A 13.ª edição do Literatura em Viagem , de 10 a 12 de maio, em Matosinhos, permitirá recordar e analisar inúmeras histórias de últimas viagens que, com o tempo, devieram míticas ou metafóricas e permaneceram na nossa memória individual ou coletiva, sejam elas reais ou imaginárias. São as viagens trágicas que marcam a nossa história, do mediático Titanic, ao menos conhecido Hindenburg, do último voo de Saint-Exupéry ao desaparecimento de Sá Carneiro. Há superstições entre os viajantes, o azar faz parte da viagem, por cada Pedro Álvares Cabral quantos exploradores como Miguel Corte-Real passaram ao esquecimento. Vá ao LeV discutir estas e outras questões e regresse a casa em viagem consigo mesmo.
Artur Santos Silva, ex-presidente do conselho de administração da Fundação Gulbenkian, vai ser o protagonista da conferência inaugural da décima terceira edição do festival Literatura em Viagem (LeV), que arranca esta sexta-feira, 10 de maio, em Matosinhos. A conferência terá lugar, como vem sendo hábito, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, pelas 21h30, após o que o festival se mudará para o Teatro Municipal de Matosinhos-Constantino Nery, onde decorrerão as restantes sessões.
Numa edição também marcada por uma imagem renovada, o LeV tem este ano como tema “A última viagem” e contará com a participação de mais de duas dezenas de autores, entre os quais se destacam Alan Hollinghurst (vencedor do Man Booker Prize), Michael Cunningham (vencedor do Prémio Pulitzer) e Frederico Lourenço (vencedor do Prémio Pessoa). Para facilitar o acesso ao Teatro Municipal de Matosinhos, os amantes dos livros e das viagens poderão usar o parque de estacionamento da lota (Rua Heróis de França) de forma gratuita, requerendo para isso, no teatro, o cartão que atesta a sua presença no festival.
Alan Hollinghurst é um dos grandes escritores da Inglaterra contemporânea. Nascido em Shroud, Inglaterra, em 1954, estudou em Oxford. O seu primeiro romance, “A Biblioteca da Piscina”, conquistou o Somerset Maugham Award e valeu-lhe um lugar entre os Melhores Jovens Romancistas Britânicos, segundo a revista ‘Granta’. Seguiu-se “The Folding Star”, que foi finalista do Booker Prize e vencedor do James Tait Black Memorial Prize. A sua consagração definitiva deu-se em 2004, quando “A Linha da Beleza” foi galardoado com o Man Booker Prize. Publicado em 2011, “O Filho do Desconhecido” cimentou a reputação do autor como um dos nomes maiores da literatura anglo-saxónica. “O Caso Sparsholt”, publicado em 2018, é o seu livro mais recente.
Frederico Lourenço, por demais conhecido entre os portugueses amantes da grande literatura, nasceu em Lisboa, em 1963, manifestou sempre enorme interesse em Línguas e Literaturas Clássicas, tendo-se licenciado, em 1988, na Universidade de Lisboa, onde mais tarde se doutorou com uma tese sobre os cantos líricos de Eurípides. Desde novembro de 2009 é professor associado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Entre 1990 e 1994 foi crítico de cinema no jornal «Público». Durante o mesmo período, colaborou com a Cinemateca Portuguesa na elaboração de textos sobre cinema e de diversos catálogos e publicou ensaios de crítica literária em diversas revistas especializadas de referência como o ‘Journal of Hellenic Studies’ e a ‘Colóquio-Letras’. Foi também colaborador do jornal «Independente» com artigos sobre dança e música clássica. Em 2006, o seu romance “Pode Um Desejo Imenso” recebe por unanimidade o Prémio Europa/David Mourão Ferreira numa iniciativa conjunta da Universidade de Bari, do Instituto Camões e da Fundação Gulbenkian.
Tendo-se dedicado durante anos ao estudo e tradução da poesia grega (com destaque para Homero), começou a voltar-se também para outros interesses a partir de 2007: estudos bizantinos, germanística e história da dança. Em 2009, é galardoado com o Prémio PEN Clube Português para Ensaio, com “Novos Ensaios Helénicos e Alemães”. O seu trabalho como tradutor tem sido considerado como um grande contributo para a cultura portuguesa, sendo as suas traduções diretamente do Grego dos textos de Homero as grandes referências para o estudo destas obras em Portugal: “Ilíada”, incluída no Plano Nacional de Leitura, e “Odisseia”, galardoada com o Prémio Dom Dinis 2004 e com o Grande Prémio Tradução Literária APT/APE 2004. Em 2016, Frederico Lourenço publica o primeiro volume do mais ambicioso projeto enquanto tradutor, até à data: a tradução da Bíblia grega, diretamente do texto original. Os textos serão publicados, na íntegra, em seis volumes, até 2020.
Em dezembro de 2016, o autor é reconhecido com o Prémio Pessoa, concedido anualmente à pessoa de nacionalidade portuguesa que durante esse período — e na sequência de uma atividade anterior — tiver sido protagonista de uma intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica de Portugal. Com a Quetzal, publicou já 4 volumes da Bíblia traduzidos a partir do original grego, projeto iniciado em 2016 e com direitos vendidos para o Brasil (Companhia das Letras). A mesma editora publicou também uma nova edição, revista e anotada, da “Odisseia de Homero” em 2018. “Nova Gramática do Latim”, o mais recente livro do autor, foi publicado pela Quetzal em 2019.
Uma série de outros autores nacionais de referência, nomeadamente Carlos Fiolhais, Fernando Dacosta, Fernando Ribeiro, Fernando Vendrell, Helena Vasconcelos, João Canijo, José Milhazes, Mário Correia, Rui Agostinho e Rui Tavares vão dar corpo a uma edição do LeV que, marcada pelo número 13, explorará o universo das viagens que não correram como o previsto e que, pelo seu desfecho trágico, marcaram a memória coletiva de algumas nações e do mundo. Do desaparecimento de Saint-Exupéry ao naufrágio do Titanic, o LeV debaterá a forma como a literatura se apropriou destas histórias e as eternizou ou redescobriu.
O festival tem o seu arranque na sexta-feira de manhã, com as autoras Inês Botelho e Raquel Patriarca a visitarem escolas do concelho para explicarem aos mais novos as inúmeras relações que se estabelecem entre a viagem e a literatura.
Para além dos habituais debates e entrevistas, o LeV contará também, no sábado e no domingo, com um conjunto de atividades que marcam esta 13.ª edição, entre as quais se incluem uma oficina de tradução por Nuno Quintas; uma sessão de leituras pelo autor cabo-verdiano Silvino Évora; e o espetáculo «Na tua ou na minha língua», que conta com a participação de Fabio Guidetti, Maud Vanhauwaert, Pedro Viegas, Simone Atangana Bekono e Xénon Cruz, no âmbito do projeto internacional CELA — Connecting Emerging Literary Artists.
A programação inclui ainda, no sábado, uma apresentação das obras “Amantes de Buenos Aires”, de Alberto S. Santos, um dos autores mais lidos nos últimos anos em Portugal, e “O rapaz que queria aprender a olhar”, de Vítor Pinto Basto, numa sessão em que estarão também presentes o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos, Fernando Rocha, e o jornalista e escritor Júlio Magalhães. Também no sábado terá lugar uma mesa de debate com leituras encenadas da responsabilidade da Residência Dramatúrgica de Matosinhos, que conta com a presença de Caplan Neves, Cecilia Ferreira, Fabio Brandi Torres, Immaculada Alvear, Jorge Louraço e Luis Miguel Cruz.
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