Livros infantis para os adultos também lerem

 

 

Mesmo que escritos para um público mais jovem, estes livros mantém um alcance intemporal e a brilhante capacidade de serem lidos por todas as idades. O poeta português Fernando Pessoa acreditava inclusive na ideia de que “nenhum livro para crianças deve ser escrito para crianças.” Por isso mesmo, são muitos os livros infantis que podem oferecer aos adultos uma outra forma de expandir horizontes e a imaginação. Partilhamos, por isso, uma seleção de obras infantis que podem e devem ser lidas também por adultos.

O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, de Jorge Amado

Começamos com um clássico da literatura brasileira. O escritor Jorge Amado escreveu esta inesquecível história em 1948, para o seu filho João Jorge, quando este completou um ano de idade. O texto andou perdido, e só em 1978 conheceu a sua primeira edição, depois de ter sido recuperado pelo filho e levado a Carybé para ilustrar. É, sem dúvida, um livro para todas as idades, que retrata um amor improvável entre um gato velho e mal-humorado e uma jovem andorinha que, metaforicamente, aborda as relações que muitas vezes parecem impossibilitadas pelas diferenças de classe ou de etnia.

Histórias da Terra e do Mar, de Sophia de Mello Breyner Andresen

Publicado em 1984, Histórias da Terra e do Mar é um livro composto por cinco contos que nos transportam para o universo da infância. Cada um deles com as suas metáforas e com personagens encantadas que se revelam nos diferentes espaços e situações da vida. Num dos livros mais aclamados da escritora e poetisa portuguesa estão diferentes estados de alma e pensamentos de alcance intemporal. É prosa poética que pode ser lida por miúdos e graúdos, sendo que cada pessoa retirará destes contos um olhar diferente sobre a vida e as suas adversidades.

A Viúva e o Papagaio, de Virginia Woolf

Num registo descritivo e simples, mas apelativo, a autora norte-americana conta a surpreendente história da relação entre uma senhora viúva, a Sra. Gage, e o animal de estimação, um papagaio, que acaba por herdar, fruto da morte do seu irmão. É o início de uma singular relação de amizade, que é na verdade a grande lição deste livro. Imprevisível, divertido e inteligente, este conto revela-se pela moral sobre a capacidade que o afeto e a empatia pode ter nas pessoas, sejam jovens ou não. É um livro que demonstra também como nada na vida se dá por terminado e que há sempre tempo para amar.

Vamos Comprar um Poeta, de Afonso Cruz

É uma história sobre a importância da poesia e a da criatividade nas nossas vidas. Numa sociedade imaginada, o materialismo controla todos os aspetos das vidas dos seus habitantes. Todas as pessoas têm números em vez de nomes, todos os alimentos são medidos com total exatidão e até os afetos são contabilizados ao grama. E, nesta sociedade, as famílias têm artistas em vez de animais de estimação. A protagonista desta história escolheu ter um poeta mas é esse mesma escolha que vai transformar a sua vida e que no fim de contas impõe uma questão maior, sobre a utilidade da cultura e da arte nas nossas vidas.

O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry

Antoine de Saint-Exupéry publicou pela primeira vez a história em 1943, quando recuperava de ferimentos de guerra em Nova Iorque, um ano antes do seu avião Lockheed P-38 ter sido dado como desaparecido sobre o Mar Mediterrâneo, durante uma missão de reconhecimento. Mais de meio século depois, a sua fábula sobre o amor e a solidão não perdeu nenhuma da sua força, muito pelo contrário: este livro que se transformou numa das obras mais admiradas do nosso tempo, é na verdade de alcance intemporal, podendo ser uma fonte de inspiração para leitores de todas as idades e de todas as culturas.

O Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos

Mais um clássico da literatura brasileira. Traduzido e publicado em dezenas de línguas, este romance narra a história comovente de Zezé, um menino de seis anos nascido no seio de uma família muito pobre. Inteligente, sensível e criativo, mas muito endiabrado Zezé é um menino carente do afeto que não encontra junto do pai e da mãe, mais preocupados em sobreviver a cada dia. Perdido nas ruas, toma por confidente um pé de laranja lima, a que chama Xururuca e ao qual revela os seus sonhos e desejos. Será nesta fantasia que Zezé vai encontrar a alegria de viver e a força para vencer as suas adversidades.

A Invenção de Hugo Cabret, de Brian Selznick

Órfão, guardião dos relógios e ladrão, Hugo vive por entre as paredes de uma movimentada estação de comboios parisiense, onde a sua sobrevivência depende de segredos e do anonimato. Mas quando, repentinamente, o seu mundo se encaixa — tal como as rodas dentadas dos relógios que vigia — com o de uma excêntrica rapariga amante de livros e o de um velho amargo, dono de uma lojinha de brinquedos, a vida secreta de Hugo e o seu segredo mais precioso são colocados em risco. Há mistério e mensagens escondidas que vão contar na verdade a história deste rapaz, num livro que é também uma lição sobre a amizade e a empatia que podemos ter perante os outros.


Imagem: Liana Mikah / Unsplash

Obs: publicação original em Blogue Somos Livros, tendo sofrido ligeiras adequações na presente edição.


Algumas fábulas do ‘Primeiro Livro de Leitura’ de Liev Tolstoy

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