Catarina Martins: Como vamos recuperar o país?
Coronavírus | Bloco debate a crise da pandemia em conferência virtual ao longo de três dias

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‘O comportamento exemplar da população parece estar a travar o passo à evolução da pandemia. Ainda é cedo para aliviar as medidas de contenção; não podemos deitar tudo a perder. Mas é o tempo de começar a responder a uma pergunta: como vamos recuperar o país? Que políticas para vencer a crise?’, desafia Catarina Martins, deixando um convite para dedicar os próximos dias a pensar e debater saídas para a crise que vivemos. À procura dessa resposta, o Bloco de Esquerda organizou uma conferência, com início amanhã, segunda-feira, 27 de abril, que se prolonga pelos dois dias seguintes.
Esta conferência está estruturada em sete painéis: Europa e mundo, economia e ambiente, saúde, educação, ciência e cultura, trabalho e precariedade, justiça e direitos. Para apresentar alternativas, a iniciativa junta cerca de noventa oradores, especialistas reconhecidos nas suas áreas de intervenção, que irão partilhar “lições da crise e propostas para a vencer”. A abertura está marcada para as 21h00 de segunda-feira e está a cargo da eurodeputada Marisa Matias. A transmissão em direto acontece através do facebook do Esquerda.net, com interpretação em Língua Gestual Portuguesa. As sessões seguintes têm também início à mesma à mesma hora.
Este domingo, a coordenadora do Bloco de Esquerda lançou o repto: “Estarão em discussão os pilares que permitem a reconstrução do país: de uma economia que garanta justiça fiscal ao reforço do SNS, da importância do conhecimento às questões da soberania alimentar, das regras para acabar com a precariedade ao direito à habitação. Economistas, ativistas sociais, organizações e todos os que quiserem participar darão o seu contributo. Com uma certeza: onde em 2011 houve austeridade e recessão, em 2021 tem de haver políticas contracíclicas para garantir investimento e emprego“. E acrescenta: “E se a pandemia nos impôs distância física, continua a ser lado a lado que encontraremos essas respostas”.
Regras para a economia
“Uma economia que respeita as pessoas precisa de regras“, refere Catarina, defendendo intervenção das entidades com poder de regulação.
“O enorme esforço solidário da população contrasta com a atuação da elite económica: patrões que resistiram a encerrar serviços não essenciais e aproveitaram a crise pandémica para despedir precários; grandes empresas que distribuíram em dividendos aos acionistas o que falta para garantir emprego e salário dos seus trabalhadores; e até grupos privados de saúde que encerraram os hospitais na fase mais crítica da resposta à doença”, conclui.
Solidariedade internacional para responder à crise
Na segunda-feira, dia 27 de abril, Marisa Matias irá abrir a conferência. Logo a seguir será transmitido o painel “Solidariedade internacional para responder à crise”. A sessão, apresentada por Pedro Filipe Soares e José Gusmão, junta onze oradores, que se dedicarão às seguintes temáticas:
– Marcos Faria Ferreira, Professor de Relações Internacionais, ISCSP: Que mundo no pós pandemia e como o podemos influenciar?
– José Manuel Rosendo, Jornalista: Como pode ficar em casa quem perdeu o seu lar para a guerra?
– Sandra Monteiro, Diretora do Le Monde Diplomatique: Pode a globalização neoliberal garantir saúde, justiça social e ecologia?
– Miguel Duarte, Ativista pelos direitos dos refugiados: Refugiados: é possível dar voz a quem se tornou invisível?
– Susana Peralta, Economista, professora Nova SBE: O que falta na resposta europeia à crise?
– João Cravinho, Engenheiro, ex-governante: Como responder à dupla incerteza da pandemia e da resposta europeia?
– Ferreira do Amaral, Economista: As despesas de hoje serão os impostos de amanhã?
– José Reis, Economista, professor na Universidade de Coimbra: O que esperar da União Europeia para superar as dependências da nossa economia?
– Shahd Wadi, Investigadora em Relações Internacionais: Como fazer frente à opressão?
– Idoia Villanueva Ruiz, Eurodeputada Podemos (Estado Espanhol): Como acabar com a uberização da economia?
– Manon Aubry, Eurodeputada France Insoumise (França): Como acabar com a uberização da economia?
A economia ao serviço das pessoas
O segundo painel da noite de segunda-feira é dedicado ao tema “A economia ao serviço das pessoas”, e será moderado Jorge Costa e Mariana Mortágua. Os convidados deste painel, e os respetivos títulos das suas apresentações, serão:
– Viriato Soromenho Marques, Professor de Filosofia Política, FLUL: Qual o papel do Estado na resposta às crises económica e ambiental?
