Aumento de matérias-primas e falta de mão de obra qualificada colocam desafios ao crescimento económico
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A grande maioria dos empresários (80%) prevê cumprir ou ultrapassar os objetivos estabelecidos para 2022, revela a consultora Kaizen Portugal como principal conclusão do barómetro realizado, em junho, em Portugal. Esta confiança acontece apesar daquilo é considerado como um panorama pouco abonatório para a economia nacional que, ainda assim, permite a Portugal registar o maior crescimento da Comunidade Europeia, esperando-se, no entanto, que em 2023 o crescimento económico do nosso país se situe sensivelmente a meio do pelotão europeu.
Com a desaceleração da retoma, o grau de confiança na economia por parte dos empresários inquiridos passa para 10,95, sofrendo um ligeiro decréscimo comparativamente à última edição em que se posicionava em 11,1, afirma a Kaizen Portugal, após escutar mais de 200 administradores e gestores de médias e grandes empresas que atuam no mercado português e representam mais de 35% do PIB de Portugal sobre a sua perspetiva quanto a temas de atualidade, à evolução da economia e do seu negócio.
Desafios ao crescimento: aumento de matérias-primas e falta de mão de obra qualificada
Ainda assim, a contínua volatilidade e incerteza dos mercados globais é uma realidade no atual contexto e 74% dos inquiridos admite que o aumento do preço das matérias-primas é uma das principais tendências que mais tem afetado o negócio; por outro lado, 66% dos gestores aponta como outro grande desafio, a falta de mão de obra qualificada. Face a uma inflação galopante, cujo valor não era tão elevado desde há 4 décadas, tendo excedido totalmente as expectativas do Banco Central Europeu, os empresários têm apostado na automação de tarefas (50%) e na diversificação do sourcing de matérias-primas e componentes (43%) como as principais iniciativas para garantirem as suas margens. Dentro do contexto inflacionista, ainda a realçar que o aumento dos preços de matérias-primas ou componentes é, para 49% dos gestores, o efeito mais significativo do aumento generalizado da inflação. Na segunda posição, 28% dos empresários posicionam o aumento da energia como outra consequência igualmente grave.
Dentro dos riscos de disrupção das cadeias de fornecimento, 68% destaca como fator mais preocupante, a falta de materiais e/ou componentes de fornecedores, e 47% aponta as dificuldades inerentes com transportes e entregas. Para contornar estas vicissitudes e potenciar o crescimento da organização, 64% das empresas têm apostado na criação de novos produtos, serviços ou modelos de negócio e 52% tem optado por aumentar o valor acrescentado dos produtos potenciando valores de venda mais elevados.
Credibilidade e reputação institucional favorecem aposta em práticas sustentáveis
A maioria dos gestores responsabilizam-se cada vez mais pelo impacto que as organizações que lideram, têm na comunidade e no mundo, e afirmam que as práticas sustentáveis são uma ambição estratégica. Nesse sentido, as temáticas de sustentabilidade têm uma preocupação cada vez maior e grande parte das organizações consideram as práticas sustentáveis uma ambição estratégica. Contudo, apenas 54% dos inquiridos admite um grau de compromisso alto relativamente às políticas de ESG – Environmental, Social e Governance; por outro lado, 46% dos inquiridos admite que o seu grau de envolvimento nestas políticas ainda é médio ou baixo. Para desenvolver a sustentabilidade e garantir o cumprimento destas políticas, 56% afirma ter uma estratégia de ESG com iniciativas concretas de curto prazo nas 3 vertentes; por outro lado, 7% dos inquiridos admite não ter uma estratégia de sustentabilidade bem definida.
Dentro dos benefícios que as empresas esperam obter com a estratégia de ESG, a credibilidade e reputação institucional (81%) e reter e atrair talento com maior consciência ambiental e social (50%) estão no topo das preferências dos gestores. Contudo, apenas 18% aloca mais de 3% da sua receita em investimentos em sustentabilidade.
“Estamos a viver tempos conturbados onde a incerteza tem dominado as tomadas de decisão. A resiliência das cadeias de abastecimento está a ser completamente posta à prova e agora que já praticamente recuperamos o nível da procura para os valores pré-pandemia, a resposta tem sido ineficaz, acima de tudo porque apesar da falta de pessoas, matérias-primas ou materiais, os processos também não são robustos. A eficácia e a robustez de todos os processos devem continuar a ser um tema central nas organizações. Antes da pandemia foi-nos permitido observar que a excelência operacional já não chegava para as organizações liderarem no seu setor, tendo as componentes de crescimento, marketing e vendas assumido um papel muito preponderante. Contudo, esta crise energética e de matérias-primas, volta a reforçar que o OPEX nas nossas organizações é muito relevante e, daí, o perfil de respostas que obtivemos nesta edição do barómetro”, realça António Costa, CEO do Kaizen Institute.
A inovação como eixo fundamental do crescimento
A inovação é o núcleo do crescimento do negócio e há cada vez uma maior aposta neste eixo para propiciar o crescimento das organizações. Neste âmbito, 62% dos inquiridos tem apostado na inovação nos processos da organização e 50% opta pela criação de novos produtos e serviços com base nas necessidades dos clientes.
No contexto da transição digital que temos vindo a atravessar, de realçar que 42%, definiu uma estratégia de transformação para a empresa como um todo e identificou os processos críticos, sendo que a estrutura e sequência destes processos foram otimizadas antes da sua digitalização.
Imagens: 0) Photomix / Pexels 1) Estée Janssens / Unsplash
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