No rescaldo de umas eleições legislativas tão concorridas , especialmente no número de votantes, se comparadas com os últimos anos, uma das preocupações que me está a tirar o sono é: que futuro terão a proteção e o bem-estar animal?
O único partido animalista português, o PAN, tem uma única Deputada, Inês de Sousa Real, que tem levado insistentemente à Assembleia da República a discussão sobre políticas de bem-estar animal. Contudo, a composição do governo não é a mesma. E os avanços que se conseguiram nesta matéria têm agora um muro chamado direita.
O PAN é o único partido com um programa verdadeiramente animalista, aliás, condição que lhe tem custado críticas dos negacionistas da proteção animal. Daqueles e daquelas que escolhem apoiar a tortura em arenas ou a dizimação de espécies essenciais ao nosso equilíbrio ambiental.
No dia 10, perderam os animais. Porque são aqueles que não se podem unir, organizar e lutar pelos seus direitos. São aqueles que, às mãos do ser humano, sofrem atos bárbaros que nos deveriam envergonhar a todos e todas.
Não nos esqueçamos de que a direita instalada – PSD, CDS, Chega – é a que defende a tauromaquia, a caça, atividades anacrónicas que violam valores éticos. É a que tem apresentado propostas para baixar o IVA das touradas e que inclusive pediu o regresso da transmissão das touradas ao canal público. E ainda é aquela que, em nome de uma exploração desenfreada dos nossos recursos naturais, não se incomoda com a extinção e desproteção de espécies da nossa biodiversidade, em nome do que chamam interesse económico, visão que está mais do que ultrapassada e só favorece alguns, muito poucos, setores da nossa economia.
No dia 10, Portugal falhou com a proteção animal. Falhou numa matéria essencial e que nos distingue como sociedade evoluída.
A ativista em mim está preocupada com este resultado, pois o futuro da proteção animal está em causa.