Dizem que existe Céu e Inferno. Que para o Inferno vão as almas que não têm salvação, um lugar onde as almas morrem queimadas pelos crimes cometidos.
Nunca imaginei que viesse a testemunhar o Inferno ainda viva. Testemunhar a morte de almas, inocentes, queimadas vivas.
Uma experiência destas mexe connosco, sinto que terei em mim o cheiro e a imagem desta tragédia por toda a minha vida.
O incêndio que tomou conta dos abrigos em Santo Tirso poderia ou não ter sido evitado. Não sabemos. Mas a morte das dezenas de animais com certeza que sim. Tudo isto podia ter tido um desfecho mais “humano”. Mas não..
Animais queimados vivos, animais em sofrimento, animais a precisar de cuidados urgentes, animais com evidências de maus tratos e negligência de longo tempo.
Sarna, carraças, pulgas, ferimentos, queimaduras, subnutrição. Cães presos a cadeados, dentro de boxes, gatos em jaulas, deixados para morrerem queimados. E estava tudo bem! E estava tudo controlado!
Porque não se evitou a morte destes animais? Não sei responder. Aliás, tenho imensas perguntas para as quais ainda não tenho resposta.
Porque não foi criado um plano de proteção e possível retirada dos animais, em tempo devido? Se a competência de fechar estes locais compete à DGAV, porque é que o veterinário municipal não reportou esta situação? Quando inclusive em 2017 o mesmo foi alvo de várias denúncias e eram do conhecimento geral as condições dos animais.
A ajuda estava lá desde a primeira hora e foi negada. O direito de propriedade privada falou mais alto do que a vida de um ser senciente, que nos nutre um amor infindável.
Os comunicados e declarações das entidades competentes são tão facilmente rebatidos com as centenas de imagens, vídeos e testemunhos que fico perplexa com a capacidade de tentativa de minimizar o que se passou: o ministro Eduardo Cabrita diz que “não houve falhas” nos incêndios; para o veterinário municipal estava tudo controlado; e o vereador José Pedro Machado, em declarações à comunicação social, relatou que apenas um animal precisou de cuidados e foi retirado no sábado; acresce que Ricardo Lobo, da Ordem dos Médicos Veterinários, perante isto tudo ainda afirma que “não vejo fundamento para a suspensão do veterinário”.
Ou seja, quer isto dizer que desde a madrugada de domingo estou a viver numa realidade paralela, sendo que o que vi, ouvi, testemunhei afinal de contas não passa de uma ilusão? Desejava do fundo da minha alma que assim fosse.
Esta tragédia deu origem, desde domingo, a um processo sem precedentes de resgate de animais de vários lugares, como Valongo, Canedo, já sinalizados como locais sem condições mínimas para assegurar o bem-estar animal.
Saliento a força de mobilização que está no terreno, em várias frentes e de várias formas, temos o exemplo da manifestação junto à Câmara Municipal de Santo Tirso, o auxílio e recolha dos animais por associações, estas que irão necessitar, inevitavelmente, de ajudas financeiras e de materiais. Mas, também, a força de todos aqueles que de forma anónima, estão a contribuir para que este processo se resolva da melhor forma possível.
Não menos importante: é fundamental a revisão da legislação para assegurar que o que aconteceu em Santo Tirso não mais volte a acontecer. E claro, apurar as responsabilidades, de forma exemplar, de todas as entidades competentes e com poder de decisão.
Por último, não posso deixar de referir o trabalho que o PAN tem desenvolvido desde o início, não esquecendo as propostas que têm sido apresentadas e rejeitadas, constantemente, pelos outros partidos, em matéria de bem estar animal.
Está na hora de uma mudança de paradigma no que diz respeito aos direitos dos animais, está na hora de dar voz a quem não a tem.
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Imagem: PAN
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