Sete espécies de insetos – duas de grilos, duas de gafanhotos, duas de larvas e um besouro, podem agora ser produzidas, comercializadas e utilizadas, na alimentação, em Portugal, uma vez que a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) anunciou, esta segunda-feira, a respetiva autorização, tendo em conta um conjunto de medidas transitórias permitidas pela legislação comunitária relativas à introdução de novos alimentos.
A exploração económica desta área de negócio teve já início em Portugal. Disso é exemplo a Portugal Bugs, vencedora de um concurso de empreendedorismo em Famalicão há cerca de 2 anos atrás, que produz diversos produtos, nomeadamente barritass de cereais com base nas larvas-da-farinha Tenebrio mollitor. E em todo o mundo o interesse – nutricional e, acrescente-se, comercial, em abono da verdade – por estes animais tem vindo a crescer. Considerando que a população mundial, atualmente superior a 7,5 mil milhões de pessoas, deve crescer para quase 10 mil milhões até 2050, de acordo com as Nações Unidas, investigadores, instituições e empresários estudam alternativas nutritivas e sustentáveis para alimentar tanta gente.
De acordo a ONU, quase um terço da população mundial já incorpora os insetos nas suas refeições. Na Malásia, por exemplo, os grilos são consumidos para combater a desnutrição infantil, informa Fabíola Lopes na CNN Brasil, havendo mesmo quem os considere ‘a proteína do futuro’. Para lá de representar um superalimento, com cerca de 60% de proteína, numa época em que este tipo de nutriente é muito procurado, em especial por desportistas, os insetos ou os seus derivados, como a farinha, contêm ‘os aminoácidos essenciais, gorduras de excelência, fibra probiótica e um monte de vitaminas’ e têm um pegada ecológica muito mais reduzida do que todas as outras produções animais, conforme salienta a Portugal Bugs.
Sete espécies encontram-se agora autorizadas
Nos termos do Regulamento dos Novos Alimentos da União Europeia, os insetos requerem uma autorização de comercialização da Comissão Europeia antes de serem colocados no mercado. As diversas espécies de insetos devem, por isso, ser avaliadas quanto ao risco e autorizadas antes de poderem ser comercializadas.
De acordo com a norma da DGAV agora emitida, algumas espécies de insetos podem ser produzidas, comercializadas e utilizadas na alimentação, em Portugal. Estes insetos devem ser usados inteiros – mas não vivos -, ou moídos, sob a forma de farinha, estando interdita a comercialização de partes ou extratos.
Entre as espécies autorizadas, assinalam-se o grilo-doméstico Acheta domesticus – muito frequente em boa parte do território do Norte de Portugal – e o grilo doméstico tropical Gryllodes sigillatus, o besouro Alphitobius diaperinus, que é uma praga comum nomeadamente em vinhas de vários pontos do mundo, e a larva-da-farinha Tenebrio mollitor, a única espécie do género já autorizada. A lista completa inclui ainda a larva de abelha Apis mellifera male pupae e os gafanhotos Locusta migratoria e Schistocerca Gregaria.
Quanto à importação de países terceiros, esta apenas poderá ocorrer a partir de uma lista de países que, atualmente, apenas incluem Canadá, Suíça, Coreia do Sul, Tailândia e Vietnam.
Caso os insetos / produtos com insetos se destinem a ser comercializados em outros Estados-Membros da UE, os requisitos do país de destino devem ser verificados, pois os países podem aplicar medidas transitórias de forma diferente.
Risco de alergias – informação aos consumidores
De acordo com avaliações disponíveis da Agência Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), “diversas espécies de insetos podem causar alergias ou alergias cruzadas, especialmente para quem sofre de alergia a marisco”, alerta, por último, a DGAV, pelo que os consumidores devem ser “claramente informados na rotulagem e na comercialização, que um alimento contém insetos e de que espécie são”.
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