João Cutileiro foi um nomes grandes das artes plásticas portuguesas do Século XX. Morreu na madrugada desta terça-feira de complicações provocadas por um enfisema pulmonar. Tinha 83 anos.
Embora também esculpisse em broze, é pela excelência do trabalho maior em pedra mármore que João Cutileiro fica para a posteridade. Haveria de ser o pó libertado por esta pedra ao ser trabalhado que a estar na origem do enfisema pulmonar de que haveria de padecer.
O escultor João Cutileiro possuía oficina em Évora. ‘Tomou sobre si a tarefa imensa de revisitar a identidade portuguesa, esculpindo as figuras que povoam o imaginário da História nacional’, em particular as dos seus reis espalhadas pelas praças de vilas e cidades deste nosso Portugal, lembra Luísa Soares de Oliveira no Público, mas também ficará para a história da arte pela delicadeza do seu tratamento das esculturas de mulheres.
A descoberta da escultura
Foi uma viagem a Florença, no princípio da década de 1950, que fez João Cutileiro escolher em definitivo a escultura. Naquela cidade italiana, descobriu a escultura de Miguel Ângelo, o que, no seu regresso a Portugal, o levou a inscrever-se na Escola de Belas Artes de Lisboa, escola que abandonaria 2 anos mais tarde porque queria experimentar novos materiais e novas linguagens.
Controvérsias e experimentalismo na obra de João Cutileiro
Ao longo de sete décadas de uma carreira esculpida na pedra não faltaram controvérsia e experimentalismo. ‘Cortou cedo com o academismo do Estado Novo, criando uma obra que dividiu opiniões, marcada pela polémica e pela voluptuosidade dos corpos rasgados em pedra’, assinala o Jornal de Notícias. A obra mais polémica de João Cutileiro é a estátua de D. Sebastião, em Lagos, sobejamente conhecida e ponto de visita de todos quantos se deslocam ao Algarve nas suas férias. Nesse trabalho, confrontou o academicismo do Estado Novo, pelo que recebeu fortes críticas, inclusive dos seus colegas para quem a arte escultórica se destinava a produzir peças decorativas. Em Famalicão, nos anos imediatos à colocação de D. Sancho I, também não faltaram críticas e piadas sobre o trabalho, atendendo ao estilo atarracado de representação de um personagem tão relevante para a história da cidade.
Imagens: (0) Municípios de Guimarães, Famalicão e Lagos (ed VN), (1) Veritas, (2) Manuel V Botelho
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