Nem sempre associamos um seguro à contratação de um crédito. Há casos, no entanto, em que ele é obrigatório, e outros em que pode ser apenas aconselhado. No caso de um crédito ao consumo, compensará adquirir um seguro que garanta os riscos de eventual incumprimento ou estarei a sobrecarregar o meu orçamento com um encargo desnecessário?
O recurso ao crédito pode ser feito pelas mais variadas razões e as opções existentes nos bancos e em outras instituições financeiras são vastas e personalizadas. Os portugueses encontram-se entre os que mais recorrem ao crédito para a aquisição de habitação, mas a compra de automóvel, as obras na casa e até mesmo alguns projetos pessoais encontram-se na linha da frente do recurso ao crédito ao consumo. Hoje em dia é até cada vez mais frequente recorrer-se a um empréstimo para despesas de saúde, algo que ainda há poucos anos quase não acontecia. São, na verdade, muitos os fatores que podem levar ao pedido de crédito e opções de escolha não faltam.
É nesta conjugação de hipóteses que entram os seguros de crédito, desenhados para protegerem os contraentes de empréstimos e que, para garantia dos riscos abrangidos pela apólice eventualmente subscrita, asseguram o pagamento do montante em dívida à instituição credora. Na prática, o seguro de crédito vai responder numa situação de eventual incumprimento do valor que resta liquidar ao credor.
Numa altura em que as taxas de juro aplicadas aos diferentes tipos de crédito ao consumo continuam a subir, importa perceber se devemos contratar um seguro para o crédito ao consumo.
Em que situações atua um Seguro?
A salvaguarda de danos decorrentes de situações imprevisíveis em bens materiais ou imateriais, na nossa vida ou saúde pessoal ou familiar, nomeadamente, é o objeto de qualquer seguro. Mas há também seguros para os danos patrimoniais decorrentes dos mais diversos riscos de natureza financeira, incluindo aqueles relativos ao eventual incumprimento de um crédito. Daí a existência dos mais frequentes e vulgares seguros de automóvel ou de habitação, mas também dos seguros de viagem, dos seguros de saúde e dos seguros de crédito propriamente ditos. Contudo, relativamente a estes últimos, há duas modalidades que são chave quando se analisa a possibilidade de contratação de um empréstimo.
Seguro de Vida
O seguro de vida é obrigatório por lei, nos créditos à habitação, mas não é o único caso onde é usado. Essencialmente, a função desta solução é assegurar o pagamento de montantes em dívida no caso de morte ou incapacidade física grave, devida a acidente ou doença, do devedor.
Este tipo de seguro também pode ser contraído num crédito ao consumo, apesar de não ser obrigatório. Tudo irá depender da avaliação de custo/benefício que o contraente faz da subscrição deste seguro para o crédito que solicita.
Seguro de Desemprego ou Doença
Numa altura em que a crise inflacionista teima em afundar a carteira dos portugueses, a contratação de um seguro para salvaguardar a eventual perda de posto de trabalho – que, aliás, já se faz sentir – é também uma realidade a ponderar.
Neste caso, a apólice poderá assegurar os pagamentos em dívida em caso de perda de rendimento fixo, cumprindo determinadas regras que podem variar conforme a credora.
As baixas médicas, doenças e hospitalizações – períodos durante os quais há também uma significativa diminuição do rendimento familiar – são outros riscos que podem também estar incluídos. Em qualquer caso, é sempre muito importante estar atento a todas as condições contratuais do seguro em apreço, para não ser surpreendido na hora de necessitar de ativar a apólice.
Qual o risco associado ao meu crédito ao consumo?
Aquando da decisão de contratação de um seguro para um crédito ao consumo, há determinados aspetos que não se pode deixar de considerar. No fundo, deve-se pesar os prós e os contras de tomar essa decisão uma vez que a mesma irá ter impacto no orçamento familiar mensal.
O montante é, possivelmente, o primeiro fator a ter em mente. Por exemplo, se vai pedir um crédito urgente para uma despesa inadiável e que saia fora do habitual orçamento familiar, mas o valor associado ao pedido não é elevado – ou, pelo menos, algo que considere que o seu orçamento permite comportar – provavelmente contrair um seguro de crédito pode não ser necessário. Isto porque o custo-benefício, nomeadamente com o encargo financeiro do seguro, poderá não se mostrar vantajoso.
Já se considerar um empréstimo para, por exemplo, fazer reparações em casa, e o valor for significativamente mais elevado, poderá ser vantajoso considerar um seguro, visto que os riscos associados ao crédito são também maiores.
Por outro lado, tenha em consideração que, quanto maior for o montante do empréstimo pretendido e prazo de pagamento de reembolso associado, mais caro irá ficar o seguro.
Outras questões a ter em consideração são aspetos como as coberturas e as exceções ou exclusões que podem variar conforme a credora e que podem ter impacto no valor mensal a pagar.
Na subscrição de um crédito, ponderar sempre a situação das finanças pessoais presentes e futuras
Assim, a decisão de avançar com a aquisição de um crédito e, consequentemente, de um seguro de proteção ao crédito deve ser ponderada, refletida e consciente. É necessário assegurar que o orçamento familiar consegue comportar uma despesa adicional associada com um exigente encargo financeiro, seja qual for a situação em que se encontre; e isto mesmo nos momentos em que tudo parece correr pelo melhor e as perspetivas para o futuro são mais sorridentes.
Tenha em conta que, atualmente, por exemplo, se quiser contrair um crédito de 10000 euros a ser pago durante 60 meses, a mensalidade andará a rondar os 200 euros. Caso pretenda avançar com o seguro completo, poderá ter um encargo adicional a rondar os 15 euros mensais.
Leve, por isso, um pouco mais de tempo se necessário para tomar uma decisão que se exige tranquila, mas faça uma escolha condizente com as suas necessidades. Uma escolha pouco ponderada pode fazê-lo aumentar custos e trazer encargos inesperados – a si e à sua família – que resultarão num aumento significativo do esforço financeiro no orçamento familiar.
Imagem: TB / Unsplash