Literatura | Por ‘Na Memória dos Rouxinóis’, Filipa Martins recebe Prémio Literário Manuel de Boaventura

 

 

“Foi uma honra receber hoje o Prémio Literário Manuel Boaventura 2019″, declarou Filipa Martins após a entrega do galardão que recebeu pelo seu quarto romance – “Na Memória dos Rouxinóis” – atribuído pela autarquia de Esposende. Fazendo uma analogia entre a cidade e a região e o processo de escrita, a autora referiu também que “o ato da escrita, pela sua complexidade, confina com o oceano, o rio, a planície e a montanha”. Na cerimónia, Filipa Martins, que tem sido bastante reverenciada pela obra premiada, defendeu o papel da memória – fio condutor da sua obra -, enquanto aliada da humanidade, para recordar que “na 2.ª Grande Guerra, registaram-se 45 milhões de refugiados”, mas apesar disso a Europa, o “continente que foi ajudado [naquela altura] vira agora costas à ajuda”, advertiu.

 

 

Filipa Martins entende que “as memórias se ligam umas às outras por caminhos insondáveis”, razão pela qual estabeleceu o paralelismo com Manuel de Boaventura “que foi reprodutor de lendas e narrativas e o meu romance tem a linha condutora do esquecimento”.

“O livro não só nos transporta para a realidade de um matemático que encomenda a sua biografia antes de morrer, como também nos permite mergulhar num enredo arrebatador com uma narrativa sedutora e um domínio lexical brilhante”, salientou Telma Cardoso, na ComUM, sobre a obra que teve a sua primeira edição em abril de 2018 e pertence a uma autora que faz parte da nova geração de escritores portugueses. “Este grupo de autores assume as suas próprias revoluções: a luta pela imaginação, a independência face a correntes e a ideologias, a vontade de cosmopolitismo, o direito à diferença da abordagem literária, a experiência da total liberdade e muito mais.

“O romance conta-nos, numa visão extremamente feminina, embora todo o enredo se debruce sobre os homens, a história de Jorge Rousinol, matemático galego, que defende o esquecimento como melhor método de avaliação e tomada de decisões. Contudo, no início da trama, verifica-se uma atitude muito controversa por parte de Rousinol, ao resolver escrever uma biografia, visto que vai contra a sua ideologia de reconhecer o oblívio como tática predileta”. Na Memória dos Rouxinóis afirma-se portanto como um livro a ser lido por quem ainda não o fez.

A cerimónia de entrega do Prémio decorreu ontem, 28 de junho, no Fórum Municipal Rodrigues Sampaio, em Esposende, na presença do presidente da Câmara Municipal, Benjamim Pereira e da vereadora da Cultura, Angélica Cruz e dos membros do júri, Sérgio Guimarães de Sousa, da Universidade do Minho, e André Correa de Sá, da Universidade de Santa Bárbara, Califórnia, Estados Unidos da América. Em representação da família de Manuel de Boaventura marcou presença João Armando Boaventura e Silva.

“Aposta sublinhada e contínua na defesa da obra cultural”, assim percecionou a própria galardoada, Filipa Martins, a ação da Câmara Municipal de Esposende que, nesta segunda edição do Prémio Literário Manuel de Boaventura, contou com a apresentação de 110 obras a concurso.

O presidente da Câmara Municipal de Esposende, Benjamim Pereira, lembrou que a ideia subjacente à criação deste prémio literário “teve dois objetivos específicos como fundamento: a vontade de homenagear e divulgar o autor que deu o nome ao prémio – Manuel de Boaventura – e a necessidade de incentivar a criatividade literária e o gosto pela escrita e pela leitura”. Porém, este prémio insere-se, ainda, na política de desenvolvimento cultural do Município de Esposende, nomeadamente na ação associada à leitura, reforçada com o Plano de Combate da Iliteracia, em curso no concelho.

O Prémio Literário Manuel de Boaventura foi criado com o intuito de homenagear e divulgar este escritor e homem de cultura, natural de Vila Chã, Esposende. No valor pecuniário de 7 500 euros, o Prémio tem periodicidade bienal, contemplando a modalidade da criação narrativa de Romances ou de Contos da autoria de escritores de língua portuguesa. A cerimónia foi complementada pela atuação de alunos da Escola de Música de Esposende.

Esta postura enquadra-se nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas, nomeadamente Educação de Qualidade, Cidades e Comunidades Sustentáveis.

 

Imagens: (0) Filipa Martins, (1) Quetzal Editores,  (2) Município de Esposende

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