O tempo destinado à destruição é maior que o tempo da recuperação natural, é o mesmo que dizer que a escala de tempo geológico é morosa comparada com a escala de tempo histórico que nos rege.
Na atualidade, quarenta e sete anos volvidos da comemoração do Dia Mundial do Ambiente, hoje é o momento histórico para o entendimento global da causa planetária. A incontornável beleza da natureza, é claro, a compreensão detalhada, dos seus instintos, das suas dinâmicas e dos seus ritmos. No dia mundial do ambiente o equilíbrio procura-se.
E também, acima de tudo, a conexão necessária que passa por atribuir significado à origem das coisas no usufruto e na transformação consciente dos recursos naturais. Foi muito fácil, ao longo de décadas intensas de urbanidade, desprendermo-nos do sector primário e secundário que inerentemente conectava-nos à natureza, por exemplo. A composição dos materiais e a sua origem perde tendencialmente significado, quanto ao produto final. Roupa, alimentação, tecnologia, de origem natural ou refinada todos têm um denominador comum: serem elementos provenientes e ou transformados da natureza. Empoderar a natureza é conhecer e valorizar a sua potencialidade.
O ano de 2019, para Portugal, tem sido um ano particularmente entusiasmante relativamente às forças de ânimo em matéria de conhecimento e valorização da natureza.
Valorizar a natureza, valorizar o território
Em matéria de conservação da natureza, a recente existência de dez novas crias de lince ibérico no Vale do Guadiana e o privilégio de ser visitado pelo urso-pardo (o regresso de uma espécie considerada extinta em Portugal desde 1843) é o mote ideal para discutir a natureza no seu coletivo. São estas duas espécies, a par também do lobo-ibérico por exemplo, que carregam nas suas costas a responsabilidade e os desígnios da conservação e da proteção, porque eles, inerentemente acarretam paisagens e ecossistemas frágeis representativos da casa que habitam. A valorização dos mesmos como espécie-foco – entendendo que com a sua proteção ajudam a proteger, de forma indireta, outros ecossistemas e a salvaguarda de outras espécies vegetais e animais – é vital.
Do mesmo modo, atendendo à faculdade do ser humano como aquele capaz de valorizar em torno da satisfação e da carga emotiva “algo” que não é encontrado num objeto como uma propriedade intrínseca, mas sim numa relação de apreciação faz de nós a espécie animal com a habilidade de valorizar mas também de priorizar. Valorizar na sociedade civil o lobo, o lince ou urso, e fascinarmo-nos pela sua existência, é protegê-los e proteger os seus territórios porque eleger e emancipar a parte é celebrar um Todo.
Sugestão Audiovisual:
“Portugal, Património Natural – Uma viagem pelas Áreas Protegidas de Portugal Continental”
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Imagem: (1) Paula Peliteiro