Luís Vasco, uma lenda na baliza do FC Famalicão

Luís Vasco, uma lenda na baliza do FC Famalicão

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O guarda-redes de futebol Luís Vasco, lenda viva entre os adeptos do FC Famalicão, nasceu longe da terra do clube onde todos sabem quem é. Natural da praia da Nazaré, na região de Leiria, hoje uma tradicional cidade piscatória mais conhecida por ser a meca do Surf, uma vez que aí conseguiu o surfista Norte-Americano Garret McNamara bater o recorde da Maior Onda do Mundo, ao tempo com cerca de 30 metros de altura e assim popularizando o agora famoso Canhão da Nazaré, é o terceiro futebolista do clube com mais jogos disputados até hoje. Foi, no entanto, no Sporting CP que atingiu o ponto mais alto da sua carreira.

Primeiros anos no mundo do futebol

O Nazarenos foi o clube local onde Luís Vasco se iniciou no mundo do futebol. Daí seguiu para o Caldas SC e, dos “Pelicanos”, prosseguiu para o Ginásio de Alcobaça.

À época com pouca utilização, mas com talento para voos mais altos na baliza, ainda que bem diferenciado daquele de Garett McNamara, acabaria por surgir o interesse do FC Famalicão, por quem assinou em 1991, quando o clube famalicense disputava o campeonato da Primeira Liga Portuguesa e assim se mantendo até 1994.

Dar nas vistas para o mundo do futebol no FC Famalicão

Depois de três temporadas e 75 jogos nas pernas, embora na imprensa especializada se refiram também 81, o guardião disputaria o mesmo número de jogos do famalicense Carlos Fonseca que, segundo parece, ultrapassará o Nazareno nos minutos em campo. Tendo aqui desempenhado 2 épocas brilhantes, o jogador deu nas vistas e, daí ao Sporting CP, foi apenas um curto passo que viria a permitir a Luís Vasco figurar na lista dos jogadores vencedores de títulos em Portugal.

Um título nacional pelo Sporting Clube de Portugal

Essa transferência permitiu ao guarda-redes atingir o ponto mais alto da sua carreira, ao integrar a equipa vencedora da Supertaça Cândido de Oliveira, na época 1995/96. Nessa competição, ganha ao FC Porto, a vitória na Finalíssima foi disputada em França, no famoso Parque dos Príncipes, em Paris.

O guarda-redes Luís Vasco jogou o primeiro jogo dessa disputa à ‘melhor de três’, modelo competitivo da prova nesses tempos. Esse encontro resultou num empate a zeros. Seguiu-se depois um outro empate, mas a 2 bolas. Por fim, no terceiro jogo, o FC Porto terminaria arrumado com o mostrar a afixar um rotundo 3-0 no final do encontro.

Final da carreira de Luís Vasco

Ainda no Sporting CP, na época 1995/96, Luís Vasco realizou cinco jogos para o campeonato português.

Os últimos clubes de Luís Vasco foram o Desportivo de Chaves, onde jogou 2 temporadas, e o Estrela da Amadora, onde teve a feroz concorrência de Tiago e Nélson (guarda-redes mais jovens que viriam a ser campeões no Sporting CP na época 2001/2002). Foi aí, no clube da Reboleira que se deu o término da carreira futebolística de Luís Vasco, corria a época de 2000/2001, devido a uma grave lesão na perna direita que o impediu de continuar a jogar no mundo do futebol profissional.

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Entrevista a Luís Vasco

Francisco Oliveira: Luís Vasco, iniciou o seu percurso no Nazarenos, clube da sua cidade natal – a Nazaré.

Segue para o Caldas SC, clube da icónica cidade das Caldas da Rainha, que jogava no “Campo da Mata”. Joga, então, no “palco dos seus sonhos”, um local mágico que pessoalmente apelidaria de “mini-estádio do Jamor”.

Como analisa as últimas épocas dos “Pelicanos”, com sucessivas boas prestações na “Prova Rainha” – Taça Portugal – nesta temporada 2022/23, na luta pelo playoff de subida da Liga3 ?

Luís Vasco: O Caldas SC é um clube de referência, aqui pelo Distrito de Leiria, que têm a virtude de ter uma grande estabilidade a nível diretivo. O Caldas SC contrata os melhores jogadores que vivem no distrito de Leiria, que após o dia de trabalho, se reúnem para treinar.

Além disso, o clube tem uma massa associativa espetacular.

Francisco Oliveira: É no Caldas SC que, em 1987-88, foi colega de equipa de Wilson – um dos melhores defesas centrais do futebol português (Gil Vicente,”Os Belenenses” e Seleção de Angola). Nessa altura, o Wilson demonstrava qualidade para jogar tanto tempo na Primeira Liga?

