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‘Pássaros Feridos’, de Collen Mc Cullough, um romance de mulheres verdadeiras heroínas

 

 

Pássaros Feridos de Collen Mc Cullough

Pássaros Feridos, de Collen Mc Cullough, há bastantes anos que estava numa “lista de livros a ler um dia” que vai sempre crescendo, certamente por já ter lido alguma apreciação muito favorável sobre o livro.

A verdade é que ele chegou até mim pelas mãos de uma amiga, como um livro que lera e que a marcara e, finalmente, até porque era volumoso e estava (estou) a viver um período em que muitas das minhas leituras são feitas em casa, chegou a sua vez. Confesso que demorou mais tempo a ler do que esperava, talvez porque tem partes que podiam ter sido suprimidas, sem que o valor da narrativa perdesse.

Pássaros Feridos é uma narrativa que se passa maioritariamente na Austrália, país de onde é natural Collen McCullough, a romancista e neurocientista autora do romance. A decorrer entre 1915 e 1967, o romance está dividido em sete partes, tendo cada uma como título os nomes das personagens femininas da família Cleary e dos homens da vida de Meggie. Podemos dizer que é a saga de uma família, em que a Austrália e a fazenda Drogheda são também personagens do romance. A natureza é exuberante e descrita de forma muito visual: chuvas torrenciais, secas terríveis e prolongadas, tempestades secas, fogos arrasadores, calor, pó e moscas, sem esquecer as rosas ou as buganvílias. Sendo a caracterização das personagens e a complexidade dos seus sentimentos e emoções um ponto alto deste romance, é Meggie desde menina, seguindo o seu desenvolvimento até à velhice solitária na grande fazenda da família, aquela que tem especial centralidade ao longo dos cerca de sessenta anos em que a história se desenrola.

O mundo mudou muito desde as primeiras décadas até perto do último quartel do século passado. A acção de Pássaros Feridos passa pela depressão dos anos 30, a fome e o desemprego, as secas, a 2ª grande guerra e o envolvimento da Itália, do Vaticano, da Europa e do mundo, a ditadura dos coronéis da Grécia. Mas para além das mudanças na política no mundo, também as mudanças nos hábitos, nas concepções, nos costumes e atitudes das personagens, na forma como concebem a ideia de família, de amor, de educação das mulheres e dos homens. Desde o início que a autora sublinha aspectos discriminatórios na vida e educação de mulheres e raparigas quando comparadas com homens e rapazes, sendo Justine, a filha de Meggie, personalidade independente e totalmente alheia a convenções, quem corta com as tradições de família e vai seguir o seu destino. Mesmo num meio em que a mulher é educada para ser remetida a um papel subalterno, em que esconder emoções e recalcar sentimentos é o que é expectável, a verdade é que todas as mulheres de Drogheda – Fee, Meggie e Justine – são fortes, intuitivas e lutadoras. Em minha opinião, este é um romance de mulheres, são elas as verdadeiras heroínas.

A terminar, outro aspecto central no romance Pássaros Feridos tem a ver com o poder da Igreja católica, com a questão do dever de castidade que a Igreja impõe aos sacerdotes, recalcando neles o que é da natureza humana, em função de uma obediência exclusiva a um deus. Um aspecto que se mantém nos dias de hoje, atestando a rigidez e conservadorismo da Igreja, embora, de tempos a tempos, vozes isoladas e corajosas ponham em causa a questão do celibato dos sacerdotes como o caminho que mais tarde ou mais cedo será inevitável.

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