No próximo dia 27 de junho, no Museu de Serralves, inaugura a exposição “Game, Set, Match: três conceitos do livro de artista“, relativa à coleção de livros de artista do Museu, orientada por Guy Schraenen até à sua morte em 2018, e que é uma das mais importantes da Europa. Nela estão representadas todo o tipo de tendências deste género artístico que surgiu em finais dos anos 1950, quando os artistas inventaram o conceito de “livro de artista”, uma nova e revolucionária forma de lidar com o espaço do livro para a difusão de ideias e obras. A exposição estará patente ao público até 20 de outubro. “Game, Set, Match: três conceitos do livro de artista” tem curadoria de Maike Aden segundo conceitos do próprio Guy Schraenen.
“O livro de artista não é um livro de arte. O livro de artista não é um livro sobre arte. O livro de artista é uma obra de arte”, dizia Guy Schraenen. Esta exposição apresentará as mais destacadas publicações de artistas visuais em todas as áreas, analisando os três campos principais de investigação dentro do universo dos livros de artista. No primeiro capítulo da exposição estará em foco a noção tautológica do livro de artista enquanto livro; o segundo capítulo irá refletir sobre o livro de artista como obra de arte de direito próprio; o terceiro capítulo centrar-se-á em trabalhos que se situam na fronteira entre livro e objeto.
A exposição em três capítulos Game, Set, Match apresentará as mais destacadas publicações de artistas visuais em todas as áreas, analisando os três campos principais de investigação dentro do universo dos livros de artista. Em conjunto, os trabalhos apresentados são exemplos de como os artistas metamorfoseiam os aspetos correntes do livro: não destruindo as suas ideias-chave, mas antes dando-lhe nova vida e perspetivas.
Entre os trabalhos apresentados, poderá observar obras de algumas dezenas de diferentes autores, nomeadamente Ulises Carrión, Hans-Peter Feldmann, Robert Filliou, Sol LeWitt, José Luis Castillejo, Yves Klein, Bruno Munari, Bernard Villers, Dennis Oppenheim, Paul Sharits, Shohachiro Takahashi, Antoni Tàpies e Andy Warhol.
Na inauguração de “Game, Set, Match, três conceitos do livro de artista” ocorrerá uma conversa entre Maike Aden, comissária da exposição, e João Fernandes, subdiretor do Museu Reina Sofía, em Madrid.
O livro enquanto livro
Os livros selecionados para ‘Game‘ questionam a própria essência do livro. Estes livros não contêm imagens ou textos para contar uma história. Não representam
nada mais exceto a si mesmos. Nesta medida podem ser considerados trabalhos tautológicos. Desenvolvendo-se página a página, tornam- se puras reflexões conceptuais ou formais da noção intelectual e formal de livro, e neste sentido são exemplos pertinentes para ilustrar de modo lapidar a função e a natureza construída de um livro. São livros no sentido mais estrito do termo, que oferecem novas formas de ver e percecionar um livro.
O livro enquanto obra de arte
A obra-chave de ‘Set‘ é Un coup de dés jamais n’abolira le hasard (1897), de Stéphane Mallarmé, em que o autor liberta o texto da sua disposição tradicional na página. Pela primeira vez na história, o texto integra efeitos visuais e espaços entre as palavras, chamando a atenção do leitor e consciencializando-o da totalidade do espaço em cada página. Uma seleção de “livros-ícone” dos anos 1960 e 1970 é aqui apresentada. Em geral são apresentados livros de aparência tradicional, e tanto os materiais como as técnicas de impressão nada têm de extraordinário. O seu valor reside no seu conceito, estabelecido de forma inequívoca e que não necessita de comentários didáticos. “Para o entender, não necessitas de passar cinco anos numa universidade”, referiu Ulises Carrión. Mas a ideia de conceber livros de custos modestos, tem também por trás dela a intenção política de proporcionar a um público tão vasto quanto possível a oportunidade de se confrontar com as tendências e os estilos artísticos do seu tempo. Surge assim uma rede independente, desvinculada dos espaços tradicionalmente atribuídos aos artistas, que assim criam os seus espaços de exposição entre a capa e a contracapa de um livro que pode ser levado para toda a parte e visitado sempre e onde quer que se deseje.
O livro como objeto
Por fim, os livros escolhidos para ‘Match‘ escapam ao conceito e ao material convencional do livro. Em vez disso, a sua aparência, conteúdo ou finalidade habituais são usados como modelo; de forma similar a quando, por exemplo, um corpo serve de modelo para uma pintura ou escultura. Por vezes o modelo é discernível, outras, de tal modo subvertido, é quase irreconhecível. As possibilidades de mutação de um livro vão desde a simples página a uma construção complexa, passando por formas ou materiais inabituais. Quer consistam numa publicação cortada às tiras, sejam constituídos por uma página apenas ou já não sejam legíveis, estes objetos lidam com e refletem o livro convencional de várias formas e, nesse sentido, questionam as expectativas do espectador sobre como devem os livros ser experienciados.
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Imagem: Sol LeWitt
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