– Ana Costa, economista: Quais as condições de uma nova economia da produção?
– Francisco Louçã, economista: De que sistema bancário precisamos para responder à crise?
– Luísa Schmidt, Investigadora em Sociologia do Ambiente, ICS: Que ordenamento do território na reconstrução da economia?
– João Camargo, Ativista climático: Empregos para o clima, um plano para a sociedade?
– Pedro Lains, Investigador em História Económica, ICS: A despesa de hoje são os impostos de amanhã?
– Miguel Heleno, Investigador em Sistemas de Energia: A transição para as renováveis pode ajudar a sair da crise?
– Ricardo Vicente, Engenheiro agrónomo, deputado do Bloco: Podemos ter uma agricultura para a soberania alimentar?
– Alexandre Abreu, economista: Como reduzir a desigualdade?
– Ana Santos, Investigadora científica, CES: Como não recuperar a economia?
– João Bau, Ex-presidente da EPAL: Água, energia, telecomunicações: como garantir acesso universal a bens essenciais?
Salvar o SNS
Dia 28 de abril, terça-feira, os trabalhos recomeçam com o painel “Salvar o SNS”, apresentado por Moisés Ferreira e Bruno Maia. Eis a lista de oradores e o título da sua intervenção:
– Henrique Barros, Presidente do Instituto de Saúde Pública da U.Porto: Como evitar uma nova crise sanitária?
– António Rodrigues, Médico: Qual o papel dos Cuidados de Saúde Primários no reforço do SNS?
– Alexandre Lourenço, Administrador Hospitalar: Como vão os hospitais do SNS responder à nova realidade?
– Diana Pereira, Enfermeira, Sindicato dos Enfermeiros Portugueses: Que direitos para os profissionais de saúde?
– Ana Matos Pires, Médica Psiquiatra: Que serviços de saúde mental no reforço do SNS?
– Célia Rodrigues, Fisioterapeuta: Como reforçar os meios complementares de diagnóstico e terapêutica no SNS?
– Sofia Crisóstomo, Farmacêutica e especialista em Assuntos Regulamentares: Qual o papel dos utentes na defesa do SNS?
O papel da Escola pública na resposta à crise
“O papel da Escola pública na resposta à crise” é o tema do quarto painel, que terá lugar ainda na terça-feira e será apresentado por Joana Mortágua e Alexandra Vieira. Os convidados e convidadas e as intervenções para este painel são:
– Teresa Vasconcelos, Professora aposentada da Escola Superior de Educação de Lisboa: A primeira infância (0-3 anos) deve ser incluida no sistema educativo?
– Licínio Lima, Professor de administração educacional, Universidade do Minho: Que gestão democrática nas escolas?
– Cláudia Braga, Intérprete de Língua Gestual Portuguesa na Educação: Como combater a precariedade nas escolas?
– Jorge Humberto, Professor de Educação Especial: O que falta fazer na educação especial?
– Lurdes Figueiral, Presidente da Associação de Professores de Matemática: E se não houvesse exame de matemática?
– José Paiva, Professor de belas artes, FBAUP: Quais são as prioridades para o Ensino Superior?
– Luís Valente, Especialista em telemática educativa: Escolas com computadores? Sim. Mas para quê?
– Francisco Teixeira, Professor de Filosofia, dirigente do SPN: Quais são os perigos da municipalização da educação?
– Maria Emília Brederode Santos, Presidente do Conselho Nacional de Educação: O que podemos aprender com a pandemia?
– David Rodrigues, Presidente da Associação Nacional de docentes de educação especial: O que é que é insubstituivel nas escolas?
– José Costa, Presidente do Sindicato de Professores da Grande Lisboa (SPGL): Porque é que os jovens não querem ser professores?
– João Jaime Pires, Diretor Escola Secundária de Camões: Como preparar o início do próximo ano letivo?
– Alberto Teixeira, Professor de matemática, ex-diretor da Escola Artística Soares dos Reis: Como combater o estigma das vias profissionalizantes e artistícas?
Apoiar a cultura, investir na ciência
Na terça-feira haverá lugar ainda a um terceiro painel, subordinado ao tema “Apoiar a cultura, investir na ciência”. Luís Monteiro e Beatriz Gomes Dias serão os anfitriões desta sessão, que junta:
– Boaventura de Sousa Santos, Sociólogo: Como combater a crise do negacionismo e apostar na ciência?
