O auditório da Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, recebe no próximo dia 23 de fevereiro, sábado, a apresentação do livro “O Cais das Incertezas“, da autoria do famalicense José Alberto Salgado e editado pela “Guerra & Paz”. A sessão irá decorrer a partir das 17h00, com entrada livre.
José Alberto Salgado nasceu em Joane, Vila Nova de Famalicão, em 1947. Na sua vida profissional, exerceu cargos de responsabilidade na indústria petrolífera, em plataformas offshore e em centrais nucleares um pouco por toda a Europa. O gosto pelo desenho começou muito cedo. Os seus tempos livres eram ocupados em trabalhos de desenho e pintura a óleo, tendo feito algumas exposições. Passou o exame nacional de Geometria Descritiva, ingressou na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto (FBAUL), mas não chegou a concluir o curso de Belas-Artes. Mais tarde, filho de pai jornalista, o gosto pela escrita chegou naturalmente. Em 2015, publicou o seu primeiro romance – “Uma História Quase Verdadeira”.
O livro, o segundo romance do escritor famalicense, tem como contexto a II Guerra Mundial e relata a história de duas mulheres judias que tentam, em Portugal, escapar à perseguição nazi. “O Cais das Incertezas” é uma das primeiras apostas do ano de 2019 da editora Guerra e Paz e está à venda desde 3 de janeiro. A sua trama histórica e envolvente deverá apaixonar os leitores.
Distante dos bombardeios e conflitos entre Aliados e potências do Eixo, a Lisboa dos anos 30 foi, para muitos judeus, uma promessa de fuga – via oceano Atlântico – ao genocídio perpetrado pelo regime de Hitler. Terá sido este um bom plano para as protagonistas de O Cais das Incertezas?
Recuemos ao ano de 1937, em pleno reinado de terror de Hitler, tendo como cenário a improvável e distante cidade de Lisboa. Duas judias, Berta e Elisa Kullman, encontraram na cidade das sete colinas um abrigo para se refugiarem do Holocausto. O objectivo de mãe e filha seria aguardar a chegada do pai, Leo Kullmann, negociante de diamantes que ficara na Alemanha. À chegada do chefe de família, os Kullmann dariam o salto para o continente americano.
Acontece que as protagonistas, e os restantes milhares de refugiados, encontraram em Lisboa um ambiente muito mais hostil do que esperariam. Uma cidade repleta de espiões e estilhaços da guerra civil espanhola, que acabara de começar. Entre o frenesim vivido nas ruas da capital, a ausência prolongada de notícias de Leo faz a mulher e a filha temerem o pior.
A tensão aumenta ainda mais quando a Gestapo, polícia secreta do Estado alemão, e a PVDE, antecessora da PIDE, começam a procurar os diamantes da família. O cerco a Berta e Elisa aperta-se e os perigos estão por toda a parte.
Entre descrições da hostilidade vivida em Portugal e as atrocidades cometidas no campo de concentração de Buchenwald, o autor dá-nos conta de uma paixão proibida que irá lançar uma questão fraturante na trama: será o amor capaz de vencer o ódio?
Na página da editora Guerra e Paz, o autor famalicense, em curta entrevista, deixou algumas palavras sobre a obra e os motivos que o levaram a escrevê-la.
Em que se baseou para escrever este romance?
Por ter passado dois anos da minha juventude na cidade de Lisboa no início da década de 60 do século passado, a partir de certa altura comecei a sentir uma espécie de nostalgia dos tempos difíceis ali vividos ( e que era ser perseguido continuamente, principalmente de noite, por pedófilos e homossexuais, foi uma das enormes contrariedades!) e uma necessidade de os partilhar com alguém, principalmente com aquelas pessoas que me conheciam e me incentivavam a fazê-lo. Grande parte da história contada no meu primeiro trabalho é passada na difícil Lisboa daqueles tempos.
Desta vez quis que a história contada no «O Cais das Incertezas» tivesse por cenário a Lisboa que não conheci, mas que sempre me fascinou: a Lisboa dos espiões, dos refugiados judeus, da Abwer (Gestapo) de Von Karsthoff, da PVDE de Agostinho Lourenço, da prostituição, dos bares de alterne do Cais do Sodré e, para fazê-lo, inventei uma história, criei as personagens necessárias e, como num tabuleiro de xadrez, atribui a cada uma delas um papel a desempenhar. O resultado teria de ser uma história interessante, romântica e que fizesse com que o leitor sentisse prazer, curiosidade e ânsia de saber sempre o que ia ler na página seguinte.
Se o leitor sentir o mesmo que eu, quando me releio e não consigo evitar uma lágrima no canto do olho, o meu objetivo foi alcançado.
Depois do seu primeiro livro, esta história volta a ser quase verdadeira?
Esta não é uma história quase verdadeira, mas certamente que naquele tempo e naquelas circunstâncias, alguns refugiados sentiram na pele aquele medo e aquele desespero, que sentiram Berta e a mãe no «O Cais das Incertezas».
Depois de Lisboa, Paris tem um lugar privilegiado no meu coração. É uma cidade onde decidi situar as personagens do trabalho que comecei a escrever. A inspiração parece mais fácil quando se tem por base um cenário romântico como a cidade luz. Paris tem todos os ingredientes para nos facilitar a tarefa. A Belle Époque, a boémia, os cabarets, o Impressionismo, O Moulin Rouge, Saint-Germain- des-Prés, Pigalle, a noite e os indigentes (clochards), etc.
Os regimes ditatoriais do século XX são um tema que lhe interessa particularmente?
Os regimes ditatoriais sempre me interessaram e não apenas os do século XX. Todos eles foram, e ainda são, para mim, vistos com particular interesse e, nem consigo expressar a satisfação que sinto quando deixam de ser. Felizmente que muitos já terminaram, mas ainda restam alguns que vão perdurar por muito tempo. Estou a pensar no regime chinês e em alguns estados islâmicos, sobretudo.
Sinopse:
Lisboa, 1937. A cidade é a porta de saída para muitos judeus perseguidos pelas garras de Hitler. Pelos hotéis, praças e esplanadas lisboetas, uma multidão acossada espera a passagem para a América e a liberdade. Berta e Elisa Kullmann são duas refugiadas entre milhares. Aguardam a chegada de Leo, pai e marido, negociante de diamantes, que ficou na Alemanha. Mas os dias, as semanas, os meses passam. De Leo nem sinal. Onde estará? O ambiente é hostil: Lisboa está infestada de espiões; em Espanha, a guerra civil rebenta; a Gestapo e a PVDE, antecessora da PIDE, procuram os diamantes dos Kullmann. Figuras sinistras preparam-se para atacar. Berta e Elisa, cercadas, não podem confiar em ninguém. Mas entre o Chiado e o campo de concentração de Buchenwald, passando pelos bares de alterne do Cais do Sodré, o inesperado acontece. Uma refugiada judia e um agente da PVDE descobrem o amor – vencerá ele o ódio?
Ficha técnica:
O Cais das Incertezas
José Alberto Salgado
Ficção / Romance
264 páginas · 15×23 · 17,00€
Guerra e Paz, Editores
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