Património | Convertidas: cimentar a defesa da ecologia

 

 

A primeira pessoa que vi em Braga exigir a preservação do interior não construído dos quarteirões do centro histórico, talvez há uns 20 anos, foi Miguel Bandeira. Como sempre, então, Miguel Bandeira estava à frente e chamava-nos a atenção para dimensões do planeamento urbanístico discutidas noutros países e na literatura científica mas que por aqui eram meros devaneios.

O conceito era muito interessante: não destruir os quintais dos centros históricos, por um lado porque eles também eram históricos mas acima de tudo por constituírem bolsas naturais dentro da cidade. Manter as áreas permeáveis devia ser prioridade dos centros, pondo de lado a sua urbanização como até aí acontecia.

Entretanto, passados muitos anos esta ideia ganhou forma de “lei” no PDM de Braga através da inclusão e definição de uma Estrutura Ecológica Municipal. Dentro desta, uma categoria importante surgiu – os “Jardins Privados e Logradouros” que a Câmara considera “fundamentais para o equilíbrio e sustentabilidade do tecido urbano” e uma “oportunidade para a melhoria da qualidade de vida urbana”.

No centro da cidade o PDM identifica conjuntos de quintais de grandes dimensões. Um deles era a “quinta” da Oficina S. José, na R. 25 de Abril, onde floresceu um belo Continente Bom Dia. Outro desses espaços a preservar, segundo o PDM, é o quarteirão das Convertidas, que, aliás, é dos maiores espaços verdes fechados de Braga.

Pela mão da Câmara, a destruição e impermeabilização dos quintais a verde na imagem [cerca de 1/3 do quarteirão] começou esta semana [há máquinas a arrasar o que ali há de verde] após aprovação da ampliação dos 3 edifícios históricos da Av. Central.

A Câmara Municipal decidiu, portanto, que aqueles belos princípios ecológicos do PDM ficam mais firmemente cimentados debaixo de um prédio de 5 pisos a construir nos quintais que vêem na foto. E ainda deu ao promotor um desconto!

PS: falta acrescentar que o PDM é de 2015, ou seja, já da gestão de Rio e Bandeira.

 

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