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Comunidade | Somos o que fazemos

 

 

Numa época em que se fala tanto daquilo que comemos, quer por preconização de uma vida mais saudável, quer por alusão a políticas ambientais e de proteção dos animais (não vou mesmo entrar por aqui!), a célebre frase “somos o que comemos” nunca me pareceu tão acessória.

Numa outra ordem de ideias, também costumámos ler que “somos as viagens que fazemos” ou que “somos os livros que lemos”, entre outras frases, mais ou menos feitas, que também comemos nas redes sociais. Do tempo da avó, em algum momento, todos ouvimos também “diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”.

Pois é, “Ser ou não ser, eis a questão”! Ora, “Penso, logo existo”!

Que me desculpem, mas nós somos as atitudes que temos, as opções que tomamos. Somos as causas que seriamente defendemos. Nós somos o que fazemos! É isso que verdadeiramente nos define! É isso que nos faz olhar a vida de frente e definir prioridades.

Há cerca de quatro meses, com a detenção do Presidente de Câmara Municipal de Barcelos, iniciou-se aquela que viria a ser a história mais triste da democracia barcelense. Inusitadamente, temos um presidente preso que entende poder “manter-se em funções”, colocando os interesses da sua (legítima) defesa claramente à frente dos interesses de todos aqueles que representa, ou seja, todos nós Barcelenses. Não renuncia, não suspende, não abdica, numa atitude incompreensivelmente prepotente e egoísta.

O Presidente da Câmara, ao invés de atribuir mais competências aos seus vereadores, privilegia a delegação dos poderes em pessoal, por si nomeado, a exercer funções no gabinete da presidência, perante uma aparente e constrangedora passividade e silêncio cúmplice do executivo. Este apresenta-se apático, sem coesão, sem autonomia e praticamente sem informações sobre as propostas que o presidente, da sua residência, envia para serem discutidas nas reuniões de câmara que, como não podia deixar de ser, se realizam nos Paços do Concelho. Os vereadores do executivo mostram desconforto com algumas propostas, não prestam esclarecimentos (ou não sabem ou não querem) e remetem as responsabilidades da elaboração das propostas para um presidente que, não estando presente, justifica a sua ausência às reuniões com a prisão domiciliária, com pulseira eletrónica, a que está sujeito. Posto isto, propostas com graves irregularidades e até de legalidade discutível podem ser apreciadas por quem não as propõem, por quem não as conhece, mas que, no futuro, responderá por elas ao serem aprovadas. Invariavelmente, as propostas polémicas acabam por ser aprovadas com o executivo socialista a usar do voto de qualidade da vice-presidente.

Vergonhosamente, os autarcas e as grandes instituições do concelho têm que reunir com o presidente na sua residência. Por sua vez, o Presidente está impedido de falar com os funcionários do município, inclusive os dos serviços financeiros. Este tipo de gestão é inacreditável! Honestamente, acho que este “beija-mão” a que as instituições ficam sujeitas, para proteção das causas que encabeçam, já não é só indigno, não é só imoral e não é só eticamente reprovável. É um pesadelo! Só que, infelizmente, está mesmo a acontecer e, como se não bastasse, está a acontecer na nossa terra!

Com base neste cenário grotesco, a oposição reclama a revogação da delegação de competências no Presidente de Câmara, por entender que a circunstância em que o Presidente se encontra já não lhe permite servir minimamente o concelho, ou pelo menos não da forma como se comprometeu perante o eleitorado. Não tem a menor confiança na sua equipa eleita, não tem qualquer respeito pelos funcionários do município e, acima de tudo, falta-lhe o sentido de responsabilidade por Barcelos, pelos que em Barcelos vivem, pelos que em Barcelos trabalham, pelos que Barcelos visitam e pelos que de Barcelos gostam.

O Concelho está inerte. Não há obra. Não há aproveitamento de financiamentos, nomeadamente fundos comunitários, todas as obras pré-anunciadas como financiadas pelo quadro 2020 estão paradas. Perpetuam-se os dossiers problemáticos de Barcelos. Continuam a publicitar-se museus, ciclovias e obras estruturantes, que têm dificuldade em sair do papel. Deve ser isto que denominam de “marketing político”, apesar de para mim isto ter outro nome.

À semelhança de muitos barcelenses, sinto uma frustração enorme! Barcelos precisa que o país olhe e veja o que está a acontecer! Somos mais de 120 mil! Será Barcelos um assunto incómodo em plena campanha para as legislativas?

Talvez vivamos com tranquilidade a comer um bife, sushi ou soja. As viagens que fizermos e os livros que lermos talvez nos enriqueçam a mente. Talvez todos tenhamos amigos ou familiares que têm condutas com as quais não nos identificamos. Mas aquilo que nos definirá sempre, aquilo que marcará os outros, aquilo que ficará gravado na nossa história será sempre aquilo que nós fizermos. Somos mais de 120 mil, mas Barcelos está irremediavelmente lesado e aparentemente refém das atitudes individuais, prepotentes e egocêntricas de meia-dúzia. Meia-dúzia essa que, em algum momento, se convenceu que podia ser dona disto tudo.

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