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Para quem aprecia Cinema, mesmo que seja de forma ténue e pouco elucidativa, já seguramente ouviu pronunciar sobre o agente secreto mais popular e icónico da sétima arte, conhecido por James Bond, o agente 007, o espião mais eficaz e bem sucedido da organização de espionagem britânica MI-6.
Embrionada pelo escritor Ian Fleming em 1953, a personagem fictícia James Bond foi inicialmente compilada em livros de bolso como uma série de aventuras que configuravam, no seu âmbito, o espectro saliente da Guerra Fria. À época, suscitou nos leitores um interesse considerável, tendo mesmo atingindo um acervo faustoso do número de vendas, mais propriamente em Inglaterra e nos países de língua e expressão Inglesa.
Na década seguinte saltou para o cinema, mais concretamente em 1962, com o filme “Dr. No“, protagonizado pelo conceituado actor Sean Connery acompanhado da esbelta Ursula Andress. De imediato, foi um retumbante sucesso e que originou uma grande franquia no cinema, com uma afirmação inequívoca e transcendente ao longo das décadas até aos dias de hoje. Contam-se já vinte e quatro filmes aos quais a personagem James Bond se entronizou de forma perene, sem que nos média se vislumbra hipotético fim à vista, pois toda a envergadura produtiva e concepção narrativa associada à semântica desta personagem ainda está clamorosamente presente nos indefectíveis desfrutadores da sétima arte.
Quais serão então os motivos para o sucesso de James Bond trespassar gerações e se manter inquebrável e indelével?
Existem vários aspectos que se foram solidificando e surgindo com o avolumar e a prossecução das várias películas associadas à figura do Agente 007, a primeira das quais é o enredo em si. A generalidade das pessoas que assistem a cinema aprecia um bom filme de acção e de género policial, em que uma pessoa de bem impede a propensão do mal e os seus efeitos colaterais, o que, no fundo, é a principal missão de 007, isto é, descobrir, investigar e travar os intentos de um caudilho que normalmente detém grande poder económico e uma actuação perniciosa com probabilidade de cometer genocídios em proporções incomensuráveis. A prestação do Agente 007 revela-se sempre vital para evitar um vesúvio de dimensões incalculáveis.
A segunda razão é o desempenho dos actores que personificam as personagens, com mais ênfase na figura do Agente 007, sendo determinante a actuação de Sean Connery para a asserção definitiva dos filmes 007 até um patamar de êxito que, por consequência, o tirou do anonimato e o lançou na ribalta, para se tornar num grande actor consagrado. Do mesmo modo, posteriormente, o actor Roger Moore consolidou com destreza o personagem, assumindo com um protagonismo inequívoco o papel de Agente 007 durante sete filmes consecutivos.
Um terceiro aspecto a ter em conta é a personalidade adjacente à figura de James Bond. Bond tem todas as qualidades que um homem desejaria no seu íntimo ter. Bond é um homem bem parecido, charmoso, intrépido, bravo, intuitivo, assertivo, eficaz, bom manejador de armas e um atirador implacável e extremamente resoluto no combate físico, em suma, com a conjugação destes atributos torna-se num homem providencial que se destaca de forma inolvidável em relação ao homem comum.
James Bond tem apenas um senão perceptível e latente no personagem. James Bond é um homem solitário, vivendo da ocasião e do imediatismo, com romances esporádicos e sem perspectiva de futuro. Esse é, sem sombra de dúvidas, o ponto mais fraco de Bond, facto que é naturalmente escamoteado por não ter significado aparente para o desiderato da saga e da própria narrativa.
Outra razão, a quarta, para o sucesso da ‘saga Bond’ tem a ver com a envergadura e os meios sofisticados afectos à produção deste tipo de filme, a tecnologia de ponta está sistematicamente implícita, mesmo que seja acautelada de forma virtual, com o aparecimento nas cenas dos filmes, de situações sui generis como uma pistola camuflada em isqueiro, ou uma viatura que acumula as funções de automóvel e de um barco, entre outras situações paradigmáticas, que vão surgindo como um alicerce adicional à missão periclitante do Agente 007.
