Legislativas | Vendem-se rifas!

 

 

Havia e existia alguma expectativa, esperança, nos resultados finais das eleições legislativas, realizadas no dia 6 de Outubro. Expectativa em diminuir a elevada taxa de abstenção que assombra as nossas eleições desde os anos 80. A verdade é que continua a prevalecer numa sociedade descontente, desacreditada pela política de governos anteriores e atuais da nossa nação, um ato de cobardia, fingindo que abster soluciona o problema. Tal como cerca de 210 mil eleitores que se dirigiram às urnas colocando o voto em branco ou nulo, com finalidade inútil.

Outra das expectativas, figurava-se no medo da esquerda socialista (PS) em obter a maioria absoluta e a esquerda conseguir 2/3 dos lugares do parlamento. Não aconteceu, graças aos eleitores que tomaram consciência do que seria um desastre para o país. Concluímos que o povo gosta da geringonça, ao invés do que parece. Sem crescimento económico, sem soluções para o SNS, sem soluções para os baixos salários e pensões. Teremos mais quatro anos de instabilidade.

Tínhamos grande esperança numa mudança do espectro político parlamentar, uma viragem à direita, mais propriamente ao centro-direita. Não foi permitido, tudo por um simples facto que ocorreu há meses atrás. Garantidamente efetuado pelos 9A4M2D dos professores. A culpa não é dos professores, mas sim de três figuras distintas,o PS (governo), o PSD e o CDS. O primeiro demitia-se caso fosse aprovado o total descongelamento da progressão de carreiras, os outros dois por terem cometido um colossal erro de apoiar o BE e PCP ao pagamento total.

A partir desse momento, a direita e centro-direita iniciaram a perda de eleitorado, bastante reflectida nos resultados: o PSD perdeu mandatos tal como o CDS (maior perda). A greve dos motoristas de matérias perigosas beneficiou bastante o governo, uma crise ilusória com resolução extra-rápida.

O PCP tem como seu líder Jerónimo de Sousa, deputado desde 1976, uma figura que preside ao partido há 15 anos e perdeu eleitorado para o PS devido à Geringonça e algum para o PAN.

O BE manteve a mesma posição, a viragem mais ao centro-esquerda, de forma a garantir a continuidade do atual grupo parlamentar e com possiblidade de colocar alguém num ministério.

Os holofotes de mudança estavam virados para os recentes e novos partidos, o PAN, o Aliança, o IL, o Chega e o Livre. O PAN, partido já com assento parlamentar ganho em 2015 graças aos animais, atintiu um grupo parlamentar de 4 deputados, proporcionados pelo eleitorado mais jovem, sem maturidade, sem ideologia totalmente definida e sem valores da cultura portuguesa. Serão eles capazes de promover os direitos da vida humana? Vamos esperar para ver.

O IL, partido mais liberal firmado há cerca de dois anos, que através dos seus destaques e bem conseguidos painéis publicitários, grande parte deles posicionados na grande metrópole de Lisboa, conseguiu o feito de eleger um candidato. Veremos se terão ou não liberdade suficiente.

Se existe extrema-esquerda no parlamento, também deverá existir extrema-direita. Entra aqui o Chega, através do seu controverso e nacionalista presidente que garantiu um lugar na AR. A sua participação televivisa como comentador desportivo do clube futebolístico português e da capital deu frutos; só falta saber se serão “perpetuados”.

O Livre, partido ecologista de esquerda com sensivelmente cinco anos de vida e que nas últimas legislativas esteve perto de garantir um lugar. Conseguiu-o fazer desta vez, elegendo o cabeça de lista por Lisboa. Ganhou destaque (não por boas razões) após um último debate televisivo, com todos os partidos sem assento parlamentar, o que garantiu o número de votos suficientes para a sua eleição. Poderá aproveitar a oportunidade de ocupar a posição que o PEV perdeu ao fim de 24 anos.

O Aliança, partido genuíno de centro-direita, que participou nas segundas eleições da sua história no território continental, aguardava com esperança bater o resultado das eleições Europeias de 62 mil votos. Não aconteceu, na minha opinião, talvez por 3 factores. O primeiro, pelo constante pedido de líderes, dirigentes e demais figuras dos partidos tradicionais, instalados há mais de 40 anos, apelando ao voto útil (partidos habituais). O segundo, por ainda existir demasiada população fazendo ligação de Pedro Santana Lopes ao PSD, quando ele já saiu do PSD quase há 2 anos. Terceiro, a falta de cobertura pela comunicação social, nomeadamente a televisão, a partidos novos e recentes. A grande maioria do eleitorado ainda não dá o devido uso das novas tecnologias da informação (redes sociais), para se informarem dos programas eleitorais e candidatos.

Para terminar, o PS não foi o vencedor das eleições legislativas de 2015, mas conseguiu formar governo, apoiando-se nos seus parceiros mais à esquerda. Desta vez, conseguiu o feito vitorioso, em maioria. Terá que arranjar parceiro ou conjunto de parceiros.

Concluindo: Saiu o mesmo na rifa.

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