As temperaturas da Península Ibérica vão ‘assar’ os territórios de Portugal e Espanha. Até 2100, deverão vir a registar-se 2 a 3 graus de aumento de temperatura média, ao longo de todo o ano, o suficiente para causar graves impactos no meio ambiente e, por consequência, na saúde pública. Em Portugal há mesmo regiões que poderão registar aumentos de 4 a 5 graus centígrados nas temperaturas máximas diárias. Os dados, de natureza ‘muito preocupante’, foram divulgados pela Universidade de Aveiro.
“O número de dias por ano com temperaturas máximas acima dos 40 graus centígrados poderá aumentar até cerca de 50 dias por ano no final deste século”, alerta o investigador David Carvalho, o cientista do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) que coordenou o estudo.
Em 2107, um outro estudo da Universidade de Aveiro, referira já que, no final do século XXI vai haver cinco vezes mais ondas de calor do que atualmente, num cenário em que as emissões de gases com efeito de estufa continuarão a aumentar ao atual ritmo.
“As implicações poderão ser enormes”, antecipa. “Daqui a algumas décadas poderemos ter 3 meses por ano onde as temperaturas máximas diárias se situam acima de 40 ºC, se bem que esta tendência é mais predominante no centro-sul de Espanha e não tanto para Portugal”. Aumentos que, a acontecerem, “trarão de certeza consequências significativas para a saúde humana, mas principalmente para o meio ambiente e em áreas como a agricultura, os fogos florestais, a desertificação ou a seca”.
Reduzir consumo de energia e recursos
A emissão para a atmosfera de grandes quantidades de gases com efeito de estufa, como é o caso do dióxido de carbono e do metano, refere o cientista do CESAM, “são as principais causas para o aumento de temperatura a que estamos já a assistir, e que serão amplificadas nas próximas décadas”.
As soluções para contrariar as subidas do termómetro são já conhecidas, mas David Carvalho sublinha-as mais uma vez: “apostar fortemente numa descarbonização do modelo socioeconómico em que vivemos, ou seja, usar meios de produção de energia que não impliquem a emissão de dióxido de carbono para a atmosfera, apostar também num uso mais eficiente dos nossos recursos energéticos e evitar a necessidade de produção de tantos bens de consumo”.
“O único caminho a seguir será gastar menos energia e recursos e ao mesmo tempo gerar a energia de que necessitamos sem emissão de gases com efeito de estufa”, resume David Carvalho.
Subida dos termómetros em toda a Península
Publicado na revista Climate Dynamics, o estudo assinado pelos investigadores do CESAM David Carvalho, Susana Cardoso Pereira e Alfredo Rocha projetou e analisou as temperaturas de superfície na Península Ibérica para dois períodos futuros, o primeiro de 2046 a 2065 e o outro de 2081 a 2100.
Os resultados apontam para aumentos da temperatura diária, não só da média como também da máxima e da mínima, para praticamente todo o território da Península Ibérica. As temperaturas máximas diárias aumentarão mais do que as médias e as mínimas serão as que aumentarão menos.
No entanto, existe uma grande variação espacial nestes aumentos de temperatura: para Portugal os aumentos andarão à volta dos 1,5-2 graus centígrados para o período 2046-2065 e de 2-3 graus centígrados para 2081-2100 em termos de temperatura média diária. No caso da temperatura máxima, o aumento poderá chegar aos 4-5 graus centígrados no final do século.
Aumentos de temperatura poderão atingir 5 a 6 graus centígrados
As zonas projetadas para terem maiores aumentos de temperatura são as zonas centro e sul de Espanha, onde poderão ultrapassar os 5 graus centígrados em termos de temperaturas médias diárias.
Há razões para estar preocupado com as projeções da investigação. “Aumentos de cerca de 2-3 graus centígrados em termos de temperaturas médias, máximas e mínimas são suficientes para causar impactos em áreas vitais como agricultura, fogos florestais, seca, desertificação e respetivos impactos na saúde e bem-estar das pessoas”. Os resultados das projeções “são, sem dúvida, muito preocupantes”, alerta David Carvalho.
“Quando os dados mostram aumentos de 5-6 graus centígrados em algumas zonas de Espanha e entre 1,5-3 graus centígrados para a maioria das zonas da Península Ibérica, isso é sem dúvida motivo de preocupação”, refere o investigador.
E como se já não bastasse, David Carvalho sublinha ainda a “unanimidade quase total nos dados de clima futuro no que diz respeito ao aumento generalizado de temperatura na Península Ibérica, em todas as estações do ano, zonas geográficas e tipo de temperaturas”, sejam elas médias, máximas e mínimas.
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Imagens: (0) Dave Beasley/Unsplash, (1, 2, 3) UA
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