Luís Vasco: Sim. O Wilson é um dos exemplos que poderia citar em complemento à pergunta anterior. Penso que começou a formação no GD Os Nazarenos, e rapidamente o Caldas o levou para a sua formação.

Francisco Oliveira: Ainda nos “Pelicanos”, e na temporada seguinte em 1988/89, foi orientado por Jaime Graça, um Treinador muito elogiado, por figuras do universo Benfiquista. Qual a qualidade que mais recorda de Jaime Graça (ex glória do SL Benfica como futebolista nos anos 60′)?

Luís Vasco: O Mister Jaime Graça era um excelente ser Humano. Respirava futebol, recordo que com ele nesses tempos em que as pré-épocas eram muito físicas, e o esférico estava pouco presente,  as pré épocas com o Jaime Graça não eram tão cansativas, as cargas tinham objetividade.

Francisco Oliveira: Prossegue uma temporada de 1990/91, no Ginásio de Alcobaça na zona centro da antiga II B. E no final dessa temporada 1990/91,  surge o FC Famalicão da primeira liga portuguesa. Como surgiu o FC Famalicão na sua vida?

Luís Vasco: Quando fui para o Caldas, conheci um senhor que era empresário de futebol, de seu nome Robério.

Robério viu-me em alguns treinos do Caldas SC e, num certo dia, perguntou-me se eu não queria jogar no Norte.

Tínhamos um amigo em comum, no final dessa temporada (Ginásio Alcobaça), falei com esse amigo e pedi para ligar ao Robério, e perguntei se ele (Robério) conseguia arranjar alguma clube no Norte, onde pudesse dar continuidade a minha carreira.

O Robério respondeu que o F.C.Famalicão, procurava um terceiro guarda-redes. Estaria eu interessado? Disse logo que sim.

Francisco Oliveira: No clube famalicense em 1991/92, faz 33 jogos e assume-se como o guarda-redes, titular do FC Famalicão. É ainda hoje o terceiro futebolista com mais jogos na primeira liga portuguesa – 75 jogos (penso que Carlos Fonseca lhe ultrapassa nos minutos … com os mesmos 75 jogos). Sente naturalmente orgulho e honra nesse feito pessoal?

Luís Vasco: Claro que sim.

Quando cheguei ao FC Famalicão, se me dissessem que eu iria fazer tantos jogos, eu assinava logo na hora.

Quem vê, por fora, até pensa que foi fácil. Exigiu-me muito trabalho, concentração, gostar do que se faz, gostar do clube e dos adeptos. Vou ser sempre grato ao FC Famalicão por ter realizado o meu sonho de criança e me ter aberto as portas do Futebol Profissional.

Francisco Oliveira: O seu primeiro treinador, ainda na mesma temporada – 1991/92, é uma grande figura do futebol mundial – Josip Skoblar – Jugoslavo e um dos melhores goleadores do futebol francês – que venceu o Bota de Ouro, em 1971 no Marselha. O que mais aprendeu com Josip Skoblar?

Luís Vasco: O Mister Skoblar era bom treinador, teve um problema, que foram os resultados menos bons da equipa. Por isso, não terminou a temporada.

Francisco Oliveira: No FC Famalicão, que joga juntamente com grandes nomes do clube, que ainda hoje deixam saudades aos adeptos mais antigos do “Vila Nova“. Como, por exemplo, Djamel Menad,
Que para muitos foi o melhor futebolista, que viram jogar de azul & branco. O que mais realçaria no Argelino?

Luís Vasco: Além de um grande futebolista, tecnicamente era acima da média, rápido na execução, bom sentido posicional e entre ajuda em campo é o que mais realço.

No futebol atual, um futebolista como o Djamel Menad iria render muito dinheiro ao F.C. Famalicão.

Francisco Oliveira: Que outros futebolistas destacaria desses tempos?

Luís Vasco: Tanta gente! Lula, Dane Kupresanin, Barnjak, Mihtarski, Tanta, entre outros.

Todos foram profissionais e desempenharam as suas funções da melhor maneira, para ajudar o FC Famalicão. Seria ingrato da minha parte estar a destacar A ou B. Digamos que o grupo era muito bom.

Francisco Oliveira: Após três temporadas,  em “alta rotação” no FC Famalicão, transfere-se e logo para um dos “maiores clubes portugueses” … o Sporting Clube Portugal. Na sua época de estreia em 1994/95 nesse grande clube, não faz nenhum jogo. Mas fez parte de um plantel onde pontificavam “génios da bola” como Stan Valckx / Paulo Torres / Capucho / Emílio Peixe / Oceano / Krasimir Balakov / Emanuel Amunike / Sá Pinto / Luís Figo. Uma “equipa de sonho” do futebol português. Qual o jogador que mais o impressionava?

