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Ensino | Creches e Pré-Escolar: perigo de contágio e propagação da Covid-19

 

 

Depois de ter decidido o retomar da atividade económica de forma gradual, o Governo vê-se incumbido de acompanhar este reinício com a reabertura das creches e posteriormente do pré-escolar, de modo a que os trabalhadores com filhos, consigam ir trabalhar e deixar as suas crianças nas respetivas instituições, como acontecia de forma natural antes do aparecimento desta pandemia.

Poderemos estar perante um possível futuro problema –  o perigo de contágio e propagação da Covid-19 entre as crianças que, de acordo com estudos realizados, poderão ser portadores do vírus, de forma assintomática. Ou seja, passados 15 dias de aulas, se houver contágio numa sala com 20 crianças, poderá transformar-se em 60 pessoas quando estas cheguem a casa e contactem com os progenitores, e por aí sucessivamente. E aqui entraremos numa fase de mitigação extraordinária que não saberemos quem infetou quem…

Agora a grande questão será se esta é a altura certa de reabrir as creches e os colégios… Será que não estaremos a antecipar em demasia o timing para isto acontecer?

Li, há uns dias, uma reportagem sobre a ilha de Hokkaido, no Japão, acerca da sua forma de contenção e tratamento da estirpe. A sua conduta de atuação, inclusive com Estado de Emergência decretado e todas as medidas a ele associadas, foi considerada exemplar. Após decidirem o retorno ao quotidiano, de forma gradual – a sua população regressou ao trabalho, as crianças às escolas, de modo a que a vida retornasse o seu percurso até então -, quase um mês depois, os casos de novos infetados aumentaram drasticamente, obrigando a que tivesse sido decretado novo Estado de Emergência e com o dano económico muito superior ao que já tinha sido uns meses antes. E não esqueçamos que estamos a falar de um povo habituado a seguir as regras quase ao seu extremo, pelo que, no que diz respeito ao uso de proteções sanitárias, acredito que o seu uso fosse generalizado. Dá que pensar, por isso, no que poderá acontecer em Portugal. Não querendo de forma alguma ser pessimista ou alarmista, mas sim ponderado no raciocínio de previsão.

No passado dia 4 de maio, quando passamos de Estado de Emergência para Estado de Calamidade, o fluxo de pessoas nas ruas aumentou substancialmente. Presenciamos lojas com mais clientes, muitas pessoas a passear, cemitérios com fila para entrar, hipermercados com o mesmo cenário, entre outros. Sentiu-se que todos os portugueses querem regressar o mais rapidamente à sua vida “normal”. Até aí nada condenável, mas preocupa-me que haja uma sensação de “falsa segurança” e se faça as pessoas sentirem-se seguras descuidando todas as normas de segurança que se impõem neste momento tão delicado da nossa vida enquanto portugueses. Espero que toda a gente seja portadora de uma consciência responsável.

Voltando ao tema das crianças, com as creches e o pré-escolar, é óbvio que, não havendo mais apoio estatal para “Assistência a Filhos”, e com a reabertura do comércio e das empresas, os trabalhadores com filhos serão “obrigados”, por necessidade de subsistência, a colocar os seus filhos nas instituições de ensino. Será um risco, mas terá de ser assumido e calculado, pois a necessidade assim o obriga.

Enganem-se aqueles que pensam que é possível existir distanciamento social, a título de exemplo,  entre crianças de 2 e 3 anos, ou dos 4 aos 6 anos. Não irá acontecer! E por muito cuidado que a instituição e os seus responsáveis tenham é impossível desinfetar estas instituições, a toda a hora, de forma 100% fiável.

Falo enquanto pai de duas crianças, com 3 e 5 anos. Iremos todos correr esse risco. Desde crianças a pais e educadores inclusive. Por isso, espero que quem decidiu a reabertura destas instituições tenha consciência  e assuma o risco e responsabilidade pelo que poderá acontecer.

Esperar mais um mês ou dois, se calhar não teria sido assim tão mau e dispendioso. O custo-benefício talvez tivesse valido a pena. Veremos.

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