Sua Excelência, de Corpo Presente, de Pepetela, lançado pela editora D. Quixote, é a obra vencedora do Prémio Literário Casino da Póvoa 2020, atribuído anualmente pelo festival literário Correntes d’Escritas, da Póvoa de Varzim, no valor de 20 mil euros.
O Júri, constituído por Ana Daniela Soares, Carlos Quiroga, Isabel Pires de Lima, Paula Mendes Coelho e Valter Hugo Mãe, destaca “a originalidade do estratagema narrativo eficaz para denunciar com ironia uma história do nepotismo e abuso de poder próprio de sistemas totalitários”.
Apesar de apresentar uma narrativa de caráter universal, o autor encontrou uma forma bastante original de o fazer: “O protagonista e narrador de Sua Excelência, de Corpo Presente, o novo romance de Pepetela (n. Benguela, 1941), encontra-se (…) morto desde o início do livro”, explica Mário Santos no Público. “E dessa condição não escapará no final do romance, que a ficção não pode tudo (informação que adiantamos para benefício dos leitores mais supersticiosos)”, deixando a apresentação do narrador pelas próprias palavras de Pepetela, uma vez que “Sua Excelência está morta, mas não enterrada”.
“Estou morto. […] estou deitado dentro de um caixão, num salão cheio de flores, as quais, em vida, me fariam espirrar.” (p. 9)
Mas nem “tudo é mau, na morte. A posição é confortável, mas restringe um tanto o campo de visão (chamemos-lhe assim) do morto, que disso lavrará adiante conformado protesto. Mero pormenor que não impede o defunto, consumado ditador absoluto de um país africano não nomeado, de nos relatar as danças de cadeiras que já se preparam no palácio presidencial, replicando aquelas que no passado o levaram ao poder e que eram já réplicas de outras que… Enfim, e como tão bem sabemos, nunca um elo se perdeu na infindável cadeia de indignidades, traições, falta de escrúpulos e outros crimes, a que habitualmente chamamos História”, conclui o autor da recensão literária.
Segundo o autor revelou à Lusa e o DN divulgou, este foi “de todos os meus livros, o mais difícil de escrever“, tendo demorado “seis anos” a terminar a obra.
Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) nasceu em Benguela, Angola, em 1941. Frequentou o Ensino Superior em Lisboa mas acabou por licenciar-se em Sociologia, em Argel, durante o exílio. Iniciou a sua atividade literária e política na Casa dos Estudantes do Império. Como membro do MPLA, participou ativamente na governação de Angola, após o 25 de Abril.
A partir de 1984, foi professor na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, e tem sido dirigente de associações culturais, com destaque para a União de Escritores Angolanos e a Associação Cultural Recreativa Chá de Caxinde.
A atribuição do Prémio Camões (1997) estabeleceu, em definitivo, o seu lugar de destaque na literatura lusófona.
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Fontes: Município da Póvoa de Varzim, DN, Público; Imagem: Município da Póvoa de Varzim
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