Devem as cidades ser pensadas em função das necessidades das pessoas e daí resultarem soluções integradas em articulação com técnicas e tecnologias existentes e a desenvolver em função dessas mesmas necessidades?
Ou, pelo contrário, devem as cidades ser pensadas em função da presumível prevenção de hipotéticas necessidades técnicas e outras de índole estruturante futuras a que as pessoas se limitem a anuir e com as quais devem coabitar e, se o não conseguirem, serem coercivamente inseridas?
Do posicionamento face a estas duas questões resulta a estratégia de posicionamento político das diversas forças vivas da cidade e do Município [de Braga]. Sendo que, ao Município compete a gestão dessa variável em absoluto.
Posicionamento político e empreendedorismo
À cidadania, cabe a crítica construtiva por uso; à investigação, os ensaios sobre as necessidades, impactos sociais e ambientais; à indústria, a produção em quantidade; ao comércio, a distribuição; ao marketing, a implementação da ideia.
Fica, ainda assim, a faltar definição objetiva sobre a cidade por: responsabilidade inovadora. Matéria, até há bem poucos anos, da responsabilidade da indústria com os seus núcleos de desenvolvimento nos domínios da espécie e, de há uns anos a esta parte, sob a alçada do domínio académico associado a um novo conceito, o empreendedorismo, numa tentativa de responder à atual correlação existente entre a diminuição da manufatura e o aumento da automatização.
Planificação e mobilidade
Daquilo que importa à mobilidade, nesta perspetiva de análise, concluo que quando se tenta parcelar as especificidades desgarradamente resulta a mobilidade possível no emaranhado da conveniência e do interesse. Que é coisa contrária ao princípio da planificação.
Ora, no que concerne à planificação há duas perspetivas de relevo: a técnica e a política, que parecendo ser, as duas perspetivas, de contornos e conteúdo similar, o certo é que são completamente diferentes.
No que toca à primeira, a sua base de suporte e projeto é de origem e conteúdo tecnocrata desde o projeto à conceção. Enquanto que, no que reporta á segunda, a abordagem de suporte e conteúdo assenta no raciocino de gestão abrangente onde as pessoas são o ponto de partida e os equipamentos o ponto de chegada.
Cidades, densidade populacional e organização
Ao longo dos tempos as cidades mais não são do que a concentração de pessoas e dos serviços a si afetos por circunstancialismos diversos.
O seu crescimento tem sido circunscrito aos critérios que o aumento da densidade habitacional acarreta, visando soluções homogéneas de vida em sociedade organizada em torno de direitos e deveres que acabam por se impor como sendo a regra.
Desde logo: o emprego como garante de sustentabilidade permissivo à constituição da família; o equilíbrio social, garante da estabilidade necessária; a industria, o comércio; os serviços; a agricultura limítrofe; outros. A organização da vida em sociedade que dê respostas exequíveis em todos os domínios da, e para a, vida das pessoas.
Ou seja; não faz sentido pensar uma cidade no seu todo de potencial tecnológico, com as ferramentas e soluções disponíveis de forma a que as pessoas se ajustem, como se estas fossem a solução para a implementação experimentalista de inovação, e não o problema que exige soluções à tecnologia existente, uma vez que as de caráter exclusivamente humano já não respondem em tempo útil, tendo em atenção especificidades de natureza diversa.
Pensamento político e pensamento tecnocrata, realidades complementares
É este exercício que urge fazer: estabelecer diferenciação entre o pensamento politico e o pensamento tecnocrata.
Se um é vocacionado para a análise permeável e sensível, o outro é vocacionado exclusivamente para a solução técnica.
Sobre a questão se ambos serão complementares.
Respondo:
– Obviamente!
Não ao fomento de estereótipos: as cidades são as pessoas
Mas se a questão for colocada no foro da componente humana já não tenho a mesma opinião porque a génese matricial de cunho social é profundamente diferente.
Se na formação do pensamento político os valores que o regem são do foro sociológico com predominância para os modelos assentes em sistemas democráticos tidos como fonte da liberdade de expressão e de condição, sine qua non, já na formação do pensamento tecnocrático tal não acontece por balizamento do raciocínio, com predominância para a “rigidez dos processos” sobre todos os outros, com um trajeto histórico na organização das sociedades que tem sido nefasto para as pessoas tirando-lhes a sua identidade cultural para fomentar condições à criação de estereótipos daquilo que pretendem.
Em suma e em redundância: um abre o caminho que o outro fecha.
Caminho esse em que a mobilidade surge como a solução para a articulação de todas as suas especificidades dando sentido ao enunciado: as cidades são as pessoas
Imagem: Fernando Araújo
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