A associação Braga Ciclável, que reúne cidadãos (potencialmente) utilizadores de bicicleta na cidade de Braga como meio de transporte preferencial e pretende contribuir para a melhoria de condições de segurança e conforto, com vista a expandir esse uso e tornar Braga uma cidade onde seja mais seguro e agradável viver, ao abrigo do período de discussão pública do EMGTMB – Estudo de Mobilidade e Gestão de Tráfego do Município de Braga, fez chegar à respetiva Câmara Municipal um documento com 29 páginas contendo uma análise e algumas propostas relativas ao documento apresentado no passado mês no Museu Dom Diogo de Sousa pela autarquia.
Contestando o momento de disponibilização do EMGTB dado ter sido escolhido o mês de dezembro para discussão pública do documento, escolha que faz com que “a participação pública seja escassa”, a Braga Ciclável considera sobretudo que “para além de um fraco diagnóstico, o ‘estudo’ não define as metas e os valores a alcançar a curto e médio prazo, nem tão pouco descreve de que forma se vão alcançar as metas finais que estão já definidas no PDM para 2025, mas que este estudo diz serem, afinal, para 2030″.
“Uma abordagem de mudança do paradigma da mobilidade na cidade, colocando o peão no topo da pirâmide, seguindo-se a mobilidade em bicicleta e a mobilidade em transportes públicos, reduzindo o espaço e o uso do automóvel parece-nos a abordagem mais correta num Plano que pretende alcançar a sustentabilidade da mobilidade”, acrescenta a nota emitida pela associação.
A Braga Ciclável considera que no documento colocado à discussão pública pela autarquia bracarense se verifica “a presença de medidas e ações que são contrárias à mesma [mobilidade] e em algumas vezes contraditórias entre si“, uma vez que “o plano carece de uma análise quantitativa da situação atual”, não existindo “um calendário de implementação das medidas preconizadas, bem como da sua orçamentação”.
No mesmo registo, deixa ainda a nota de que, no EMGTMB, “no âmbito da mobilidade ciclável, são utilizadas soluções técnicas muito distantes das melhores práticas internacionais”, em especial “deixando de parte todos os manuais de boas práticas europeus, como o holandês do CROW, o francês da CEREMA e o inglês do DfT”. Com o modelo escolhido – um manual australiano -, “é posta em causa a segurança de peões e ciclistas”, acrescenta a associação ciclista.
E explicita de forma clara: “As melhores práticas internacionais dizem mesmo que nunca, em momento algum, as ciclovias são criadas nos passeios, nem, tão pouco, ao nível dos passeios“.
Lamentando “a ausência da Visão Zero relativamente aos atropelamentos“, a Braga Ciclável assinala também que “as propostas presentes no estudo [EMGTMB] não são suficientes para se alcançarem as metas previstas em 2030 (que no PDM são para 2025), de ter 10% da população a utilizar a bicicleta como modo de transporte, isto porque a rede prevista não se traduz numa rede coesa, direta, legível e segura”.
Algumas das propostas que a Braga Ciclável efetua ao longo do documento ora apresentado para eventual apreciação e inclusão no EMGTMB:
- Implementação do Projeto de implementação da Rede Pedonal e Ciclável e Inserção Urbana de Transporte Público;
- Um diagnóstico da situação atual baseado em dados quantitativos, bem como articulado com um conjunto importante de estudos e planos elaborados nos últimos anos;
- Calendarização e orçamentação de intervenções e objetivos a realizar a curto, médio e longo prazo;
- Calendarização de metas a alcançar a curto médio e longo prazo, em articulação com as intervenções projetadas;
- Revisão da metodologia utilizada para a definição das soluções técnicas preconizadas para a implementação da rede ciclável;
- Implementar medições anuais da repartição modal na cidade de Braga, sem misturar modos de transporte;
- Desistir das BikeBox e, ao invés disso, propomos que se permita, a quem se desloca de bicicleta, a viragem à direita em interseções semaforizadas, através de um sinal luminoso intermitente;
- Não implementar ciclovias bidirecionais, mas sim unidirecionais;
- Não implementar ciclovias nos passeios, mas sim no espaço destinado à faixa de rodagem ou destinado ao estacionamento automóvel.
- Eliminação de todas as passagens desniveladas e implementação de passagens de nível semaforizadas nesses locais;
- Adoção de uma Visão ZERO como meta a alcançar até 2025 no que à sinistralidade rodoviária diz respeito, indo ao encontro da Estratégia Nacional para a Mobilidade Activa;
- Tornar a Zona Pedonal uma Zona de Coexistência (zona 20 km/h), uma zona Car-Free, mas com acesso a outros veículos, como sejam bicicletas, trotinetes, transportes públicos e outros.
Fonte e Imagens: Braga Ciclável
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