Maluda, síntese geometrizante da paisagem urbana de Lisboa

 

 

Na cidade de Pangim, em Goa Norte, no então Estado Português da Índia, nasceu Maluda em 15 de Novembro de 1934. Viveu desde 1948 em Lourenço Marques, atual Maputo, onde começou a pintar e onde formou, com mais quatro pintores, o grupo que se intitulou “Os Independentes”, que expôs coletivamente em 1961, 1962 e 1963, e a daria a conhecer ao público.

Ir mais longe com a Gulbenkian

Em 1963 obteve uma bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian e viajou para Portugal, onde trabalhou com o mestre Roberto de Araújo em Lisboa.

Entre 1964 e 1967 viveu em Paris, bolseira da Gulbenkian. Aí trabalhou na Academia de la Grande Chaumière com os mestres Jean Aujame e Michel Rodde. Foi nessa altura que se interessou pelo retrato e por composições que fazem a síntese da paisagem urbana, com uma paleta de cores muito característica e uma utilização brilhante da luz, que conferem às suas obras uma identidade muito própria e inconfundível.

10 anos de grande notoriedade

Em 1969 realizou a sua primeira exposição individual na galeria do Diário de Notícias, em Lisboa. Em 1973 realizou uma grande exposição individual na Fundação Gulbenkian, que obteve grande sucesso, registando cerca de 15.000 visitantes e lhe deu grande notoriedade a partir de então. Entre os anos de 1976 e 1978 foi novamente bolseira da Fundação Gulbenkian, estudando em Londres e na Suíça. A partir de 1978 dedicou-se também à temática das janelas, procurando utilizá-las como metáfora da composição público-privado. Em 1979 recebeu o “Prémio de Pintura” da Academia Nacional de Belas Artes de Lisboa. Nesse ano realizou ainda uma exposição na Fundação Gulbenkian em Paris.

Melhor selo mundial em duas diferentes ocasiões

A partir de 1985, Maluda foi convidada para fazer várias séries de selos para os CTT. Dois selos da sua autoria ganharam, na World Government Stamp Printers Conference, em Washington, em 1987 e em Périgueux (França), em 1989, o “Prémio mundial” para o melhor selo.

Sucesso até ao final da vida

Em 1994 recebeu o prestigiado “Prémio Bordalo Pinheiro”, atribuído pela Casa da Imprensa. No âmbito da “Lisboa Capital da Cultura”, realizou uma exposição individual no Centro Cultural de Belém em Lisboa.

A 13 de Outubro de 1998 foi agraciada pelo Presidente da República Jorge Sampaio com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, ao mesmo tempo que realizou a sua última exposição individual, “Os selos de Maluda”, patrocinada pelos CTT.

Morte e memória

Maluda morreu em Lisboa a 10 de Fevereiro de 1999, aos 64 anos, vítima de cancro do pâncreas. O seu corpo foi enterrado no Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa. Em testamento, a artista instituiu o “Prémio Maluda” que, durante alguns anos, foi atribuído pela Sociedade Nacional de Belas-Artes.

Em 2009 foi publicado um livro – Maluda. A Busca da Harmonia Perfeita de Carlos Ribeiro – que assinala a passagem do décimo aniversário da sua morte, reunindo a quase totalidade da sua vasta obra e que contou com o Alto Patrocínio do Presidente da República. No mesmo ano, a Assembleia da República, em Lisboa, homenageou-a com uma grande exposição retrospetiva.

Notoriedade da pintura de paisagens urbanas encobre outros registos gráficos

Embora experimentando vários géneros, incluindo retratos, serigrafias, tapeçarias, cartazes, painéis murais, ilustrações e selos de correio, o cerne principal da pintura de Maluda está muito voltado para a síntese da paisagem urbana, sintetizado, por exemplo em Lisboa vista por Maluda, no que a sua arte, segundo Pamplona, segue, conceptualmente, Paul Cézanne (1839-1906), o mestre do Impressionismo. Ou, como escreveu Fernando Pernes, a sua arte representa «um sistemático decantamento da experiência cezanneana». Por seu lado, Rui Catalão lembraria que a sua “síntese geometrizante” era inconfundível, uma vez que “os elementos da paisagem são arquétipos tratados como elementos de pintura abstracta”.

Os quadros que pintava eram baseados principalmente nas cidades, nomeadamente na pintura de paisagens urbanas, janelas e vários outros elementos arquitetónicos. A notoriedade das suas obras pictóricas aparentemente mais simples (algumas utilizadas em selos oficiais por encomenda dos Correios portugueses), ao mesmo tempo que a promovia a uma das mais populares pintoras portuguesas das últimas décadas do século XX artístico português, também teve o efeito negativo de encobrir uma vasta obra de criação gráfica mais complexa.

Representada em todo o mundo

Na sua carreira, Maluda efetuou 24 exposições individuais e está representada em vários museus, entre os quais os da Fundação Calouste Gulbenkian e do Centro Cultural de Belém, mas também em várias coleções particulares em Portugal e noutros países.

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Imagens: DR

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