Depois de longos anos de desinvestimento, António Costa considerou hoje, 7 de setembro, que o investimento que o Governo está agora a fazer no transporte ferroviário, através do Ferrovia 2020, no valor de dois mil milhões de euros, torna a economia mais competitiva e valoriza o Interior do país.
Depois de o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, ter anunciado fortes investimentos na aquisição de material circulante para a CP, em visita realizada à Guarda, à obra de construção da futura ligação entre a Linha da Beira Baixa e a Linha da Beira Alta, acompanhado pelo ministro e por autarcas locais, António Costa deixou claras “duas prioridades fundamentais que o país sabe que tem. Um[a], internacionalizar a sua economia, outra, valorizar aquilo que chamamos Interior e que eu prefiro chamar de regiões de fronteira. Ora, este investimento na ferrovia, cumpre simultaneamente estes dois objetivos”.
Apesar do seu atraso, o primeiro-ministro afirmou que o investimento na ferrovia “vai tornar mais competitiva a economia portuguesa com melhores ligações, mais eficientes, à fronteira e à Europa e, ao mesmo tempo, vai servir melhor e valorizar melhor estes territórios de fronteira, situados no Interior”.
“Essa melhor ligação entre a Covilhã e a Guarda, o servir todo o eixo do Médio Tejo ao longo deste corredor, assim como toda a obra da Linha da Beira Alta, como toda a obra da Linha da Beira Baixa, como todo o Corredor Sul, que rasga o Alentejo e o liga com qualidade a Espanha, a ligação fundamental da Linha do Minho, são obras essenciais para que a nossa economia seja mais competitiva e para que os nossos territórios do Interior sejam mais competitivos”, afirmou.
António Costa defendeu que é preciso existir uma “visão integrada para o Interior” e, por isso, o Governo aprovou o Programa de Valorização Nacional para o Interior, que inclui várias medidas, porque o Interior valoriza-se criando postos de trabalho.
“Como é que se criam postos de trabalho no Interior? Atraindo empresas para o Interior. Como é que atraímos empresas para o Interior? Criando condições para que as empresas sintam que no Interior têm melhores condições para poderem produzir, vender mais barato, e ter acesso a um mercado maior do que se estiverem no Litoral”, observou.
De acordo com o líder do executivo, a intervenção na ferrovia “é essencial para que isso possa acontecer”, porque a ligação mais eficiente à Europa, ajuda à exportação e à internacionalização da economia, ao mesmo tempo que valoriza o Interior.
António Costa rematou o seu discurso dizendo que é importante continuar a fazer “aquilo que ainda não foi feito”.
“Há, alias, uma magnífica canção do Pedro Abrunhosa que nos deve inspirar a todos: ‘Vamos fazer aquilo que ainda não foi feito’. É isso que estamos aqui a fazer e é isso que vamos continuar a fazer – aquilo que ainda não foi feito”, concluiu.
Pedro Marques e o investimento em material circulante
Ontem, 6 de setembro, o Conselho de Ministros aprovou o plano de aquisição de 22 comboios regionais para a CP, no valor de 168,21 milhões de euros.
O Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, na altura, sublinhou que «é a primeira vez em cerca de vinte anos que a CP vai ter um plano de aquisição de material circulante que permitirá repor nas linhas regionais o nível de qualidade de serviço adequado».
Na conferência de imprensa do Conselho de Ministros, Pedro Marques referiu ainda que «o caderno de encargos vai incluir 12 unidades automotoras bimodo, aptas a circular em linhas eletrificadas e não eletrificadas, e 10 unidades elétricas».
A aquisição dos 22 comboios será financiada com recurso a fundos europeus estruturais e de investimento, no âmbito do financiamento FEDER e do Fundo de Coesão a vigorar no período de programação 2021-2027.
A comparticipação nacional, que será de cerca de um terço, será assegurada através do Fundo Ambiental, a qual poderá ocorrer a partir de 2019.
A compra de comboios para as linhas regionais era uma prioridade, pois a idade média destas composições era de 50 anos. O processo decorrerá entre 2019 (lançamento do concurso) e 2026 (recebimento do último comboio).
Até lá, as faltas serão supridas através do protocolo de aluguer de comboios assinado entre a CP e a sua congénere espanhola Renfe.
Os comboios de longo curso têm idades médias mais baixas, cerca de 30 para os Intercidades e de 15 para os Alfas, estando estes a ser objeto de trabalhos de manutenção aprofundados que lhes darão mais outro tanto tempo de utilização.
O Ministro referiu ainda que a Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário foi autorizada a contratar uma centena de novos trabalhadores, além de integrar 40 que estavam em situação precária, para ter capacidade para fazer a manutenção aos comboios da CP.
Está ainda em curso o plano de investimento na infraestrutura ferroviária no valor de dois mil milhões de euros, recordou Pedro Marques.
O ministro assinalou ainda que, apesar dos problemas existentes, a CP realizou 99,3% dos comboios programados.
O comunicado do Conselho de Ministros refere que estas intervenções na infraestrutura ferroviária têm por objetivo «promover o incremento da sua capacidade e aumentar os padrões de funcionalidade e operacionalidade da mesma, tornando assim possível a realização de serviços de transportes de passageiros detentores de elevados níveis de fiabilidade e regularidade, contribuindo assim para o aumento do recurso aos transportes públicos e contribuindo para o objetivo da descarbonização».
A dívida da CP
Recorde-se que desde 2015 o Estado injetou 1,9 mil milhões de euros na CP e até 2019 irá ainda injetar mais 1,4 mil milhões de euros. Calcula-se que a dívida total da CP deverá fechar 2018 nos 2,1 mil milhões de euros e fixar-se em cerca de 1,2 mil milhões em 2019.
Fontes: Partido Socialista, Governo e Expresso.
Imagem: Al Nik / Unsplash