Legislativas | José Maria Cardoso: Pretendemos representar todo o país, mas há um compromisso com quem nos elege

 

 

Pedro Maia Martins: Como se apresenta aos nossos leitores?

José Maria Cardoso: Eu sou professor de geografia há longos anos. Do ponto de vista político, sou cofundador do Bloco de Esquerda (BE) no distrito de Braga. Levo comigo esse legado partidário, do qual me orgulho muito e que partilho com muitas outras pessoas. Fiz parte de várias organizações dentro do Bloco, entre elas a direção concelhia de Barcelos e a distrital de Braga. Atualmente integro a Mesa Nacional do BE.

Embora sempre tenha apoiado as três forças políticas (UDP, PSR e Política XXI) que deram origem ao BE, nunca militei em nenhuma delas. Sou um “bloquista de Bloco” (risos).

PMM: Como entrou na política?

JMC: Eu participei em várias lutas ao longo da minha vida. Se recuarmos no tempo, a vivacidade da política de há algumas décadas era tão forte que nos incorporávamos em diferentes movimentos. Participei em diversos movimentos estudantis durante a minha juventude e integrei a Associação de Estudantes durante a minha passagem pelo Ensino Superior. Nas últimas décadas participei em movimentos ambientalistas. Em tempos cheguei a fazer parte da Quercus. Desde jovem que senti uma atracão pela política. Isso é necessário para se ter algum relacionamento com as causas que nós defendemos. Eu nunca gostei de ser um espectador na sua bancada. Escolhi sempre participar de forma ativa.

PMM: Relativamente ao distrito de Braga, quais são as áreas de atuação mais importantes?

JMC: Nós temos um programa nacional. Nós estamos a lutar par eleger deputados da nação.  Mesmo eleitos por Braga, não somos deputados da “Linha de Braga” (risos). Pretendemos representar todo o país. Mas há um compromisso assumido com quem nos elege. Nós assumimo-lo por inteiro, mas inserido no âmbito geral das políticas defendidas pelo BE. É o caso da luta contra as alterações climáticas, desta necessidade de criar um novo paradigma. Isso é percetível no distrito de Braga: nós temos espaços onde deve ser preservado esse lado ambiental ou natural, como o Parque da Peneda-Gerês, o Litoral Norte na zona de Esposende ou o conjunto de rios e ribeiros que atravessam o distrito.

A lógica tem de estar inserida numa perspetiva de desenvolvimento do distrito: é necessário defender a qualidade do emprego e a dignificação do trabalho. Se falarmos do desemprego ou da precaridade laboral, nós estamos num distrito ou se vêm muito facilmente essas dificuldades: assistimos a crises constantes na indústria têxtil dos vales do Cávado e Ave.
Se falarmos de serviços públicos, as políticas que defendemos estão perfeitamente inseridas nas necessidades do nosso distrito. Do ponto de vista da saúde, por exemplo, a construção de um hospital em Barcelos é um prioridade desde há muitos anos. Nós saudamos vivamente o facto de o Hospital de Braga ter passado para a esfera da gestão pública. Há diversos concelhos que necessitam de uma unidade de saúde familiar que dê cobertura às necessidades da população, assim como de serviços de atendimento permanente.

Todas estas causas têm um cariz nacional da mesma forma que se inserem nas necessidade do nosso distrito e dos concelhos que o compõem.

PMM: Quais são as mais-valias que poderá trazer se for eleito?

JMC: Cada um de nós tem o seu passado, do qual é preciso tirar dividendos positivos. Nós somos produto daquilo que vamos fazendo, dos livros que vamos lendo, dos filmes que vamos interpretando. Tudo isso constitui o património de cada um. As lutas nas quais participei são importantes para cimentar a minha conceção e consciencialização perante determinadas situações.

Enquanto professor, profissão que me orgulho de exercer, trago o contacto pessoal e a criação de afetos e ligações às pessoas. Sou-lhe sincero: acho essas componentes muito mais importantes do que à matéria técnico-científica. Os vários anos nos quais trabalhei como professor deram-me um conhecimento de causa no tocante a lidar com jovens de várias idades, de gerações diferentes, com perspetivas diferentes. Eu ganhei um conhecimento muito forte sobre pessoas que faço reverter para a minha análise da situação política, das questões sociais, daquilo que é ou pertinente defender-se a qualquer momento. É esta intersecção de dados e de informações que se vão cruzando que cria a nossa personalidade.

PMM: Que poderemos esperar dos seus camaradas (i.e. dos outros candidatos integrantes da sua lista para o distrito)?

JMC: Uma lista muito interessante, mas minha opinião é suspeita (risos). Foi constituída de forma extremamente democrática. Nós viemos de um processo que durou longos meses nos quais discutimos e analisamos bastante quem seria a pessoa mais indicada. Eu orgulho-me de os meus camaradas me terem escolhido de forma democrática e plural. Esta lado democrático também se refletiu na própria constituição da lista: em primeiro lugar, tivemos atenção à origem territorial. Quisemos fazer uma cobertura de todo o distrito. Dos catorze concelhos que compõem o distrito, apenas Terras de Bouro não se encontra representado na nossa lista. Por outro lado, apostamos na heterogeneidade: temos várias pessoas de várias áreas, desde o mundo do conhecimento técnico-científico até ao mundo do trabalho. Temos uma paridade de 50%: 12 homens e 12 mulheres. A nossa média de idades é bastante jovem, em volta dos 40 anos.

Conseguimos criar condições para ter uma lista de gente com estas características que correspondesse aos critérios gerais daquilo que traçamos inicialmente enquanto organização política. Eu fico muito satisfeito por encabeçar uma lista tão variada e tão válida, com confiança, com capacidade de trabalho e de intervenção e com provas dadas em muitas das suas terras. Não andamos à cata de ninguém para ter este ou aquele nome. São pessoas perfeitamente comuns, cujo dia-a-dia engloba as causas que o BE defende, como o bem-estar animal, os direitos LGBT ou a melhoria das condições de trabalho. Um dos mandatários dos quais nos orgulhamos mais é Carlos Mesquita, presidente do Cineclube de Guimarães. Ele representa uma área muito importante para nós: a cultura. O Carlos está ligado à atividade cultural desde sempre e pertenceu a diversas organizações ligadas às artes e ao cinema. Trata-se de alguém que tem uma identidade não só com a terra mas que também se insere numa lógica de entendimento muito vasto daquilo que é a cultura, uma das áreas que nos interessa representar de forma mais profunda.

Imagens: BE – Braga

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