Tradição | Vila Verde recria espadeladas do linho

 

 

A chama da tradição continua bem viva em Marrancos, Vila Verde. No passado sábado, 7 de setembro, durante a tarde, inserida na programação da Rota das Colheitas, organizada pela Associação Cultural, Recreativa e Desportiva de Marrancos, a freguesia celebrou a tradição com a recriação de uma genuína espadelada do linho. Os trajes, métodos e alfaias de antigamente reforçam o simbolismo e rigor histórico de uma iniciativa de entrada gratuita e aberta a toda a população e onde não faltou também a animação da música popular e uma merenda no final. O evento decorreu no exterior do Museu do Linho, que celebra o 6º aniversário, e incluiu visitas guiadas gratuitas ao museu a todos aqueles que desejaram viver de forma mais profunda a iniciativa.

 

 

A espadelada do linho é uma tradição muito antiga e acarinhada pela população de Marrancos. E se a tradição continua viva, muito se deve a Abílio Ferreira. Apaixonado pelo mundo rural em geral e pela cultura do linho em particular, deu início às recriações ainda durante os anos oitenta do século XX para evitar que o conhecimento ancestral desaparecesse. Mais de trinta anos depois, a população de Marrancos conhece bem o ciclo do linho e transmite-o aos mais novos para preservar estes saberes.

Abílio Ferreira, guardião das tradições locais, dirige as visitas guiadas ao Museu do Linho. Para partilhar com o público as etapas, processos e curiosidades do ciclo do linho, desde a sementeira até aos belos panos brancos característicos dos lares tradicionais do Minho. Na opinião de Abílio Ferreira, “antigamente a espadelada do linho era muito animada, cheia de alegria e festa”. E foi muito por causa dessas “lindas recordações” que decidiu recuperar esta prática e preservar estes saberes tradicionais. Uma iniciativa que permite às pessoas “recordarem-se de outros tempos, que eram mais difíceis, mas em que não faltavam sorrisos”.

Uma viagem no tempo

Dispostas em fila, vestidas com os trajes de antigamente, mais de duas dezenas de mulheres e raparigas manuseiam as alfaias tradicionais e exemplificam ao pormenor o processo artesanal de extração das fibras da planta do linho. Blusa, saia e avental de cinta. Lenço na cabeça e socas nos pés. “Do ripeiro ao tear, passando pelo sedeiro, espadela e fuso, entre outras, manuseavam vigorosamente as alfaias agrícolas numa recriação fiel da prática ancestral”, refere Carlos Gomes no seu Blogue do Minho. Tudo sob o olhar atento do público, que não precisa de se limitar a assistir. Também pode meter ‘mãos à obra’, participar ativamente na recriação e até experimentar os trajes tradicionais.

O processo artesanal de extração e transformação das fibras da planta do linho culmina num tecido que tinha diversas utilidades dos lares tradicionais do Minho rural (vestuário, toalhas de mesa, roupa de cama…). Era também utilizado nos célebres Lenços de Namorados.

Mas a recriação da prática agrícola ancestral não foi o único atrativo desta tarde de sábado em Marrancos, uma vez que as diabruras dos ‘Mascarados Sem Juízo’ levam ainda mais alegria ao evento e, após a espadelada, as gentes puderam ouvir os tradicionais ‘Cantares do linho’ e os ‘Cantares de Ontem’, bem como tiveram direito a recuperar forças e saborear uma merenda de produtos regionais em ambiente de convívio. Ao final da tarde, a música popular prosseguiu com a atuação do Rancho Folclórico de Marrancos e o encontro de concertinas, danças e cantares da região.

Fontes Município de Vila Verde e Blogue do Minho; Imagens: Município de Vila Verde

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