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‘A base de dados que está a ser construída para avaliar o estatuto de ameaça dos mamíferos em Portugal já tem mais de 100.000 registos de 92 espécies’, revelou a Wilder, publicação especializada em temas de natureza, em texto de Helena Geraldes.
O projecto Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal, que terminará em 2021, envolve dezenas de investigadores, técnicos e voluntários vão tentar saber como estão estas espécies 92 espécies, de Norte a Sul do país, bem mais do que as que se encontravam registavas até então: apenas 74. A área de intervenção abrange todo o território continental, mas em especial a Rede Nacional de Áreas Protegidas e as Zonas Especiais de Conservação da Rede Natura 2000.
Os dados mais recentes, recolhidos há 15 anos, indicam que em Portugal há 18 espécies de mamíferos ameaçadas de extinção. Esses dados foram compilados para o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, publicado em 2005.
Dessas 18 espécies, as mais ameaçadas – Criticamente em Perigo – eram o morcego-de-ferradura-mediterrânico, o morcego-de-ferradura-mourisco, o morcego-rato-pequeno, a cabra-montês e o lince-ibérico; 3 estavam Em Perigo – o lobo-ibérico, a baleia-comum e o morcego de Bechstein -; e 10 eram Vulneráveis – a toupeira-de-água, rato de Cabrera, morcego-de-ferradura-pequeno, morcego-rato-grande, morcego-de-franja-do-Sul, morcego-de-peluche, a baleia-anã, o boto e o gato-bravo.
Passados mais de 15 anos, a equipa do Livro Vermelho dos Mamíferos procura agora saber qual a situação actual de conservação destes animais – quais as espécies que estão mais ameaçadas e quais as que estão estáveis ou a aumentar a sua população – havendo diversas equipas no terreno em trabalho de campo para recolher dados há vários meses.
Segundo os responsáveis do projecto, tem sido feita inventariação acústica, prospeção de abrigos e capturas de morcegos e inventariação de indícios de presença de pequenos mamíferos (como coelhos, toupeiras, musaranhos e ouriços).
Para recolher informação sobre os carnívoros (como o toirão, texugo e gato bravo) e sobre os ungulados (como a cabra-montês, veado, gamo, corço e javali), as equipas têm feito inventariação por armadilhagem fotográfica e deteção visual de indivíduos ou das suas marcas (pegadas ou dejetos).
Livro Vermelho ficará revisto até ao final de 2021
Além deste trabalho de campo, são também realizadas análises genéticas para confirmar ou resolver ambiguidades relativas a ocorrências de determinadas espécies.
Toda esta informação, cuja recolha tem em vista a conservação da vida selvagem – integra a SIMPOC – base de dados que está a ser desenvolvida para avaliar o estatuto de ameaça destas espécies de acordo com as regras da União Internacional para a Conservação da Natureza – e desta forma permitir a revisão e atualização do Livro Vermelho dos Mamíferos. Esta operação foi lançada em 2019 e que está previsto ficar concluída durante 2021, bem como a avaliação do estado de conservação das espécies constantes da Directiva Habitats.
Os cientistas e técnicos estão também a compilar dados de censos, publicações científicas, atividade cinegética, arrojamentos de mamíferos marinhos, relatórios, atlas, repositórios de plataformas digitais (ex.: GBIF, Biodiversity4all) e ainda dados dispersos de outros investigadores.
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Imagens: (0) António Cruz, (1) Francisco Álvares
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