Braga, além de ser um território dinâmico do ponto de vista económico, cultural e académico, afirma-se, também, pela capacidade de integração, inclusão e valorização dos cidadãos, independentemente da sua origem. A ideia foi defendida pelo presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, durante a abertura do congresso ‘A Europa como espaço de diálogo intercultural e mediação’, iniciado ontem e que decorre até hoje na Universidade do Minho, em Braga.
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Este congresso, em que participam mais de duas dezenas de oradores, entre os quais a representante na Europa do Alto-comissário dos Direitos Humanos, Brigit Van Hout, e o Alto-comissário português para as Migrações, Pedro Calado, apresenta-se como um espaço de debate interdisciplinar sobre os desafios da sociedade actual, abordando temas como as migrações, a diversidade, a comunicação intercultural e a mediação com vista a aprofundar a construção de sociedades mais acolhedoras, inclusivas e pacíficas.
Segundo Ricardo Rio, a Europa enfrenta atualmente diversos desafios do ponto de vista da validação dos seus princípios fundadores, pelo que este é o momento para unir esforços em prol de uma sociedade mais coesa e inclusiva. “Todos queremos uma Europa sem fronteiras, onde pretendemos viver unidos na diversidade e no respeito pela diferença e, obviamente, no respeito pela interculturalidade que marca cada uma das nações”, referiu o edil bracarense, lembrando que Portugal, sobretudo nos meios mais urbanos, também enfrenta desafios muito particulares que importa encarar e que requerem o envolvimento de todas as instituições.
“Desde as entidades intergovernamentais, passando pelas várias estruturas do governo, até às estruturas locais e às instituições sociais e académicas, todos têm um papel preponderante neste domínio. Por isso, é muito importante a realização deste tipo de iniciativas, não apenas pela afirmação dos problemas e desafios que temos pela frente, mas pela experiência da partilha de boas práticas e de projetos que marcam a diferença e vão tornando as nossas comunidades mais coesas, mais justas e mais solidárias”, sublinhou Ricardo Rio, dando nota do trabalho que tem sido desenvolvido em Braga de forma a capacitar a cidade como um espaço de diálogo intercultural e de inclusão.
“Braga, que no âmbito do Conselho da Europa é já uma cidade intercultural, tem como prioridade o respeito pelas minorias, assim como a promoção da integração e da inclusão de todas as franjas da comunidade. Temos uma realidade muito diversa, por isso temos trabalhado com diversas instituições locais para fazer face a esses desafios, resultando em projetos que marcam a diferença, como, por exemplo, o projecto ‘(Re)Escrever o Nosso Bairro’ que trabalha a ligação dos residentes dos bairros sociais com o resto da comunidade”, concluiu Ricardo Rio.
O congresso junta académicos, estudantes do ensino superior, políticos e profissionais de diversas áreas geográficas e de estudo. Este fórum constitui-se, assim, como um momento de reflexão acerca da sociedade contemporânea, nomeadamente europeia, dos modelos de governança dos territórios no que concerne às políticas públicas relativas à diversidade cultural e às migrações e ao papel da mediação e dos mediadores na construção de uma sociedade mais disponível, mais inclusiva e mais justa.
Depois das palavras de abertura proferidas por Ricardo Rio, o debate prosseguiu ao longo do dia de ontem, e prolongar-se-á ainda até ao final do dia de hoje. No centro do debate de ontem estiveram as palestras: ‘Mediação social: uma questão política europeia?’, por Hibat Tabib, presidente do projeto CreE.A, ‘Cultura e Mediação: das diferenças divergentes à convergência da diversidade’ por Gian Turchi, da Universidade de Pádua, tendo o dia terminado com a mesa-redonda ‘Rede Europeia de Municípios Interculturais’, em que participaram Roberto Reis (Município de Santa Maria da Feira), Eugénia Coelho (Município de Loures), Daniel Pereira e Fernando Ferreira (Município de Braga), além do britânico Paul Chapman.
Hoje, dia de encerramento da Conferência, e depois de serem explorados alguns projetos de diálogo multicultural e práticas profissionais de mediação, salienta-se a conferência ‘A crise dos Refugiados na Europa. Entre a totalidade e o infinito’, apresentada às 16h15 por Moisés Lemos Martins, diretor do CECS, da Universidade do Minho.
O programa encerra pelas 17h15 com a última palestra – ‘Desafios sociais e políticas públicas: a mediação como direito universal’ -, com a deputada Laura Magalhães, membro da comissão de Educação e Ciência da Assembleia da República, estando também presentes José Augusto Pacheco, presidente do Instituto de Educação da UMinho, Ana Maria Silva, coordenadora da comissão organizadora do evento, bem como Hibat Tabib e Moisés Lemos Martins.
Este programa acontece depois de ainda já este mês, na Universidade do Minho, se ter realizado uma outra conferência de teor muito próximo, igualmente enquadrada no «Ano Europeu do Diálogo Intercultural» – ‘Comunicação Intercultural: Perspectivas, Dilemas e Desafios‘, o que evidencia bem do grau de importância destes debates sobre os desafios inerentes à complexa e diversificada realidade social global contemporânea.
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