Mais uma razão, a quinta, prende-se com a aparência física e a fisionomia dos intérpretes, os filmes do 007 são normalmente e tendencialmente munidos de personagens representadas por belas e atraentes mulheres no auge dos seus atributos físicos, para agudizar o apetite sagaz de sedução de James Bond, como outros se intitulam no lado mais inexorável e crispado da narrativa, designadamente personagens de aspecto arisco e hostil, extremamente perigosos, que são aliados naturais do vilão principal do filme.
Já a sexta razão e a última razão para a popularidade e a notoriedade que as aventuras do Agente 007 foram granjeando em todo mundo, designadamente no mundo ocidental, e com grande impacto e denodo, traduzindo-se num êxito assinalável de bilheteira até meados dos anos 80, foi a Guerra Fria entre os Estados Unidos e a URSS, aspecto aliás que pode ter sido vital para consignação e concretização de diversos filmes produzidos à razão de dois a cada dois anos. Este aspecto foi-se diluindo paulatinamente de interesse, com a anunciada queda do muro de Berlim e a instituição da perestroika na URSS e o seu sintomático desmembramento que conduziu ao fim da Guerra Fria ela própria.
Não obstante esta alteração considerável do cerne conjuntural do enredo e a sua subordinação a uma época de relações internacionais tensas entre os dois blocos – EUA e URSS -, na realidade os argumentistas e produtores foram recorrendo a cenários e narrativas mais compagináveis com a actualidade, para continuar a dar vida ao Agente 007, adensando ao seu velho estilo, outros compartimentos de máfias obscuras e inóspitas, com menos filmes é certo, mas mantendo o rótulo e os pergaminhos diante dos entusiastas da sétima arte.
Nestes cinquenta e sete anos da saga de James Bond, o Agente 007, alguns dos vinte e quatro filmes destacaram-se de forma efusiva e mais vincada, essencialmente devido à envergadura da produção e à publicidade inerente à sua divulgação, à asserção de um enredo mais arrojado e encorajador. Por vezes, também a simples mudança de ciclo, com a nomeação de um novo actor e protagonista para o papel de James Bond, suscitou um maior interesse nos média e um aumento significativo dos montantes associados à receita de bilhetes nas salas de cinema. Não obstante essas diferenças conjecturais e de pormenor, sugere-se a visualização de qualquer um deles porque a sua natureza intrínseca está sempre presente em todos os filmes. Neles, o Agente 007 é requisitado para uma determinada missão, na qual visa deter algum poderoso déspota que, com a sua acção nefasta, pode pôr em causa a segurança mundial.
No primeiro filme da saga “DR NO“, protagonizado por Sean Connery, o Agente 007 está incumbindo de investigar e enfrentar o misterioso e híbrido cientista Dr No, um homem com dotes científicos megalómanos que visa destruir o programa espacial dos Estados Unidos. Por isso, Bond tem que usar as suas faculdades motoras e sapiência, viajando propositadamente para a Jamaica onde o suposto “DR NO” e os seus correligionários, estão confortavelmente instalados numa pequena ilha.
Nos outros filmes, que Sean Connery protagonizou, excepto o filme “007 contra Goldfinger“, Bond tem que contrariar os intentos de uma organização criminosa internacional denominada SPECTRE, que com ramificações em todo o mundo, ostenta toda uma panóplia de estratégias criminais de longo alcance, como tráfico de droga e roubo de arsenal militar para agudizar a tensão entre os EUA e URSS e em que, com um ultimato veemente, solicitam o pagamento de montantes avultados, ameaçando usar esse arsenal de forma descomunal, contra qualquer umas das cidades do mundo, sobre a égide de um homem sinistro e obscuro que lidera a organização de forma execrável e implacável.
