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Covid-19 | A ideia ‘errada’ de que já passamos o pico da epidemia

 

 

Nos últimos dias, muitos modelos matemáticos têm sido apresentados, com a possibilidade de que a curva analítica que mede o número de infetados de Covid-19 no nosso país, poderia já ter tido o seu pico na altura do dia 31 de março. Efetuando uma análise aos números dos outros dias, onde tínhamos a sensação de estarmos a atravessar o “planalto” da crise, no qual os resultados se mantinham dentro de um crescimento estabilizado, poderíamos efetivamente considerar “TALVEZ” que o pico já tivesse sido atingido. No entanto há muitas variáveis que podem induzir em erro estas supostas conclusões. Entre outras, há que ter em conta a falta de testes para se efetuarem que desde logo condicionam os resultados para um número mais baixo de possíveis infetados, possíveis erros na comunicação de dados à DGS, óbitos que poderão estarão a acontecer atribuídos a outras patologias.

No entanto, é no universo de teste realizados que se encontra a variável principal a ter em consideração, pois os resultados apresentados dependem diretamente do número de testes existentes.

Se não existem testes suficientes para testar todos os indivíduos que pertençam a grupos de risco ou que tenham estado em contacto com algum infetado, então os números apresentados não passam de uma realidade virtual. Os números não refletem o estado real da pandemia em Portugal.

Dou nota, até ao momento em que escrevo este artigo, de ter sido contactado por 4 pessoas cujos cônjuges estavam afetados e aos quais, após terem informado o SNS, os testes foram marcados para 4 de maio!!!! Quase um mês depois, ou seja, os sintomas podem aparecer, desaparecer, e até dar positivo no momento e depois dar negativo, enfim uma confusão.

Depois existe o problema dos “Resistentes”, desde as forças médicas que estão na linha da frente, médicos, enfermeiros, auxiliares, até aos funcionários dos estabelecimentos de bens essenciais que atendem a público. Todos estes mereciam e deveriam fazer os testes, pois vão para as suas casas, onde por vezes a família já se encontra em quarentena, podendo infetá-los e criar novas redes de propagação. Há ainda a tomar em linha de conta a questão das instituições com utentes em número elevado, desde lares, casas de saúde, instituições de acolhimento, e não esquecer dos seus funcionários. Não menos importante: não esquecer das nossas forças de segurança, polícias, militares, bombeiros. São estes que zelam pela nossa segurança e pelo cumprimento das medidas de contingência, assim como pelo controlo do isolamento obrigatório de quem está infetado e fura abusivamente esse mesmo controlo.

Sem testes, relembro, mais uma vez, que os números que a DGS apresenta estão desvirtuados. Não existirá um acompanhamento real, enquanto esta solução da falta de testes não se resolver. Estamos a criar uma expectativa falsa à população portuguesa de que Portugal tem isto controlado, o que na minha opinião, não é verdade! Estamos iludidos por uma realidade que teima em não chegar, mas desta vez sabemos o motivo.

Há um senão também a considerar neste tipo de “resultados” que poderão não corresponder à realidade, podendo deixar a sensação que está tudo a voltar ao normal e a população baixar a guarda, no que diz respeito às medidas de contingência impostas. Esta semana, continuamos a ver muitas pessoas na rua, sem proteção, a passear, enfim… Este é um dos sentimentos que não podemos nem queremos que as pessoas sintam, de uma segurança dissimulada provocada por resultados desvirtuados.

Pode-se dizer contudo e, no fundo, não deixa de ser verdade, que Portugal atuou rapidamente, tomando medidas de contingência antes dos outros. Espero que assim seja. Mas devemos estar preparados para cenários muito piores, pois quando houver testes suficientes, a realidade poderá ser negra e colapsar o nosso Sistema Nacional de Saúde. Entretanto lavem as mãos, desinfetem, usem máscara, evitem contacto social e resguardem-se.

 

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