras da Direita e das bandeiras da Esquerda, sempre com o espírito de ceticismo e indagação, tão próprio de uma ideologia de Centro? O que mais parece diferenciar o Liberalismo do Marxismo é a sua interpretação aberta dos filósofos iluministas, da sua capacidade de se ir transformando de acordo com contextos e necessidades do momento.

Sendo assim, pegando na última ideia exposta acima: qual o verdadeiro desafio do Liberalismo nas sociedades atuais? Qual deve ser o rumo do Liberalismo numa era altamente polarizada em que o povo tem sede mudança, onde o Marxismo da Pós-Modernidade está decadente, onde os populismos e radicalismos se propagam? Resposta: a transformação.

Numa era de grande urgência socioeconómica, o Liberalismo pode usar o seu poder de se transformar – de se metamorfosear – e ir ao encontro das necessidades das sociedades. Numa Europa devastada por décadas de Socialismo, de Fascismo e de autocracias, o Liberalismo tem de reforçar o seu carácter progressista e de construir uma vertente social, usando a seu favor as bandeiras que a oposição à esquerda tanto acena.

Muitos inteletuais do Liberalismo Clássico poderão criticar um Liberalismo de índole social e progressista como sendo uma “esquerdização” da doutrina que coloca em risco as bases ideológicas, mas, na verdade, não é disso que se trata. Trata-se de dar aos povos uma escada de acesso a uma sociedade de cariz liberal, sem prejudicar o dito Estado de Natureza lockiano, um princípio tão assente nos regimes constitucionais modernos.

Isto não quer dizer que o Liberalismo Clássico não seja aplicável. A mesma variante apresenta ideias e conceitos bastante pertinentes e válidos. O senão aqui é o estado de uma sociedade europeia atual que, mesmo precisando de quebrar com as amarras do Socialismo e do Comunismo Europeu, precisa ainda mais de uma transição pacífica para o Liberalismo num contexto em que o próprio eleitorado jovem está a emigrar dos blocos centrais para os blocos extremistas. O Liberalismo tem de mostrar que não é uma ideologia de ricos para ricos, mas sim uma ideologia verdadeiramente iluminista que se foca no desenvolvimento do Homem livre, feliz, saudável e estabelecido.

O Rei do Mundo responde ao Poema Indecente com um antipoema

Deixe um comentário