Quercus prova existência de uma “corrida ao Lítio” em Portugal e revela que 10,1% do território nacional está sob forte ameaça destes projetos de mineração. Levantamento exaustivo da associação aos requerimentos efetuados pelos promotores junto da Direção-Geral de Energia e Geologia demonstra ainda que se o Minho é uma das regiões-alvo – Arcos de Valdevez, Barcelos, Braga, Cabeceiras de Basto, Fafe, Melgaço, Monção, Vieira do Minho e Vila Verde -, o interior de Portugal é a região mais atingida.
A Quercus realizou, ao longo das últimas semanas, uma análise exaustiva a todos os pedidos de atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de depósitos minerais que foram efetuados entre Janeiro de 2016 e Junho de 2019, ou seja, ao longo dos últimos três anos e meio. Os dados oficiais que serviram de base a esta análise foram recolhidos através da página eletrónica da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).
Esta análise detalhada permitiu demonstrar e concluir a existência real de uma “corrida ao lítio” em Portugal, que na maioria das vezes é acompanhada por outros minerais (Ouro, Prata, Zinco, Cobre, e outros). Num total de 93 requerimentos analisados, foi possível concluir que em 19,3% da área territorial de Portugal existem pedidos de prospeção e pesquisa de minerais (17 797, 92 km2), sendo que só no primeiro semestre de 2019 foi requerida uma área global de 8 848,4 km2, cerca de 49,7% do total dos últimos 3 anos e meio. O lítio e o ouro são os minerais mais requeridos, com um total de 50 pedidos cada, nos anos analisados.
Relativamente ao Lítio, em 2019 foram apresentados, até à data, 22 requerimentos, por uma única empresa, a Portugal Fortescue, Unipessoal, Lda, totalizando 6 926,168km2 de área para prospeção (74,4% do total dos últimos três anos e meio). No total, 130 Municípios de Portugal continental (46,8%) estão sob ameaça da exploração de minerais, 79 dos quais com requerimentos de lítio (25,7% dos municípios).
Quercus recomenda atitude precaucionária
Os Municípios com mais requerimentos de prospeção de lítio são a Guarda e Figueira de Castelo Rodrigo, com 7 requerimentos diferentes em acumulado. Resultou também da análise efetuada que as regiões-alvo destes pedidos de prospeção de minério são o Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro e Beira Interior. O estudo completo pode ser consultado na página eletrónica da Plataforma “Alerta Lítio”.
Perante estas evidências, a Quercus considera que existe claramente uma pressão, por parte dos vários investidores, para que estes projetos de mineração, sobretudo de lítio, avancem em todo o território nacional e recomenda ao Governo português que tenha uma atitude muito precaucionária, olhando de forma mais atenta para os interesses ambientais e das populações atingidas.
A Quercus recorda também todos os problemas e impactes ambientais que este tipo de mineração acarreta e considera que não é aceitável falar-se da extração de lítio, no contexto de mobilidade elétrica, como a solução única e ótima de armazenamento de energia, dado todo o contexto em que a extração deste minério se realiza. A extração de lítio é sobretudo um problema de mineração e dos seus impactos no ambiente e nas populações.
Imagens: Unsplash
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