revolução liberal - alto minho - porto

Revolução Liberal aconteceu há 200 anos: gentes do Alto Minho participaram na linha da frente

 

 

Porto. Era ainda madrugada quando, no dia 24 de Agosto de 1820, os militares se dirigiram para o Campo de Santo Ovídio com o propósito de desencadear uma revolução com vista à implantação de um regime constitucional – o Liberalismo.

Por detrás da sublevação encontrava-se o Sinédrio, uma associação secreta destinada a preparar a revolução.

Uma vez chegados ao Campo de Santo Ovídio, actual Praça da República, os militares formaram em parada e assistiram à missa. De seguida, uma salva de artilharia anunciou o levantamento militar.

Às 8 horas da manhã, os revolucionários reuniram-se na Câmara Municipal do Porto e proclamaram a “Junta Provisional do Governo Supremo do Reino”. Entre os seus membros, salientamos os vogais João da Cunha Sotto-Mayor, natural de Viana do Castelo e José Maria Xavier de Araújo, de Arcos de Valdevez, ambos em representação da província do Minho. A Universidade teve como representante o pontelimense Frei Francisco de São Luís (Saraiva), vulgo Cardeal Saraiva.

Na altura, a Corte encontrava-se no Brasil para onde partira na sequência das invasões francesas. A Junta revolucionária exigia o seu retorno e a convocação das Cortes com vista à elaboração de uma Constituição política para o país.

A Revolução Liberal alastrou a outras cidades, nomeadamente a Lisboa, vindo então os governos do Porto e de Lisboa a fundir-se, constituindo a “Junta Provisional do Supremo Governo do Reino”.

revolução liberal - porto - alto minho

José Maria Xavier de Araújo

José Maria Xavier de Araújo foi um jurista e magistrado, bacharel em Cânones pela Universidade de Coimbra, membro do Sinédrio. Exerceu as funções de deputado às Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa em 1821-1822, eleito pelo círculo do Minho. Foi membro da Maçonaria. Colaborou em diversos periódicos e é autor de umas memórias sobre a Revolução Liberal do Porto de Agosto de 1820.

Nasceu em Arcos de Valdevez em 1786, numa casa da actual rua Cerqueira Gomes. Era filho do Conselheiro de Fazenda e Desembargador Francisco Xavier de Araújo. Faleceu no Porto em 1858.

João da Cunha Sotto-Mayor

Por seu turno, João da Cunha Sotto-Mayor nasceu em Viana do Castelo a 22 de Setembro de 1767 e faleceu em Monção, em 30 de Novembro de 1850. Foi magistrado, membro da Maçonaria, tendo exercido as funções de Grão.Mestre do Grande Oriente Lusitano entre 1821 e 1823.

Frei Francisco de São Luís, vulgo Cardeal Saraiva

Frei Francisco de São Luís, vulgo Cardeal Saraiva, foi um dos principais vultos do liberalismo e constitui um dos ícones maiores de Ponte de Lima e do Minho. Nasceu em Ponte de Lima em 1766 e faleceu em Lisboa em 1845. Aos catorze anos de idade, ingressou no Mosteiro de São Martinho de Tibães, da ordem beneditina, tendo daí saído anos mais tarde para o Mosteiro de Santo André de Rendufe e, posteriormente, para a Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra.

Filiado na Maçonaria da qual chegou a ser Grão-mestre, adoptou o nome Condorcet, tendo ainda integrado o Sinédrio que foi a organização responsável pela revolução portuense de 1820. Apesar dos seus ideais, não deixou de combater os invasores franceses pelos quais muitos liberais tomaram partido sem receio de que tal atitude configurasse um acto de traição.

Após a revolução, tornou-se um dos membros da Junta Provisional do Supremo Governo do Reino e, pelas Cortes Constituintes, nomeado membro do Conselho de Regência. Foi ainda Reitor da Universidade de Coimbra, deputado às Cortes e Presidente da Câmara dos Deputados.

Em 1824, resignou ao episcopado e veio a ser desterrado para o Mosteiro da Serra de Ossa, de onde saiu após a chegada das tropas liberais a Lisboa em 1833. Foi feito Patriarca de Lisboa em 1840 e, em 1843, confirmado no título e pelo Papa Gregório XVI elevado ao cargo cardinalício.

alto minho - revolução liberal - porto - portugal

Obs: artigo previamente publicado em Blogue do Minho, tendo sofrido ligeiras adequações na presente edição.

**

Apoie a VILA NOVA

Se chegou até aqui é porque provavelmente aprecia o trabalho que estamos a desenvolver; e não pagou por isso.

A VILA NOVA é cidadania e serviço público: diário digital generalista de âmbito regional, independente e pluralé gratuito para os leitores. Acreditamos que a informação de qualidade, que ajuda a pensar e a decidir, é um direito de todos numa sociedade que se pretende democrática.

Como deve calcular, a VILA NOVA praticamente não tem receitas publicitárias. Mais importante do que isso, não tem o apoio nem depende de nenhum grupo económico ou político.

Você sabe que pode contar connosco. Estamos por isso a pedir aos leitores como você, que têm disponibilidade para o fazer, um pequeno contributo.

A VILA NOVA tem custos de funcionamento, entre eles, ainda que de forma não exclusiva, a manutenção e renovação de equipamento, despesas de representação, transportes e telecomunicações, alojamento de páginas na rede, taxas específicas da atividade.

Para lá disso, a VILA NOVA pretende produzir e distribuir cada vez mais e melhor informação, com independência e com a diversidade de opiniões própria de uma sociedade aberta e plural.

Se considera válido o trabalho realizado, não deixe de efetuar o seu simbólico contributo – a partir de 1,00 euro – sob a forma de donativo através de netbanking ou multibanco. Se é uma empresa ou instituição, poderá receber publicidade como forma de retribuição.

Se quiser fazer uma assinatura com a periodicidade que entender adequada, programe as suas contribuições. Estabeleça esse compromisso connosco.

Contamos consigo

IBAN: PT 50 0065 0922 00017890002 91; BIC/SWIFT: BESZ PT PL

Paypal: pedrocosta@vilanovaonline.pt

Obs: envie-nos o comprovativo da transferência e o seu número de contribuinte caso pretenda receber o comprovativo de pagamento, para efeitos fiscais.

Deixe um comentário