No Cemitério Paroquial de Fiscal, em Amares, a Comissão Promotora de Homenagem a António Variações (2018-2020) efetuou ontem, 13 de junho, pelas 17h45, uma muito singela cerimónia em que reavivou a memória daquele que é o mais original artista da música popular portuguesa de há muitos anos a esta parte.
Na ocasião o grupo, constituído por familiares, amigos e fãs do artista procedeu à colocação, pelas mãos de uma criança e um dos irmãos do cantor, de um arranjo floral de rosas na campa onde está sepultado o autor das canções Quero é viver, O corpo é que paga e tantas outras conhecidas de cor dos portugueses que 36 anos depois da sua morte ainda trauteiam canções que muito provavelmente se tornarão eternas. Curiosamente, o arranjo floral de rosas deposto no túmulo de Variações irá depois ser reutilizado em decorações diversas e em aromaterapia, tendo sido esta a última vez que a Comissão recorre a flores naturais.
O cantor e compositor, profundo admirador de Amália Rodrigues, manifestou sempre uma permanente insatisfação com o seu próprio status quo e ansiedade em relação à sua vida e destino, bem evidente em alguns refrões das suas canções, nomeadamente em Estou além, onde facilmente se reconhecem os propósitos de busca por algo que o preencha e realize.
“Estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou”
No entanto, “[António Variações] manteve sempre uma forte ligação às suas origens em Pilar (Fiscal) e estas explicam, de certa forma, a sua força mental e o seu percurso de vida mesclado com as vivências resultantes das suas viagens por quatro continentes”, destaca a CPHAV (2018-2020). Para além deste gesto, a comissão disponibilizou um vídeo, nas páginas do Facebook Homenagem a António Variações 13.06.2019 e Fórum Concelho de Braga, com a declamação do poema da canção “Erva Daninha Alastrar”, pela poetisa Fabíola Lopes, bem como o vídeo da intervenção da canção Quero é viver, por Pedro Gil (violoncelo), Rita Fernandes (viola d’arco) , Rogério Braga (voz e guitarra) e Rosana Lopes (violino), interpretação ocorrida no ano passado no Cemitério de Fiscal, há um ano.
Na ocasião, Jaime Ribeiro, irmão do cantor e compositor, lembrou também o refrão de uma canção nunca gravada, mas que terá sido das primeiras que o artista criou e que exprimia a vontade louca de acompanhar os camponeses para o trabalho. Nesta mensagem, Lembra também que António continua “vivo no nosso coração, não só da Família mas também de milhões de fãs de todas as gerações que continuam apaixonados pela tua obra artística sempre actual, sempre nova, nos textos, nos ritmos e na música”.
António Variações estaria hoje com 75 anos se fosse vivo. Faleceu a 13 de junho de 1984, com apenas 39 anos e o seu legado musical continua a suscitar interesse e a cativar a sociedade portuguesa. “Quando António Variações lançou a célebre tirada em que assumia fazer uma música que estava algures “entre Braga e Nova Iorque”, antes de mais nada terá confundido os seus interlocutores, incapazes de encaixar as suas canções ou mesmo o seu desempenho enquanto artista nas prateleiras existentes. Tantos anos depois, aquela expressão revela-se de uma felicidade enorme: descreve a música que ele queria fazer e o programa de intenções consistentemente levado à prática durante uma carreira que não durou mais que dois anos”, referiu, em tempos, Miguel Cadete, diretor da Blitz, descrevendo a música do ‘inclassificável’ artista.
A sua vida e obra têm sido alvo de estudo a nível nacional e internacional. A CPHAV (2018-2020) continua a trabalhar para concretizar vários objetivos definidos desde 2018, destacando-se a sensibilização junto Presidente da República e do Governo Constitucional para a concessão de ordem honorífica ao cantor, a criação de um roteiro literário-musical em Amares e Braga, a inclusão do nome do amarense na toponímia do concelho de Braga, o incentivo público (em articulação com a Família), à criação de um Museu António Variações em Fiscal, entre outros.
Fontes: CPHAV, Blitz; Imagens: (0) Alexandre Carvalho
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