O unitário-universalismo é uma espiritualidade moderna com uma longa história.
As raízes do unitário-universalismo radicam no cristianismo liberal e progressista, especialmente no unitarismo e no universalismo, duas correntes que se desenvolveram nos primeiros séculos do cristianismo, embora valorize todas as grandes tradições espirituais da humanidade como caminhos autênticos da conexão com o Divino como Fonte da Existência e da Vida.
Ao longo da História, tem havido uma enorme diversidade de interpretações da mensagem salvífica de Jesus. Daí a pluralidade interna do cristianismo no decurso do seu percurso histórico.
O unitarismo é uma corrente do pensamento cristão que enfatiza a unidade de Deus, remontando ao século I da nossa era.
Com efeito, no cristianismo original, a fé no Deus uno era considerado como um pilar fundamental. O facto de Jesus ter sido elevado e glorificado por Deus era considerado como resultado da fé no Deus uno. Jesus, o Cristo, era visto como a manifestação humana por excelência da Sabedoria Divina, da qual podemos ter a experiência no Espírito. Um ser iluminado e iluminador, dentro da tradição dos profetas de Israel, homens e mulheres que foram emissários da Sabedoria Divina.
A vivência e a fé de Jesus era teocêntrica, focada na Realidade Divina, o grande Mistério do Universo, da Vida e do Amor, a quem ele designava amorosa e carinhosamente de Abba, que significa simplesmente “Pai”.
Jesus não quis fundar uma religião institucionalizada. Ele foi o inspirador de uma comunidade espiritual de homens e de mulheres que se congregavam para viver a experiência do Espírito de Deus e do seu Reino. Nessa comunidade, os homens e as mulheres tinham papéis absolutamente equitativos, um aspeto da maior relevância que importa recuperar, valorizar e potenciar.
O universalismo é uma corrente de pensamento cristão que também remonta ao cristianismo primitivo, centrada na ideia da reconciliação ou salvação universal, segundo a qual todas as formas de existência são chamadas a reconciliar-se com o Divino, Fonte de Amor e Misericórdia.
O unitarismo e o universalismo tiveram diversas manifestações na História ao longo dos últimos dois milénios, umas mais visíveis, outras mais discretas, quando foram objeto de perseguições por parte dos poderes instituídos.
Nos primeiros três séculos, a generalidade dos pensadores cristãos aderiram de forma clara à fé na unidade de Deus, herdada do judaísmo, sempre subordinando Jesus, o Cristo, ao Deus uno e Pai. Mas, no concílio ecuménico de Niceia, em 325, convocado pelo imperador romano Constantino I, foi aprovado oficialmente o dogma da Trindade e a igualdade de Jesus com Deus.
O desfecho do concílio de Niceia radicou na falta de compreensão de que que Jesus e Cristo são realidades diferentes e não uma entidade única.
Cristo é a inteligência infinita de Deus, presente em toda a criação. A consciência crística é a expressão viva do Amor Divino e ao mesmo tempo transcendente e imanente. É a consciência divina universal e a unidade com Deus, manifestada por Jesus e outros grandes mestres espirituais e que todos nós somos convidados a manifestar.
As consequências do concílio de Niceia e da fórmula dogmática aí aprovada, que foi reafirmada pelos concílios ecuménicos posteriores, para o cristianismo e a humanidade, foram enormes. A fé deixou de ser de ser vista como vista como uma relação de confiança e de entrega a Deus, passando a ser encarada como a adesão incondicional a um conjunto de dogmas doutrinários cada vez mais complexos. Os judeo-cristãos, os gnósticos e todos os demais cristãos que não compartilhavam esta visão dogmática foram excluídos e perseguidos.
Para os judeus, e posteriormente para os muçulmanos e os seguidores de outras tradições espirituais em geral, a fórmula dogmática permaneceu incompreensível.
Durante o longo período da Idade Média, que se estende entre o fim da Antiguidade Clássica e o advento da modernidade, os indivíduos e os grupos que preconizavam uma visão unitária e universalista da mensagem cristã permaneceram na penumbra, devido à crescente intolerância do cristianismo institucional.
Com o surgimento da Reforma Protestante, no início do século XVI, que reivindicava o livre exame das Escrituras bíblicas, formaram-se movimentos unitários em diversos países europeus, nomeadamente na Alemanha, na Polónia, nos Países Baixos, na Transilvânia e nas Ilhas Britânicas, sobretudo em Inglaterra. A partir de Inglaterra, o unitarismo disseminou-se nas colónias britânicas da América do Norte, treze das quais formaram o núcleo fundador dos Estados Unidos da América, bem como noutros territórios.
Entretanto, também se formavam movimentos que defendiam o universalismo. O unitarismo norte-americano, que se tornou particularmente pujante, teve um processo de profunda transformação interna. Com efeito, ao longo do século XX, o unitarismo norte-americano deixou progressivamente de ser uma confissão religiosa exclusivamente cristã para converter-se progressivamente numa espiritualidade liberal e cada vez mais multiconfessional e pluralista.
Em 1961, a Associação Unitária Americana fundiu-se com a Igreja Universalista da América para fundar a Associação Unitária Universalista.
Em 1995, constituiu-se o Conselho Internacional de Unitários e Universalistas (ICUU) para coordenar as diversas comunidades unitárias e universalistas no mundo.
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