Em 1969, Sean Connery é substituído por George Lazenby, no papel de James Bond, no filme “Ao serviço de sua majestade“, mas o actor não se conseguiu afirmar, sendo-lhe diagnosticado falta de carisma e de convergência com as características endógenas do papel, mas o filme, que na minha perspectiva até nem é mau, ficou aquém das expectativas.
Assim, foi necessário recorrer outra vez a Sean Connery para o filme “Os diamantes são eternos” até que, em 1973, a chegada de Roger Moore para interpretar o papel de James Bond, submete um novo impulso decisivo à personagem, instituindo-lhe um estilo mais charmoso, afável, desprovendo a personagem da carga excessivamente pragmática e incisiva, não descurando os restantes atributos elementares da condição do Agente 007.
Cumulativamente, a produção também apostou em enredos mais diversificados e resolutos que deram outro dinamismo e categoria às aventuras do agente secreto, também evidentes nos últimos dois filmes dos sete efectuados, com uma melhoria muito substantiva da espectacularidade dos cenários e dos meios tecnológicos envolvidos.
Com a saída de Roger Moore do papel, entra em cena de Timothy Dalton, em 1987, que se impôs com dois filmes bem conseguidos, neste caso “Risco Imediato” e Licença para Matar“, em 1989, com muita acção e adrenalina à mistura, em parte alcançados pela postura do protagonista Timothy Dalton que trouxe acutilância e reactividade à personagem.
Mas como o início dos anos 90 se pautou por um desanuviamento das tensões internacionais, a produção e os argumentistas submeteram o Agente 007 a uma travessia no deserto durante seis anos, pairando no horizonte a possibilidade da saga estar no fim. Eis senão que surge o jovem e conceituado actor Pierce Brosnan, de méritos reconhecidos, para potagonizar o papel de James Bond no filme “Goldeneye“, em 1995, um filme que se destaca pela era da revolução tecnológica, em que Bond tem que usar todos os seus predicados para evitar que o controle de um poderoso satélite Goldeneye caia em mãos insanas, pois pode causar danificação em qualquer equipamento electrónico.
Após este filme, Pierce Brosnan fez ainda mais três. “O mundo não chega“, de 1999, atingiu um bom índice de bilheteira devido à paranóia adjacente com a mudança de século. Apesar de o título do filme ser sugestivo a essa alusão temerosa e paradoxal, o enredo do filme apenas se debruça sobre as intenções maléficas de um terrorista lunático – Renard – que tem por desiderato controlar todo o petróleo do mundo.
Porém, em 2006, um novo actor é destacado para representar a figura de 007. No filme “Casino Royale“, o escolhido é Daniel Graig, que actualmente ainda ocupa o estatuto de James Bond. Com Daniel Graig, o pragmatismo afecto à personagem regressa de forma convincente, aliado a uma frescura física incomensurável, perceptível no denodo disruptivo nos combates e cenas de acção intensas, com mais realce nos dois primeiros filmes do actor. No entanto, é notório em “Casino Royale” que a produção quis voltar às origens, com a primeira missão a ser entregue ao Agente 007. Este decide participar activamente em jogos de póquer de grande envergadura para tentar melindrar Le Chiffre, um homem que financia os negócios obscuros de terroristas. Daniel Graig fez até ao momento quatro filmes, estando em equação outro filme para 2020, sendo que o último filme, realizado em 2015, “Spectre”, significou um regresso paradigmático ao velho estilo da organização criminosa dos anos 60, com uma versão mais requintada e actual com recurso óbvio a tecnologia de ponta.
Não sabemos efectivamente quanto tempo o Agente 007 e o seu rótulo de herói intemporal vai permanecer activo e com novas aventuras no mundo da sétima arte, mas uma coisa é certa: que está imperativamente nos anais da história do cinema é um facto indesmentível.
E o vigésimo quinto filme com o Agente 007 está aí já a caminho.
Imagens: (0, 5, 6) EON Productions, em James Bond – fb, (1) Editoria Livre, (2) EON Productions, em ScreenMusings (3) James Bond Brasil (4)
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