O emblemático Cortejo de São Bartolomeu, também conhecido como o Cortejo de Trajes de Papel, está de volta para colorir a marginal da Foz do Douro, no Porto. O desfile está agendado para este domingo, dia 27 de agosto, entre as 10h00 e as 13h00, com início no Jardim das Sobreiras.
A tradição secular em memória de S. Bartolomeu vai juntar figuras emblemáticas da cidade como o vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, Filipe Araújo, o bispo do Porto, D. Manuel Linda, ou o historiador Hélder Pacheco, entre outros ilustres convidados, numa edição especialmente simbólica por marcar o ano no qual este Cortejo de São Bartolomeu se candidata a Património Imaterial da UNESCO, aquele que também será o tema da mostra de trajes de papel.
Desfile termina com “banho santo”
Os mais de 500 figurinos trajados a rigor vão percorrer cerca de três quilómetros, sendo esperados mais de 15 mil espectadores.
Organizado pela União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde (UFAFDN) o cortejo, que conta com diferentes “blocos temáticos”, passa por todo o Passeio Alegre, segue pelas Ruas Coronel Raúl Peres e Senhora da Luz e culmina com o “banho santo” no mar, na Praia do Ourigo. Aqui se tratam, segundo a tradição, a “gaguez, enfermidades nervosas, possessões demoníacas e males de pele”, com um “banho que, dizem, vale por sete“.
Elevar Cortejo de S. Bartolomeu à categoria de Património Imaterial da UNESCO
Entre os diferentes grupos a desfilar, todos unidos pelo tema do Património Imaterial da UNESCO em Portugal, é possível vislumbrar-se o Fado, encabeçado pelo “bloco” da UFAFDN. A Associação de Moradores do Bairro de Aldoar desfila em homenagem ao património das cidades de Braga e Guimarães, o Orfeão da Foz do Douro leva o Alto Douro Vinhateiro junto à sua Foz e, por fim, a Associação de Moradores do Bairro Social da Pasteleira percorre a marginal tendo o Centro Histórico do Porto como bandeira. Haverá também a oportunidade de um animado apontamento relativo aos Caretos de Podence e outras celebrações carnavalescas, pela Batucada Radical.
Segundo explica Tiago Mayan Gonçalves, o presidente da União de Freguesias no Porto., procura-se “preservar o que é esta tradição” e, por outro, “dar-lhe mais reconhecimento e visibilidade” e levá-la “aos olhos do mundo”. “
E, com isso, também alargar os horizontes do cortejo, “expandi-lo e envolver, ainda mais, a comunidade nesta prática. Trazer mais coletividades, recuperá-las para esta tradição”. Porque “a força reside aí, nesse caráter comunitário”, na crença conjunta de que, ali na Foz do Douro, é São Bartolomeu e o banho na Praia do Ourigo que simbolizam “o renovar da pele, o recuperar e renascer para um novo ano”.
Para dar a conhecer a mística do maior cortejo de papel do país, no final do desfile, a UFAFDN vai inaugurar uma exposição, no Castelo da Foz, onde vão estar patentes alguns dos fatos que percorreram o desfile. A mostra é gratuita e estará aberta ao público até ao dia 3 de setembro.
Parceria da UFAFDN para preservar as tradições locais dos trajes de papel
Recorde-se que a União das Freguesias de Aldoar, da Foz do Douro e Nevogilde se aliou aos municípios espanhóis de Mollerusa e Amposta, na Catalunha, e Güeñes, do País Basco, em Espanha, para preservar as tradições locais dos trajes de papel e garantir a sua continuidade. O processo de candidatura que agora se inicia estende-se até 2025.
Imagens: UFAFDN
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