Por estes dias fomos às instalações da Academia de Música de Vila Verde no Centro de Artes e Cultura. Motivo da visita: o Concurso Nacional de Piano, Órgão e Música de Câmara de Vila Verde.
Para além do entorno musical que envolve o local, notei algo logo que entrei no edifício principal onde funcionam as salas da academia. Senti-me a entrar numa prisão e disse-o de imediato. Acabei por descobrir que ali chegou a funcionar a antiga Cadeia Comarcã.
Não deixa de ser curioso e paradoxal que uma cadeia dê lugar a uma escola de música e que seja nas suas antigas celas que os alunos aprendem música e onde os participantes dos concursos musicais praticam e espantam a ansiedade antes da hora da actuação no auditório.
Foi bonito ver que é possível fazer reabilitação urbana em prol das pessoas, das suas vivências, das suas aprendizagens.
É nos momentos intimistas de cultura que verdadeiramente importamos
No longo caminho que a cultura faz, tudo o que lhe parece importar é gravar os tempos, as vidas, as gentes, as experiências, as criações. Como se tivéssemos a necessidade dos nos fazermos ver lá à frente, num tempo em que apenas seremos sombras e pó.
Precisamos de saber que importamos e a cultura parece ser o foguetão que transporta para a posteridade a nossa necessidade de utilidade.
Por isso mesmo, até pode valer a pena, artisticamente falando, assistir a um concerto com dezenas de milhares de pessoas para ouvir aquela banda que, todos os dias, colocámos em loop na app de streaming, mas vale muito mais a pena envolvermo-nos nos pequenos eventos das artes e da cultura. É nesses momentos intimistas e não nos grandes concertos que sentimos verdadeiramente o potencial da nossa existência e que, enfim, importamos.
Obs1: texto previamente publicado na página de facebook de Célia Borges, tendo sofrido ligeiras adequações na presente edição.
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