Drogas | Braga para Todos quer Salas de Consumo Assistido e mais policiamento na cidade

 

 

 

O movimento político Braga para Todos está preocupado com o aparecimento de seringas com sangue em mais um ponto da cidade, desta feita junto à capela de Guadalupe, em S.Victor,  no centro de Braga. O movimento, que há tempos denunciou idêntico caso no Picoto, quer em agenda política a discussão da criação de uma sala de consumo assistido em Braga entendendo, por isso, que o presidente da autarquia bracarense Ricardo Rio se deve manifestar sobre o assunto. Aproveita ainda a ocasião para exigir mais policiamento na cidade, uma vez que a considera cada vez mais perigosa, em particular durante a noite.

 

 

Ciente da existência do grave problema de consumo de droga, cada vez mais evidente em certas zonas da cidade, o Braga para Todos considera que Ricardo Rio e o Município devem procurar soluções e comunicar aos bracarenses o seu plano de ação. O movimento recorda que o Presidente da Junta de Freguesia de São Victor, Ricardo Silva,  expressou já publicamente, em diversas ocasiões,  a sua preocupação relativamente a este problema pelo facto de estarem em causa não apenas a saúde pública, como também a segurança das zonas residenciais situadas nas proximidades dos locais de consumo, pelo que manifesta a sua solidariedade para com este autarca. Mas o movimento político independente deseja mais ação da parte do Município. Considerando que, entre outras medidas que têm vindo a ser implementadas no combate a este problema, as “salas de chuto” têm apresentado resultados positivos, Cláudia Machado, do Braga para Todos, defende que “a disponibilização de uma Sala de Consumo Assistido, à imagem do que já existe em muitas cidades da Europa, ajudaria a tirar pessoas da rua e impedir o consumo de estupefacientes em locais sem o mínimo de condições de higiene e de saúde pública. Para além disso, a toma diária seria vigiada por profissionais da área da saúde para evitar casos de morte por overdose“. O movimento defende também que nessas salas seja feita a troca de kits de chuto usados por novos (os kits incluem agulha esterilizada, água destilada, filtro, copo e garrote).

O Braga para Todos está preocupado com a falta de segurança na cidade e o  risco de contaminação por doenças infeciosas, uma vez que as seringas abandonadas pelo chão podem ser eventual foco de contaminação de outras pessoas. Continua Cláudia Machado: “As salas de consumo assistido podem apresentar vários benefícios. Desde logo, pela existência de uma  equipa de saúde, sendo possível fazer um rastreio da comunidade de toxicodependentes, o que tornará possível acompanhá-los e até mesmo encaminhá-los para tratamento através da naloxona. O nosso país continua a ser um dos que regista menor número de mortes por overdose, mas o Relatório Europeu sobre Drogas de 2018 demonstra que estes óbitos têm vindo a aumentar. As recomendações do Observatório Europeu de Drogas e da Toxicodependência são muito claras e diretas, isto é, os países devem apostar em salas deste tipo e na distribuição de naloxona nestes espaços ou mesmo a nível domiciliário. Os relatórios têm demonstrado bons resultados em relação a esta política de prevenção em Salas de Consumo assistido, tanto assim que já são cinquenta e seis em diversas cidades repartidas por seis países europeus. Portugal tem em Lisboa um exemplo de boas práticas, mas isto por si só não chega, torna-se necessário que cada Município se comprometa com esta causa. Por conseguinte, está na hora de Braga mostrar que quer realmente resolver os verdadeiros problemas dos seus munícipes”. Para tal, o movimento Braga para Todos considera que o edil camarário deveria com urgência encontrar soluções com a colaboração do Governo e de outras instituições locais, nacionais e até mesmo europeias. “No nosso entender, a primeira medida passaria pela criação de uma Sala de Chuto em alguns dos locais de maior consumo da cidade, bem como por investir em equipas técnicas multifacetadas com formação específica nas áreas da toxicodependência”.

A criação de Salas de Consumo Assistido está prevista na legislação desde 2001 e a lei prevê que sejam as autarquias a tomar a iniciativa e para Cláudia Machado “torna-se necessário entender a Salas de Chuto como uma estratégia de redução de danos, tais como: redução de mortes por overdose, redução de infeções de VIH e redução de novos casos de consumidores, ou seja se  a nível europeu estas medidas estão a ter bons resultados e está legislado devemos pedir a Ricardo Rio para por em  prática a lei  visando ajudar uma parte da sua população e assim contribuir assertivamente para a resolução parcial de um dos maiores flagelos da nossa sociedade.”

Recorde-se que, em Portugal, a Estratégia Nacional de Luta Contra a Droga e a Toxicodependência que tem vindo a ser implementada pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) desde 2001, e que contempla entre outras medidas a implementação das Salas de Consumo Assistido ora defendidas pelo Braga para Todos para a cidade, tem vindo a ser considerada um sucesso a nível mundial. Assim, este movimento pede a Ricardo Rio que responda às reais necessidades dos bracarenses.

 

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