Uma nova pobreza

 

 

Vivem em casas confortáveis.

Assoalhadas grandes e arejadas. Uma vista privilegiada. Acabamentos de primeira. Quentes no inverno, amenas no verão. Outras, talvez um jardim e/ou, quiçá, uma piscina. Depende dos gostos.

Uns preferem a cidade, outros a aldeia. Salários confortáveis. Filhos em colégios. Filhos nas universidades. Comida na mesa. Férias garantidas no Verão, uns cá dentro, outros no estrangeiro. Nas redes sociais, acumulam-se memórias de viagens percorridas, momentos de lazer e prazer. E o salário chegava! A vida estava garantida! Até que o vírus chegou!

Muitas destas pessoas não foram infetadas, mas foram dolorosamente afetadas. Continuam ainda a viver nas suas nobres casas, mas… a comida já não entra; ou pouco entra. Com cortes salariais e outros, sucumbidos pelo desemprego, contabilizam um dinheiro que já não chega. E como se o fardo já não fosse pequeno, o pseudo-alívio da moratória em breve se tornará num pesadelo.

Novos pobres em casas de luxo! Tudo o que estas pessoas sonharam num pertíssimo passado; tudo o que perspetivaram para si e para as suas famílias; todos os seus sonhos mais que legítimos estão a um passo de um qualquer cano de esgoto. O que lhes resta? Entregar a casa ao banco? Aos julgadores de consciências sem consciência até parece ser fácil. Não é de todo! Perder uma casa é arrancar um pedaço de nós. É perder o chão. É um luto. É muito triste. Intrinsecamente doloroso.

Obviamente que há perdas mais significativas, dirão uns. No entanto, as perdas não são comparáveis, cada uma no seu lugar. Perder uma casa também é perder uma parte de nós, porque a casa é o lugar onde moram os nossos Sonhos. Esta é uma nova pobreza: a dos órfãos de uma casa, da sua casa, de uma parte de si.

 

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