A inclusão vai passar a ser a “dimensão chave” na avaliação do que é, ou não, uma escola com qualidade, explicou João Costa, o secretário de Estado da Educação, referindo-se ao arranque do 3.º ciclo de avaliação externa das escolas. O novo ciclo da avaliação, a realizar pela Inspecção-Geral da Educação e Ciência, começa em maio. Novos critérios, a juntar a este, serão usados para analisar o desempenho das escolas.
O processo avaliativo externo das escolas, cujo objetivo final é induzir as escolas a adotarem melhores práticas, foi iniciado pela primeira vez em 2006 e deve arrancar em maio. À semelhança dos anteriores, continuará sob a alçada da Inspeção-Geral de Educação e Ciência (IGEC), estando previsto que a avaliação das escolas aconteça de forma gradual, mediante a disponibilidade de recursos, iniciando-se num primeiro lote de escolas não só com inspetores e peritos do ensino superior, mas também com elementos das próprias escolas, estabelecendo um “princípio de avaliação entre pares”.
“O 3.º ciclo da avaliação externa das escolas introduzirá novas dimensões, novos parâmetros de avaliação apostados em ter um olhar muito mais abrangente sobre todas as atividades da escola, introduz a inclusão como uma dimensão chave para a avaliação do que é uma escola com qualidade”, disse o secretário de Estado da Educação, João Costa, num final de um encontro com jornalistas no Ministério da Educação, em Lisboa.
“O que estamos a dizer é que uma escola não é boa apenas por um resultado que às vezes nem é conseguido na escola, é conseguido num centro de explicações no outro lado da rua, mas sim pelo trabalho que faz no progresso de cada aluno, na mobilidade social de cada aluno e no trabalho que faz com os alunos que à partida têm mais dificuldades”, acrescentou, frisando que o objetivo é uma “análise qualitativa” ao trabalho da escola, centrada não apenas em resultados escolares, mas também nos resultados comunitários e sociais.
Para existir inclusão, “não basta aprender, é preciso que todos aprendam” e que estas “aprendizagens sejam reais”, afirmou, refere o Público. João Costa adiantou que para “medir” a inclusão já existem indicadores desenvolvidos ao longo dos últimos anos pela DGEEC, como é o caso dos percursos diretos de sucesso.
Através deste indicador, com base no qual o Público tem feito, anualmente, um ranking alternativo que acompanha a ordenação tradicional a partir das notas dos alunos nos exames, é possível constatar, por exemplo, se uma escola tem como prática reter os estudantes, de modo a só levar os melhores a exame e assim obter um lugar de destaque na listagem por notas nas provas nacionais ou também avaliar se, à entrada dos ciclos de ensino, selecciona os alunos com base nos seus resultados académicos anteriores. Por via destas duas práticas, uma escola terá provavelmente um lugar de destaque nos rankings tradicionais, mas sairá mal no retrato produzido pelos percursos diretos de sucesso e, a partir de agora, sairá também mal na fotografia da avaliação feita pela IGEC.
João Costa lembrou que, com os dados já existentes, é igualmente possível comparar os resultados de alunos de contextos socioeconómicos semelhantes. Esta radiografia tem estado na base de más notícias quanto ao desempenho das escolas, uma vez que tem confirmado que o sucesso escolar continua a ser determinado em grande medida pelo meio de origem das crianças e dos jovens.
Outra novidade introduzida neste 3.º ciclo de avaliação é a possibilidade de intervenções intercalares, no decurso do processo de avaliação, para melhorar práticas em escolas com uma “avaliação menos boa”.
As intervenções podem ter um acompanhamento da Direção-Geral de Educação se os problemas detetados forem ao nível das práticas letivas, ou da Direção-Geral da Administração Escolar (DGAE), se o problema for na liderança da escola, uma vez que a DGAE tem competências na formação de líderes escolas, exemplificou João Costa.
“Tenho dito muitas vezes que os ‘rankings’ não dizem rigorosamente nada sobre a qualidade de uma escola, porque premeiam práticas de retenção para os alunos não chegarem sequer a ir a exame, premeiam práticas de seleção de alunos à entrada, e muitas vezes dizem muito mais sobre a condição socioeconómica dos alunos do que propriamente sobre o trabalho que é feito na escola. Nós não estamos a descurar resultados, mas os resultados não são apenas a nota de dois exames que é aquilo sobre o qual se hierarquizam as escolas nos ‘rankings’”, disse o secretário de Estado.
Neste novo ciclo serão também abrangidas as escolas privadas com financiamento público e as escolas profissionais, para permitir uma “visão mais abrangente” sobre a rede escolar.
João Costa adiantou ainda que o portal InfoEscolas, que agrega informação estatística sobre as escolas em Portugal continental, e que desde o ano passado tem também informação sobre o ensino profissional, passa a partir de hoje a disponibilizar três novos indicadores.
O primeiro diz respeito à conclusão no tempo esperado do 1.º e 2.º Ciclos, ou seja, indica quantos alunos do 1.º Ciclo o concluíram em quatro anos ou precisaram de mais tempo, e quantos concluíram o 2.º Ciclo nos dois anos que o compõem, estabelecendo a comparação entre alunos com o mesmo perfil socioeconómico.
“Este é um trabalho que o InfoEscolas tem vindo a fazer que é garantir comparabilidade efetiva. Não me serve de nada estar a comparar alunos com perfis completamente diferentes e dizer que uma escola tem melhores resultados quando estamos a comparar uma massa que não é nada comparável”, disse o governante.
Há ainda dados organizados por agrupamentos de escolas – a prática era a desagregação por escola – para permitir perceber que há escolas com desempenhos muito díspares dentro de um mesmo agrupamento.
Para além disso, no ensino profissional passa a ser possível consultar um novo indicador referente ao alinhamento das escolas com um sistema de certificação europeu, o EQAVET, “que será progressivamente a garantia de acesso aos fundos comunitários no financiamento aos cursos profissionais”, ou seja, poderá ditar o encerramento de cursos ou de escolas que por não terem certificação deixam de ser elegíveis para se candidatarem a fundos comunitários.
De acordo com a tutela o processo está em curso há dois anos, havendo já algumas dezenas de escolas em processo de certificação, mas ainda sem o ‘selo’ atribuído.
Fontes: PS e Público
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