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Há pouco mais de 410 anos, em Março de 1610, Galileu Galilei fez as primeiras observações científicas dos astros utilizando um telescópio, instrumento por ele melhorado. A sua luneta permitia-lhe aumentar o tamanho aparente de um objecto até cerca de 30 vezes. Por isso, terá sido o primeiro ser humano a contemplar, com admiração, as crateras lunares com um detalhe que deixou desenhado nas suas ilustrações, registos científicos das suas observações.
Também na aurora do século XVII, e ao observar o planeta Júpiter, Galileu descobriu, para seu grande espanto, que outros corpos celestes orbitavam ao redor desse planeta gigante: Júpiter também tem Luas, só suas! Esse momento, que o leitor pode imaginar e reviver hoje ao contemplar a “estrela da tarde”, é um marco da história da ciência e logo da humanidade.
O facto de corpos celestes rodarem à volta de outros corpos celestes que não a Terra fez ruir concepções anteriores, baseadas na primeira aparência das coisas. Com a simples atitude de registar o que observava, Galileu reuniu dados suficientes para corroborar um determinado modelo mais aproximado do comportamento do Universo então observável: o modelo heliocêntrico proposto antes por Copérnico.
A descoberta da gravidade
As observações sistemáticas dos corpos celestes, efectuadas sucessivamente por diversas gerações de cientistas, adicionaram novos dados e conhecimentos às observações e registos precedentes, o que permitiu elaborar teorias sobre o universo distante, mas também válidas à nossa escala mais humilde e humana. Por exemplo, é pela mesma interacção gravítica que faz com que os astros se movam uns à volta dos outros que uma qualquer maçã, golden ou bravo de esmolfe, tanto faz, é atraída e atrai o chão. O leitor, quer experimentar, se faz favor?
Ponha de lado os preconceitos e, por sua vez, experimente deixar cair da mesma altura e ao mesmo tempo duas moedas diferentes: uma de um cêntimo e outra de um euro. Está assim a repetir uma outra experiência, a dos graves, que Galileu Galilei terá feito (há quem diga que não!) no cimo de uma torre e com outros objectos. Se o leitor quiser estar mais alto, suba, com cuidado, para cima de uma cadeira e repita a experiência. Os dois objectos não voltam a chegar ao chão ao mesmo tempo? Pois é. Mesmo que repita vezes sem conta até se cansar, verá que o resultado é sempre o mesmo. E se não fosse?
Galileu gostaria de ter assistido a esta experiência na Lua
Saberá porventura o leitor que esta experiência também foi realizada na Lua, que agora observa em fase cheia, por astronautas da missão Apolo 15, em 1971: o comandante David Scott deixou cair da mesma altura e ao mesmo tempo, uma pena de ave e um martelo. E não é que também caíram ao mesmo tempo no chão lunar! Como teria gostado Galileu de ter observado, através da sua luneta, a réplica da sua experiência na Lua…
O facto é que a mesma experiência, feita por pessoas e em locais e épocas diferentes, tem dado sistematicamente o mesmo resultado. O conhecimento que resulta desta atitude experimental é, assim, reprodutível nas mesmas condições e isto é uma das características do conhecimento que resulta do método científico.
Ser humano
Limpe os olhos da luz do dia e, ao entardecer, projecte o olhar para o horizonte, contemple a abóbada celeste.
Deixe cair o cansaço rotineiro e descanse o olhar no céu estrelado. Deixe o tempo estender-se no espaço, até ao infinito e deslumbre-se com a aparente serenidade da astronómica noite semeada de miríades de constelações de estrelas. Seja humano. Sonhe. Ponha questões e experimente.
Obs: este artigo sofreu adequações na presente edição.
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