Saúde | Doenças respiratórias matam 2 pessoas por hora em Portugal, revela observatório ONDR

 

 

 

Em Portugal registam-se cerca de duas mortes por hora devido a doenças respiratórias e neoplasias do mesmo foro, destaca o relatório ‘Panorama das Doenças Respiratórias em Portugal . O Estado da Saúde em Portugal’, produzido pelo Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR). Este 13º relatório do ONDR foi apresentado ontem, 13 de dezembro, referiu o Jornal Médico.

 

 

De acordo com o responsável pelo ONDR, António Carvalheira Santos, que procedeu à apresentação do documento, “ainda existe um deficit na promoção da saúde e na prevenção da doença, por falhas na educação para a saúde.

Portugal carece ainda da implementação de uma verdadeira rede de espirometria essencial para a avaliação funcional dos doentes respiratórios e, mais grave ainda, praticamente não oferece a possibilidade de os doentes fazerem reabilitação respiratória, que deve fazer parte integrante do plano terapêutico de todos os doentes respiratórios crónicos sintomáticos”.

Para o presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP), José Alves, “este relatório vem fundamentar as apostas que a FPP tem feito e continuará a fazer para melhorar a saúde respiratória em Portugal”.

Segundo o especialista, a estratégia de melhoria deve incidir em três pontos: alterar a política do tabaco, através da aplicação de taxas que aumentem significativamente o preço do tabaco; alterar a epidemiologia da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), através da realização de espirometrias; e diminuir a incidência do cancro do pulmão, através da cessação tabágica.

Atualmente, em Portugal, as doenças respiratórias são a principal causa de internamento e a terceira causa de morte, a seguir ao cancro e às doenças cardiovasculares. Estima-se que, em 2020, as doenças respiratórias sejam responsáveis por cerca de 12 milhões de mortes por ano em todo o mundo.

A mortalidade por doenças respiratórias em Portugal ultrapassa os 115 por 10.000 habitantes, sendo que a Madeira é a região da Europa com maior taxa de mortalidade por doenças respiratórias. Se for incluído o número de mortes por cancro da traqueia, brônquios e pulmão, as doenças respiratórias foram responsáveis por 13.474 mortes em 2016, o que significa que por dia morreram cerca de 48 pessoas (duas por hora) no nosso país devido a doenças respiratórias. Do total de 13.474 mortes, 6006 ocorreram por pneumonia. Contra esta doença, pode-se recorrer ao uso da vacina antipneumocócica, uma vez que esta pode ser útil nos indivíduos com risco aumentado de infecção pneumocócica ou de desenvolverem formas graves da doença ou complicações em pessoas com mais de 65 anos ou incluídas em grupos de risco e que sofram de doenças crónicas cardio-pulmonares, diabetes ou asplenia, apesar de não existirem dados seguros sobre a sua eficácia.

A pneumonia é a doença que mais mata, representando 7% dos internamentos médicos e 5% de todos os episódios de internamentos médicos e cirúrgicos. A DPOC apresenta uma taxa de mortalidade de 8%, os cancros de 31%, as pneumonias de 20% e a insuficiência respiratória de 25%.

Quanto à evolução da DPOC, sabe-se que nos últimos 15 anos esta doença passou de 5.ª causa de morte para 3.ª, tendo uma prevalência estimada de 14,2% em Portugal para pessoas com mais de 40 anos. Contudo, o nosso país tem registado um baixo número de internamentos por DPOC (diminuição de 14,7% em dez anos).

Relativamente ao número de internamentos, realizados entre 2007 e 2016, houve um aumento de 26% em relação ao número total de internamentos por doenças respiratórias e um aumento de 131% no número de episódios de doentes submetidos a ventilação mecânica. Os custos associados a estes internamentos atingiram 213 milhões de euros em 2013, tendo um custo médio de 1.892 euros no mesmo ano.

De acordo com os do ONDR, o tabaco continua a ser um fator de risco importante para inúmeras doenças respiratórias: foi responsável por 46,2% das mortes por DPOC; 19,5% das mortes por cancro; 12% das mortes por infeção respiratória inferior; 5,7% das mortes por doença cérebro-cardiovascular e 2,4% das mortes por diabetes.

Segundo o Institute of Healths Metrics and Evoluation, morreram, em 2016, 11.800 portugueses devido a doenças relacionadas com o tabaco, o que corresponde à morte de uma pessoa por cada 50 minutos.

Pela primeira vez, o relatório do ONDR incluiu um capítulo dedicado ao transplante pulmonar, avaliando a sua evolução ao longo dos últimos dez anos, refere o Jornal Médico, O Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC) é o único do país a realizar este procedimento. Desde a realização do primeiro transplante pulmonar, em 1991, já realizou 208 transplantes, 192 desde 2008, o que coloca o Hospital de Santa Maria ao nível daqueles que mais transplantam a nível internacional. A taxa de sobrevida em Portugal é ligeiramente superior face aos registos internacionais, sendo de três meses em 98% dos casos, de um ano em 81% e de cinco anos em 59%.

Já em relação à evolução da síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) têm-se verificado um aumento da prevalência que ronda os 23% nas mulheres e os 50% nos homens. A maioria dos doentes são diagnosticados com SAOS moderada a grave (82,4%), o que releva que existe subdiagnóstico da doença em Portugal. Assim sendo, os especialistas consideram que, no futuro, a estratégia deverá passar por melhorar a estratégia de referenciação dos doentes ao nível dos cuidados de saúde primários.

Este trabalho contou com a colaboração de 12 especialistas de renome da área da Saúde em Portugal, sendo eles: António Carvalheira Santos; Celeste Barreto; Fernando Barreto; Filipe Froes; Isabel Carvalho; Isabel Pité; Leonardo Ferreira; Luísa Semedo; Mário Morais de Almeida; Maria Sucena; Paula Pinto; Rita Pinto Basto.

Note-se, ainda, que para a elaboração deste relatório foram consultados dados e documentos das seguintes entidades: Administração Central dos Serviços de Saúde (ACSS), Direção Geral de Saúde (DGS), Programa Nacional para as Doenças Respiratórias, Infarmed, Instituto Nacional de Estatística (INE), Instituto Ricardo Jorge, Eurostat, OCDE e OMS.

Fonte: Jornal Médico e Universidade do Minho

Imagem: Samuel Zeller

 

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