agustina bessa luís

Agustina faz 100 anos

 

 

Agustina Bessa-Luís é o nome literário de Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa. Nascida a 15 de outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, foi escritora, romancista, ensaísta e jornalista.

Com uma infância passada maioritariamente no Douro, num cenário rural, o seu gosto pela escrita e pela leitura, que se manifestou desde muito jovem, refletiria esse território e essas vivências na sua obra e no seu imaginário romanesco. A escritora, no entanto, encontra-se liada por vínculos biográficos, familiares, afetivos e literários a vários concelhos da Região Norte, tais como Esposende e Póvoa de Varzim.

Em 2006 sofreu um AVC, pouco depois de terminar a sua última obra, “A Ronda da Noite”. A doença afastá-la-ia da escrita e da vida pública.

Agustina Bessa-Luís morreu a 3 de junho de 2019, com 96 anos, na sua casa no Porto, vítima de doença prolongada.

A mulher e a obra: muito breve nota biográfica sobre Agustina Bessa-Luís

Ainda jovem, em 1950, com 22 anos, casou-se com Alberto Luís, o amor da sua vida que conheceu através de um anúncio, e fixou residência no Porto.

Como tantos outros escritores de eleição, nomeadamente o nobelizado português José Saramago, enveredou também pela carreira das letras na imprensa da época em que viveu. Assim, entre 1986 e 1987, exerceu o cargo de diretora do jornal “O Primeiro de Janeiro”, durante muitos anos um título de referência na imprensa diária mas hoje extinto. Mais tarde, numa outra área também relacionada com a escrita, entre 1990 e 1993, Agustina desempenharia o papel de diretora do Teatro Nacional D. Maria II.

Em 1948, Agustina publicou a sua primeira obra literária sob o título “Mundo Fechado”. Contudo, seria apenas alguns anos mais tarde, em 1954, com “A Sibila”, que a escritora se afirmou como romancista. Esta obra, estudada durante décadas em escolas e universidades, constituiu um enorme sucesso e abriu-lhe portas para o reconhecimento público da sua grandiosa carreira literária. Mas pelo conjunto dos seus livros, perpassam a condição da mulher, da natureza humana, mas também reflexões mais ou menos veladas sobre o bem e o mal. De uma ironia complexa, foi uma observadora atenta da sociedade portuguesa, julgando o mundo fechado da aristocracia do Norte sem apelo nem agravo.

A amizade especial com Manoel de Oliveira

O grande cineasta Manoel de Oliveira, de quem era amigo pessoal e com quem manteve uma parecria criativa durante mais de 20 anos, denominou-a de “Dama Texto” e adaptou várias das suas obras para o cinema. “Fanny Owen” (1979), “Vale Abraão” (1991/1992), “Terras do Risco” (1994), “Party” (1996), “A Mãe de um Rio” (1981), “O Princípio da Incerteza” (2001) ou “A Alma dos Ricos” (2002) inspiraram este vulto maior da 7ª. Arte em Portugal a realizar belíssimos filmes que hoje continuam a impregnar de emoção e sentido a alma de quem os vê e aprecia devidamente.

Extensa obra literária de Agustina percorre diversos géneros literários

Na verdade, a obra de Agustina é extensa, tendo publicado mais de 60 livros entre romances, peças de teatro, biografias, ensaios e contos.

Na área da ficção destacam-se as obras: “A Muralha” (1957), “O Susto” (1958), “O Manto” (1961), “O Sermão do Fogo” (1962), “Fanny Owen” (1979), “Os Meninos de Ouro” (1973), “As Pessoas Felizes” (1975), “O Mosteiro” (1980), “Um bicho da Terra” (1984), “Prazer e Glória” (1988), “Eugénia e Silvina” (1990), “Jóia de Família” (2001), “Os Espaços em Branco” (2003) e “A Ronda da Noite” (2006).

Para teatro escreveu obras como “O Inseparável” (1958), “A Bela Portuguesa” (1987), “Garrett, o Eremita do Chiado” (1998), “Santo António” (1973), “Florbela Espanca” (1979) e “Sebastião José” (1981). Publicou ainda livros para crianças como “Dentes de Rato” (1987) e “A Memória de Giz” (1983/1994).

Inestivável valor de alguns dos seus livros mereceram distinções especiais

Foi condecorada com vários prémios, nomeadamente: Prémio Delfim Guimarães (1953) e Prémio Eça de Queirós (1954), ambos pela obra “A Sibila”; Prémio Ricardo Malheiros (1966/1967), com a obra “Canção Diante de uma porta fechada”; Prémio Nacional de Novelística (1967), com “Homens e Mulheres”; Prémio Adelaide Ristori (1975) , pelo conjunto da sua obra; Prémio do P.E.N. Clube Português (1980) e Prémio D. Dinis (1981), com o título “O Mosteiro”; Prémio Cidade do Porto (1982) e Grande Prémio Romance e Novela (1983), com “Os Meninos de Ouro”.

Maior galardão literário Português – Prémio Camões – atribuído em 2004

Mas Agustina receberia ainda muitos outros prémios, entre os quais: Prémio RDP Antena 1 (1988); Prémio Seiva Literatura (Companhia de Teatro Seiva Trupe) (1988); Prémio da Associação de Críticos (1993); Prémio Municipal Eça de Queiroz (Câmara Municipal de Lisboa) (1994); Prémio Máxima de Literatura (1996); Prémio Bordalo de Literatura (Casa da Imprensa) (1996); Prémio da União Latina (1997); Grande Prémio do Romance e Novela (2001); Prémio Virgílio Ferreira e Prémio Camões (2004), maior galardão literário atribuído pelos governos de Portugal e Brasil, para distinguir escritores cuja obra tenha contribuído para o enriquecimento dos patrimónios cultural e literário na nossa língua; e Prémio de Literatura do Festival Grinzane Cinema, Turim, Itália (2005).

Fundação Cupertino de Miranda dá desconto adicional nos livros de Agustina

Tal como já tinha feito durante o mês anterior, durante a semana com início na data do 100º aniversário de Agustina Bessa-Luís, isto é, entre 15 e 21 de outubro, a livraria da Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, oferece um desconto de 10% sobre o preço de capa dos livros em stock desta que é uma das mais emblemáticas escritoras portuguesas.


Imagem: RTP


1ª Página. Clique aqui e veja tudo o que temos para lhe oferecer.vila nova online - jornal diário digital generalista com sede em vila nova de famalicão

Deixe um comentário