Todos sabemos – penso que todos sabemos – a importância da educação em creche para o sucesso das novas etapas da formação comum a todas as crianças e a todos os jovens. A creche é demasiado importante para a frequência do ensino pré-escolar, assim com a frequência do ensino pré-escolar é importante para a frequência do 1º Ciclo. Se retirarmos às crianças estas possibilidades de frequência da creche e do pré-escolar, estamos a contribuir para que a desigualdade de oportunidades se acentue e se eternize.
Torna-se, assim, urgente ir mais longe. Assim como se tem como meta atingir a frequência do ensino pré-escolar a 100%, também se deve ter como meta atingir a frequência da creche a 100%. Só assim daremos a todas as crianças, sem exceção, o direito futuro a uma cidadania responsável e respeitadora dos direitos e liberdades dos outros.
A desigualdade no acesso ao sistema de ensino acontece logo nos primeiros meses de vida, sendo necessário equacionar o desenvolvimento de projetos que impeçam que tal possa acontecer. Uma sociedade de homens e mulheres livres e iguais tem que pôr em prática os mecanismos necessários, para que essa igualdade e essa liberdade sejam efetivamente reais.
É, portanto, necessário tornar real e efetivo o direito das crianças dos 0 aos 3 anos à frequência da creche, enquanto instituição educativa.
Na creche, a criança aprende a respeitar o silêncio das outras crianças, intervém, entusiasmada, em jogos e brincadeiras, dá os primeiros passos e aprende a andar, partilha brinquedos e sorrisos, respeitando os sorrisos e os brinquedos das outras crianças, canta e dança, naquele jeito ternurento que só as crianças têm, interage com os adultos que estão integrados no seu quotidiano, habitua-se a ser tolerante e a respeitar os direitos dos outros, cultiva o direito à diferença com manifestações de carinho e afeto e desenvolve hábitos de convivência social…
É de tudo isto que não podemos privar as crianças, adultos do futuro que, desta forma, transportarão para a sociedade aqueles valores essenciais da liberdade, da solidariedade e da tolerância.
Quem decide, tem que saber isto!