Luís Vasco: Balakov e o Luís Figo eram 2 génios do futebol, como se diz na “gíria” tratavam a “bola por tu”!

Francisco Oliveira: Um plantel tão recheado só ganhou uma Taça de Portugal. O que pensa, que mais faltou ao Sporting CP, para ganhar o “Título Maior Português”, que é o “Campeonato” de acordo com a dimensão do clube?

Luís Vasco: Uma melhor estrutura diretiva para enfrentar alguns pelouros(cargos) do Futebol Português.

Francisco Oliveira: O seu treinador de guarda-redes era o saudoso Vítor Damas. O que recorda da ex-glória leonina e portuguesa. Os seus ensinamentos foram importantes para toda a sua carreira?

Luís Vasco: Tive o privilégio de conhecer o Sr. Vítor Damas. Foi como ter ganho um título. Foi do melhor que o Futebol me deu. Não era estar com o meu treinador de guarda-redes. Era o meu ídolo, a minha referência, o guarda-redes que eu tinha visto tantas vezes jogar e tentava imitar.

Mas Damas só houve um, o Vítor. Um enorme ser humano!

Francisco Oliveira: Nesses tempos, o Sporting CP tinha na sua equipa técnica um preparador físico “peculiar” o inglês – Roger Spry.

Que métodos sui generis se lembra melhor no inglês?

Luís Vasco: O Mister Roger Spry já estava muito a frente naquela altura.

O treino físico com música. Os atletas empenhavam-se ao máximo nos exercícios, porque a música boa motiva. E ele conseguia tirar fisicamente o melhor de cada um.

Francisco Oliveira: Na temporada seguinte –  1995/96 – realiza 5 jogos na primeira liga.

Mas o seu ponto alto na carreira de guarda-redes, nessa temporada ao participar num dos 3 jogos da conquista da Supertaça Cândido Oliveira , num empate a zeros da segunda mão… depois a vitória decidiu-se na “Finalíssima”, realizada no “Parque dos Príncipes” – França. Sente-se realizado com essa vitória, ou queria mais?

Luís Vasco: Óbvio que queria muito mais, eu fui para o Sporting para lutar pela titularidade, nessa 2 época comecei a titular e as coisas estavam a correr bem, e de um momento para o outro perco a titularidade.

Francisco Oliveira: Segue depois, duas temporadas no GD Chaves com muitos jogos. E depois o seu último clube o Estrela Amadora, onde é treinado pelo mítico Jorge Jesus. Foi o treinador mais diferenciado na sua carreira? Qual é que, para si, o melhor treinador que teve na sua carreira?

Luís Vasco: Como respondi na última pergunta, todos foram importantes, com eles aprendi o melhor e o pior do futebol.

Francisco Oliveira: É também no clube da ”Reboleira” que “apadrinha” o início de percurso de Jorge Andrade, em 1998/99. Eram notórias as qualidades desse “menino” para atingir a carreira ao mais alto nível que protagonizou?

Luís Vasco: Sim! O Jorge Andrade era um miúdo, que respirava futebol, em todas as suas ações, quer no jogo, como no treino, estava ali um “Diamante (bruto)”, só faltava lapidar.

Francisco Oliveira: Por último, quer deixar uma mensagem para a massa associativa do FC Famalicão?

Luís Vasco: Que continuem a ser adeptos fervorosos, que são no amor ao clube, e que o clube possa retribuir com muitas vitórias.

Francisco Oliveira: Muito obrigado, Luís Vasco. Votos de imenso sucesso na sua vida pessoal.

FC Famalicão - Luís Vasco - equipa - época 1993-1994 - I Divisão - Campeonato Nacional - Futebol - Luís Vasco - Guarda-redes


Obs: todas as imagens, utilizadas apenas a título meramente ilustrativo, possuem Direitos Reservados a favor dos seus autores e/ou proprietários – 1) FCF, 2) Os Nazarenos, 3) FCF + Cromos do Futebol.


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Categorias: Desporto, Famalicão, Futebol

Acerca do Autor

Francisco Oliveira

Viciado em Imprensa Futebolística desde miúdo, época em que devorava Jornais & Revistas Futebolísticas. Desfruta da Escrita Futebolística desde que começou a escrever para a Página Só nas 4 Linhas na temporada 2018/19. Criador & Pensador da Página Culto Futebolístico nos tempos livres (como sempre!).

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