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Demissão de António Costa: jogada arriscada ou cartada de mestre?

 

 

Nada, ou melhor dizendo, pouco, o fazia prever.

A eventual demissão de António não parece fazer sentido. As eleições estão já aí à porta. Por quê precipitar uma crise?

Não se entende. Ou melhor…

Mas não se entende também a posição do Partido Social Democrata (PSD) nem a do Partido Popular (CDS-PP). Afinal, nos últimos anos, ambos os partidos passam a vida a acusar o Governo de despesista e, desta feita, nem sequer se preocupam em dizer onde iriam buscar a verba para pagar os aumentos salariais ou quais os cortes que efetuariam nos serviços públicos ou no investimento para os compensar.

As posições de Bloco de Esquerda (BE) e Partido Comunista Português (PCP) surgem assim como as mais coerentes em todo o processo, ainda que possam ser consideradas indevidas por uns tantos.

Sendo certo que, nos últimos meses, o PSD, partido determinante para o desenlace do caso ‘Professores’,  permitia antecipar, em algumas tomadas de posição, principalmente de Rui Rio, que o acordo de ontem à noite, com a aprovação da contagem de todo o tempo de serviço dos professores, viria a suceder, tal levaria a pensar que o Partido Socialista (PS) tivesse, de facto, o cenário já preparado.

O certo, contudo, é que o PS se pôs a jeito para o que se passou na noite ontem. Caso contrário, teria tratado de atempadamente regularizar a situação dos ‘Professores’.

E uma ameaça de demissão do Governo por tão pouco arrisca ser mal vista e ser até um tiro de pólvora seca ou um tiro no pé.

O argumento da (ir)responsabilidade financeira e orçamental pode parecer correto, apesar da sua gigantesca variabilidade – 300 a 1.000 Milhões de euros têm sido números apresentados – e, na verdade, quer o Governo quer os outros partidos ou sindicatos envolvidos jamais apresentaram números que pudessem ser claros ou consensuais. Afinal quase não há portugueses que percebam de números com tantos milhões, pelo que nem sequer os podem colocar em causa. É possível que até o esteja.

“Desde a sua tomada de posse em 26 de novembro de 2015 o Governo cumpriu, um após outro, todos os compromissos que assumiu com os portugueses, e com a maioria parlamentar que viabilizou na Assembleia da República a sua formação”, salientou António Costa no preâmbulo do seu discurso dando a entender o que vinha por aí.

É verdade o que diz António Costa no essencial, ainda que não na sua integralidade, o que tem sido suficiente para custar pontos nas sondagens ao Partido Socialista, em especial no que se refere às eleições europeias, mas não em relação às legislativas.

“Ao contrário do que muitos então recearam, foi possível assegurar estabilidade política, recuperar a credibilidade internacional do país, reverter todas as medidas que haviam cortado o rendimento dos portugueses, estabilizar o sistema financeiro, incutir confiança no investimento”.

Por quê então espoletar uma crise?

O PS terá procedido mal em todo o caso dos ‘Professores’ desde o início?

No passado, pela obstinação em levar por diante a não reposição do prejuízo financeiro, apesar de acordada, em finais de 2018, por mil e uma razões já antes enumeradas, estamos em crer que sim. Mas, nos últimos tempos, começamos, de facto, a pensar que talvez não e talvez nem tudo possa ser como se gostaria que fosse.

Agora, por não pretender aceitar uma decisão válida do Parlamento, ainda que lhe custe “engolir o sapo”, pode também parecer que sim. Esta forma de agir faz lembrar os tempos de Passos Coelho em que este, contra tudo e contra todos, levava as reformas (?) que pretendia efetuar, sem consenso, ao chumbo do Tribunal Constitucional.

O PS parece pretender ganhar pontos no tabuleiro das legislativas, sim que quanto às europeias estamos conversados; quase ninguém deverá agora dar por elas.

António Costa joga aqui uma carta arriscada, muito arriscada. Por um lado, deve perder mais uma boa fatia do eleitorado ‘Função Pública’, arrisca ganhar boa parte do eleitorado mais moderado que oscila de eleição para eleição e que, não pretendendo correr riscos de perder o que já ganhou, lhe deverá dar a sua confiança tendo em vista o prosseguir das políticas dos últimos 4 anos que tão bons resultados têm vindo a dar, agora com uma confiança renovada por uma eventual maioria reforçada. Por outro, em nada lhe permitirá alterar o que os demais partidos decidirem se essa maioria não for absoluta.

Contudo, não estamos em crer, embora admitamos poder estar errados, que o PS ganhe os suficientes e necessários pontos nas sondagens até às próximas eleições legislativas, qualquer que seja a sua data, que lhe permitam um volte-face em toda esta situação com uma nova composição parlamentar que lhe seja mais favorável, como uma maioria absoluta. Mas pode ser que sim: resultados só no final do jogo.

Não estamos, também, em crer que o País saia a ganhar de uma futura situação que não contemple a recuperação integral do tempo de serviço e respetivo rendimento desta classe profissional, dos professores, mas também das demais categorias profissionais que se encontram em idêntica situação, ainda que tal leve muito mais tempo do que o previsto a acontecer. Mas pode ser que sim: a ‘jogada’ de ontem à noite em nada é esclarecedora quanto ao futuro do Estatuto da Carreira Docente.

Há portanto que encontrar um ponto de equilíbrio e assentar bem os pés no chão antes de avançar com o que quer que seja para lá do que já se encontra definido.

O curioso em todo este processo é a deriva (?) que o Partido Socialista parece estar a fazer em direção a um centro político que pode, na verdade, vir a revelar-se à esquerda num futuro pós-eleitoral, como aliás tem vindo a assumir-se durante a presente legislatura.

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