– Teresa Summavielle, Investigadora em biologia, i3s: Qual a importância do investimento público em investigação científica?
– Pedro Magalhães, Investigador em ciência política, ICS: Como pôr o conhecimento ao serviço das políticas públicas?
– Adolfo Luxúria Canibal, Músico: É possível acabar com a precariedade laboral na cultura?
– Elisabete Paiva, Diretora Artística: Quais as medidas urgentes para a Cultura?
– Jacinta Bugalhão, Arqueóloga: Há políticas para o património para lá do turismo de massas?
– Zia Soares, Atriz e encenadora: Como democratizar o acesso à fruição e produção cultural?
– Cláudio Torres, Arqueólogo: Qual o papel da ciência e do património no desenvolvimento do interior?
– Sara Barros Leitão, Atriz e encenadora: Como resgatar o tecido artístico e recuperar a produção cultural?
Habitar as cidades, garantir direitos
“Habitar as cidades, garantir direitos” é o tema do primeiro painel de quarta-feira, dia 29. A apresentação é de José Manuel Pureza e Ricardo Moreira. Para falar sobre esta matéria, o Bloco convidou:
– Bruno Sena Martins, Investigador na área dos direitos humanos, CES: Como repudiar o racismo como normalidade?
– Bruno Gonçalves, Vice-Presidente da Associação Cigana Letras Nómadas: Comunidade cigana: vítimas em dobro da pandemia?
– Jorge Falcato, Ativista do pelos direitos dos deficientes: Pessoas com deficiência: como manter a vida independente como prioridade?
– Elisabete Brasil, FEM – Feministas em Movimento: Como garantir os direitos das mulheres agora e no futuro?
– Conceição Gomes, Observatório Permanente da Justiça Portuguesa: Que sistema de justiça para reforçar os direitos?
– Ana Cristina Santos, Investigadora em estudos de género, CES: Como proteger os direitos das pessoas LGBT?
– Joana Tavares, Investigadora em ciências farmacêuticas, i3s: Pessoas em situação de sem-abrigo, que modelos de resposta?
– Fabíola Cardoso, deputada do Bloco: Como proteger os direitos das pessoas LGBT?
– Ricardo Fuertes, Técnico Comunitário na área do VIH e dependências: Que respostas para as populações em situação de risco?
– Cyntia de Paula, Presidente da Casa do Brasil: Direitos dos imigrantes, quais os próximos passos?
– Ricardo Loureiro, Investigador no Observatório Europeu de Prisões: Que modelo para as prisões?
– Simone Tulumello, Investigador em planeamento urbano, ICS: Como ultrapassar a monocultura do turismo e garantir o acesso à habitação?
– Nuno Travassos, Arquiteto e investigador em dinâmicas do território, FBAUP: Qual o papel do IHRU nas políticas públicas de habitação?
Proteger os empregos, defender os salários
O último painel da Conferência online VENCER A CRISE é dedicado ao tema “Proteger os empregos, defender os salários”. José Soeiro e Isabel Pires far-se-ão acompanhar por:
– Maria da Paz Campos Lima, Socióloga do Trabalho: Que desafios se colocam à contratação coletiva e que respostas à economia de plataformas?
– João Leal Amado, Professor de Direito, Universidade de Coimbra: Que alterações legais são necessárias para combater a precarização?
– Rita Garcia Pereira, Advogada e Especialista no tema do assédio moral no trabalho: Que medidas devem ser tomadas no campo dos despedimentos?
– António Mariano, Presidente do SEAL: Como lutar contra o trabalho à jorna e contra a chantagem anti-sindical?
– Tânia Ramos, Professora de engenharia, IST: Como mudar o padrão de precariedade e o papel da renacionalização de empresas?
– Carvalho da Silva, Coordenador do CES Lisboa: Que prioridades para uma reestruturação produtiva e ecológica que garanta o envolvimento dos trabalhadores?
– Renato Carmo, Sociólogo: O que já nos diz esta crise sanitária sobre as dinâmicas de precarização e a proteção social?
– Daniel Carapau, Ativista dos Precários Inflexíveis: Como mobilizar os trabalhadores a recibos verdes?
– Amelia Martinez Lobo, Fundação Rosa Luxemburgo: Quais os desafios e oportunidades para o trabalho de reprodução social numa perspetiva feminista?
O encerramento dos trabalhos caberá a Catarina Martins, Coordenadora nacional do Bloco de Esquerda.
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