A JSD Barcelos promoveu, no passado sábado, 2 de fevereiro, mais uma edição do ciclo de conferências “Fala-me Disso…!“, desta feita relacionada com o tema “Caminho de Santiago: Negócio, Fé ou Turismo“. A conferência foi realizada no ACB – Albergue Cidade de Barcelos, gerido por uma associação privada sem fins lucrativos, fundada em 2011, atualmente presidida por Lúcio Lourenço. Além do anfitrião, foram também oradores o deputado Joel Sá e e o empresário Raul Dias.
O painel escolhido abordou diversas formas de olhar para o Caminho de Santiago. O Caminho Português de Santiago – que atravessa Barcelos – é, atualmente, o segundo itinerário percorrido por mais peregrinos, depois do Caminho Francês, e todos concordaram que o “nosso” Caminho tem condições para continuar a crescer.
Apelando a todos os barcelenses para o reconhecimento da importância do Caminho Português de Santiago, a JSD Barcelos considera que “a realização desta conferência permitiu conhecer melhor toda a realidade inerente ao Caminho de Santiago no concelho”. Desta forma, irá fazer chegar as conclusões ao executivo municipal na expectativa que estas possam ser analisadas, mas também possam ter efeitos práticos na melhoria do Caminho Português de Santiago”.
“Para que tal aconteça de forma sustentável, a promoção do Caminho de Santiago deverá passar, principalmente, pela promoção da Hospitalidade, característica dos portugueses, da Universalidade e da Informação e Apoio ao Peregrino, sem nunca esquecer uma melhor comunicação e desenvolvimento de relações cordiais e fortes entre todos os intervenientes que, diariamente, lidam com Peregrinos a caminho de Santiago (associações, entidades públicas, forças de segurança, proteção civil, empresários locais e postos de turismo, entre outros)”.
De acordo com a organização, “estima-se, com base na informação disponibilizada pelos Albergues de Peregrinos, Alojamentos Locais e outro tipo de alojamentos, que no último ano (2018) passaram pelo concelho de Barcelos cerca de 45 mil peregrinos, número este que tem aumentado significativamente ao longo dos últimos anos. Todo este fluxo de peregrinos poderá e deverá contribuir para o desenvolvimento e sustentabilidade de pequenos negócios locais, criando-se uma relação de benefício mútuo”.
Um dos principais pontos de discussão da tertúlia foi a segurança rodoviária. Na ocasião, um peregrino português, que por acaso se encontrava alojado no albergue, partilhou a sua experiência vivida no caminho que tinha feito nesse mesmo dia. Este peregrino referiu, a título de exemplo, a parte do caminho que coincide com a estrada municipal 306 em Pedra Furada, salientando “a necessidade urgente de, pelo menos, serem construídas passadeiras no início e no final do passeio que já existe na reta da escola, de forma a garantir a passagem dos peregrinos com maior segurança”. Outros “pontos negros” referidos foram um tramo na estrada nacional (em curva e contracurva) em Tamel São Fins (que, pela informação de um presente, aparenta estar em situação de ser resolvida) e a necessidade de, pelo menos, uma passadeira em Balugães (estrada nacional 308). Foram ainda salientados atos de exibicionismo (ainda que esporádicos) sofridos por peregrinas ao longo da travessia do concelho.
Além das questões de segurança, a limpeza e manutenção dos caminhos e as questões de salubridade (nomeadamente a potencial presença de percevejos nos alojamentos) foram outros tópicos identificados como fundamentais para proporcionar aos peregrinos melhores condições para a sua jornada.
No que se refere às situações referidas, à JSD Barcelos parece pertinente “a organização e conjugação de esforços entre a Câmara Municipal, Juntas de Freguesias e associações que estão diretamente ligadas ao Caminho por forma a, em conjunto, se minimizarem os problemas criados pelas situações descritas”, mais a mais considerando o facto de o próximo ano Jacobeu ocorrer já em 2021. Os anos jacobeus são normalmente marcados por um aumento exponencial do número de Peregrinos. “É, assim, urgente avaliar e definir ações” no âmbito das situações referidas.
Relativamente às variantes ao Caminho Português de Santiago que têm surgido no passado recente, “a principal preocupação (ao nível barcelense) passa por tornar clara e evidente a importância do itinerário principal que passa pelo concelho (que alavancou o crescimento de todo o fenómeno), não se podendo desvirtuar a “hierarquia” de itinerários, nem retirar importância à via estruturante do Caminho Português de Santiago. Deverá ser claro e evidente que o Caminho Português de Santiago é constituído por uma via estruturante, principal, claramente definida (Lisboa, Coimbra, Porto, S. Pedro de Rates, Barcelos, Ponte de Lima, Valença, Tui e Santiago de Compostela), mas também por variantes e/ou alternativas que são e serão essenciais para absorver uma expectável “saturação” a longo prazo do Caminho Português de Santiago, tal como ocorre, atualmente, no Caminho Francês”.
Foi ainda abordada a nova legislação/entidade nacional que o Governo pretende criar para gerir o Caminho de Santiago em Portugal. Relativamente a este ponto, as principais ilações salientadas passam “pela “estranheza” da não referência ao principal itinerário do Caminho Português de Santiago como via estruturante de todos os itinerários (não há qualquer referência a itinerários já definidos), bem como ao reduzido peso do associativismo jacobeu que, aparentemente, pode por em causa a representatividade das entidades que promovem a Hospitalidade e, mais diretamente, o interesse do Peregrino (que consideramos que deveriam ser os principais focos da promoção do Caminho de Santiago)”.
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